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A história da histeria sobre Freud e Lacan

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Por:   •  2/11/2014  •  Tese  •  3.778 Palavras (16 Páginas)  •  350 Visualizações

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A Historia da Histeria Sobre Freud e Lacan

Renata da Silva Costa

Resumo:

A clínica da histeria configura-se uma das bases principais da Psicanálise. Foi tratando de histéricas que Freud moldou a técnica e o método psicanalítico, propondo um tratamento através da palavra.

A iniciativa ousada de Jacques Lacan que, na década de 50, resolveu chamar a atenção de todos para o caminho que a Psicanálise estava tomando e reconhecer a necessidade de retornar ao texto freudiano.

Após a morte de Freud, não havia mais a necessidade de pedir o seu aval de para se fazer isso ou aquilo. A Psicanálise tomou um rumo, gradualmente, distanciandor da proposta inicial: a compreensão da divisão psíquica, resultado de um conflito com base na sexualidade, resultando numa instância psíquica inconsciente, a qual seria o alvo da investigação psicanalítica. Tais psicanalistas acharam mais frutífero voltar sua atenção para o ego e suas relações, dando prioridade ao estudo dos vínculos humanos, em detrimento das manifestações inconscientes.

Uma crítica comum feita está relacionada com a patologia histérica, sendo raro, hoje, se encontrar as histéricas com fortes sintomas conversivos como nos tempos de Freud. Por isso, muitos pensam ser esta patologia extinta, engrossando o coro que diz ser a Psicanálise uma teoria que não dá conta das patologias contemporâneas, dando a idéia de que Freud, como fundador da Psicanálise, é algo cuja leitura é obrigatória nas graduações, mais a t ítulo de curiosidade do que como fonte de um rico conhecimento acerca do funcionamento psíquico.

Este trabalho visa, desta forma, a percorrer o desenvolvimento das idéias freudianas sobre a histeria, passando pela contribuição teórica de Lacan, para verificar até que ponto tal patologia neurótica ainda existe, e, se existe, como se apresenta atualmente.

Introdução:

1- Sobre as descobertas freudianas

Em Um estudo autobiográfico (1925/1969), Freud relata como se deu sua escolha profissional e o conseqüente encontro com a clínica das neuroses. Como estudante de Medicina, interessava-se, principalmente, pelas questões orgânicas, investindo seu tempo nas pesquisas fisiológicas.

Freud, pensava na histeria como uma doença produzida por uma representação carregada intensamente de afeto, sendo que a força deste se transpunha para o corpo; daí a formação do sintoma somático. Assim, demonstrava e provava sua idéia produzindo sintomas através da sugestão hipnótica (FREUD, 1925/1969).

Entretanto, um importante médico vienense (Breuer) já havia causado forte impressão em Freud, eles travaram conhecimento no início da década de 1880, sendo que Breuer lhe relatara alguns de seus casos, entre eles, aquele que seria o marco inicial da Psicanálise, o caso Anna O.. Breuer dissera a Freud como lidara com o caso dessa jovem histérica, cujo impacto da doença do pai e os cuidados dispensados a ele a haviam esgotado, de maneira a precipitar fortes sintomas corporais. Utilizando a sugestão hipnótica, Breuer a tratara, aliviando-a de seu sofrimento e descobrindo o poder de cura pela palavra.

Assim, nos Estudos sobre a histeria (1895/1969), Freud e Breuer introduzem suas idéias sobre a doença, como sendo originária de uma fonte da qual os pacientes relutam em falar ou mesmo não conseguem discernir sua origem. Tal origem seria encontrada em um trauma psíquico ocorrido na infância, em que uma representação atrelada a um afeto aflitivo teria sido isolada do circuito consciente de idéias, sendo o afeto dissociado desta e descarregado no corpo. Através da hipnose, os pacientes conseguiam reencontrar a lembrança traumática, tendo assim a oportunidade de reagir a esta por suas palavras, aliviando seus sintomas.

Desta forma, os autores denominam o isolamento das idéias de recalcamento, sendo que o local onde estas estariam escondidas seria uma espécie de segunda

consciência, subordinada à consciência normal, na qual tais idéias estariam entrelaçadas numa forma associativa. O método de tratamento é chamado de catártico, pois através da rememoração das representações isoladas tais afetos são ab-reagidos (descarregados), causando alívio e a eliminação dos sintomas.

Logo no inicio da terapia, Freud trata os sintomas físicos aplicando choques elétricos na área da coxa, a qual por sinal mostra-se um tanto abrangente e indefinida, e percebe que os choques são recebidos pela paciente com um certo grau de prazer. Através da investigação, a qual se dá com a paciente acordada, pois ela também não se mostra hipnotizável. Freud passa a aplicar o mesmo método (técnica de pressão na testa seguido pelo pedido de que a paciente fale o que lhe vier a mente), e o trabalho dá um passo à frente, quando surge no relato da paciente o que Freud considera como um segredo . A partir deste primeiro conteúdo submerso no discurso da paciente, outros passam a aflorar em sua consciência. Freud passa a relatar, então, um número considerável de desvantagens encontradas no tratamento, apontando a primeira como a dificuldade em hipnotizar os pacientes. Desta forma utilizou-se do método de Bernheim, o qual declara ser mais um truque para desviar a atenção do paciente do que um método infalível e insubstituível. Percebe, também, que as lembranças relatadas pelos pacientes lhes causam imenso desconforto e sentimentos de menos valia, se deparando com a idéia do recalcamento como uma defesa. Isto é expresso pela percepção de que o não saber neurótico, na verdade, configurava um não querer saber consciente, sendo a vontade dos pacientes um primeiro obstáculo a ser enfrentado. Diante destas constatações Freud faz referência às resistências apresentadas de diversas formas pelos pacientes: desculpas, desvios de assunto ou, mesmo, menosprezo pelas lembranças que vão surgindo.

A direção do tratamento é, assim, concebida pela investigação cuidadosa dos pontos que escapam ou ficam obscuros na fala dos pacientes. O exame das imagens e

lembranças que vão surgindo faria o papel de

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