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A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA SEXUALIDADE PARA MULHERES PROFISSIONAIS DO SEXO

Artigo: A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA SEXUALIDADE PARA MULHERES PROFISSIONAIS DO SEXO. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  19/2/2015  •  3.394 Palavras (14 Páginas)  •  400 Visualizações

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A escolha do tema prostituição deveu-se a um interesse do grupo em discutir essa temática no âmbito da Psicologia, tendo em vista que existem poucos trabalhos na área, em especial com o delineamento que foi dado, enfocando a relação entre prostituição e sexualidade. Tendo em vista a complexidade desses dois temas, em seguida será feita uma rápida explanação a cerca deles e posteriormente a apresentação da pesquisa realizada.

O tema sexualidade é amplamente discutido, principalmente nas escolas e instituições de saúde. Nesse sentido, é importante fazer uma definição: o que é sexualidade? A sexualidade é inerente ao indivíduo. Não é algo que surge apenas na adolescência ou sofre um declínio na velhice, mas consiste em um processo continuo que perpassa toda a vida das pessoas. Ela envolve os processos referentes às mudanças físicas, comportamentais e psíquicas do sujeito, como por exemplo, a puberdade e suas implicações, a relação com o corpo, a orientação sexual, o cuidado com o corpo, as práticas sexuais, enfim, não se restringe apenas ao ato sexual como comumente é relacionada.

A prostituição é uma prática milenar, e que sempre teve o seu exercício controlado pelas instituições sociais. A concepção da prostituição vem sendo transformada com o passar do tempo. A igreja relacionava a prática à satanização, o Estado impunha a sua proibição, e hoje em dia, existe um Projeto de Lei (98/2003) que reivindica o reconhecimento dessa atividade como profissão e tem como objetivo assegurar as condições de remuneração dos serviços prestados, buscando garantir os direitos das profissionais do sexo. É importante ressaltar uma grande conquista da classe, que hoje já está inclusa no Código Brasileiro de Ocupações. (Guimarães & Hamann, 2005). Segundo estes autores:

“Nos dias de hoje, apesar de a prostituição ainda ser comumente pensada em sua associação com a marginalidade, há a explicitação de um discurso que emerge da politização de quem exerce a prostituição, reivindicando o direito de exercer a profissão em condições dignas, com a garantia de direitos e o cumprimento de deveres”. (p.528)

De acordo com estudos feitos por Guimarães & Hamann (2005), a prostituição é considerada imoral, e transgride as regras e normas estipuladas socialmente. As profissionais do sexo são alvo de vários estigmas, dentre eles, a idéia de que essas mulheres são as responsáveis pela disseminação da AIDS e de outras DST’s; é considerada também uma ameaça às famílias, sendo responsabilizadas pela degradação física e moral dos homens e destruição dos lares. Além disso, elas vão de encontro a idéia da mulher-mãe, a dona do lar e é vista como alguém “[...] desprovida de laços afetivos e não merecedora da vivência conjugal, familiar e, sobretudo, da maternidade”. (p. 531). Os estigmas estão relacionados também as representações hierárquicas de gênero e “[...] a idéia de que as mulheres e sua sexualidade precisam de dominação e controle masculinos [...]” (p. 532).

A partir dessas concepções é que se propõe um breve estudo sobre o que essas pessoas, as profissionais do sexo, pensam sobre a sexualidade e qual a visão delas sobre seu próprio corpo como instrumento de trabalho, através do qual se comercializa o sexo, e ainda, qual a relação aí implicada com sua própria sexualidade.

PROFISSIONAIS DO SEXO E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE SEXUALIDADE: CAMINHOS TEÓRICOS

A teoria das representações sociais fundada em 1961 pelo psicólogo social romeno, naturalizado francês, Serge Moscovici, tendo seu marco historico no trabalho intitulado La psychanalyse, son image et son public (1961, 1976), que tinha como alvo principal conhecer de forma mais aprofundada como os conceitos da teoria psicanalítica estavam sendo utilizados pela população francesa nos anos 1950. A partir daí Moscovici depreende que os conceitos originados na psicanálise Freudiana passaram a ser disseminadas com maior naturalidade, ou seja, como ideias de senso comum. Esta que é trazida pelos teóricos como a principal característica da formação das Representações sociais que consiste nesse processo de naturalizar o não natural.

E interessante notar que Moscovici parte da necessidade de reformular as ideias de Durkheim sobre as representações coletivas, que eram definidas como estáticas e irredutíveis por ele. Para Moscovici a mobilidade constante dos grupos modernos anunciava uma necessidade de um novo olhar a cerca das representações formadas pelos indivíduos e pelos grupos em relação aos fenômenos que se apresentam.

Para Sá (1995, p. 23 apud ARAUJO, 2008, p. 102), a representação social, defendida por Moscovici, e a representação coletiva colocada por Durkheim se diferem da seguinte forma:

[...] as representações coletivas eram vistas, na sociologia durkeimiana, como dados, como entidades explicativas absolutas, irredutíveis por qualquer análise posterior, e não como fenômenos que devessem ser por eles próprios explicados. À psicologia social, pelo contrário, segundo Moscovici, caberia penetrar nas representações para descobrir a sua estrutura e os seus mecanismos internos.

Marcadamente as representações as ideias formadas a cerca da realidade que nos circundam dão o tom das ações desenvolvidas por diferentes pessoas inseridas em seus grupos e tendem a orientar as praticas por elas exercidas conferindo a esta rede de membros interligados por crenças, por valores ou por concepções de mundo, uma identidade que lhes são próprias e os diferem quantos aos demais grupos.

As representações, exercerem uma função de preservação e proteção desta identidade, com as quais, segundo Moscovi (1978), se defendem das intervenções externas que ameaçam a construção identitária formada pelo grupo ao longo de sua historia, através das relações estabelecidas com o meio social, ou seja, de maneira coletiva.

Para Jodelet, (1986, p. 474) as representações sociais podem adotar a seguinte definição:

Uma forma de conhecimento específico, o saber de senso comum, cujos conteúdos manifestam a operação de processos generativos e funcionais socialmente caracterizados. No sentido mais amplo, designam uma forma de pensamento social. As representações sociais são modalidades de pensamento prático, voltadas à comunicação, à compreensão e ao domínio do ambiente social, material e ideal.

Desta maneira transparece a teoria como um importante elemento das relações sociais quando se assume esta direção para a comunicação no meio social. Por isso destaca-se a necessidade de estudos com base

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