A Ópera do Malandro

Quando se fala em formação do educador, com

vistas a uma profissionalização em que haja

competência, menciona-se o duplo caráter dessa

competência – sua dimensão técnica e sua

dimensão política. Refiro-me a duas dimensões de

um único elemento – dimensões distintas, mas

profundamente articuladas: não posso me referir a

uma sem a outra. [...] entretanto, a partir da

explicação dos componentes da competência, pode

surgir uma dicotomia entre esses componentes,

que gera uma discussão entre alguns educadores.

[...] Considero que a dicotomia pode ser evitada, e

superada, se tomarmos consciência de que há uma

dimensão ética articulada é dimensão política e à

dimensão técnica”. Entre as dimensões técnica e

política, a ética; “O fato de se estabelecer uma

polêmica com relação à competência já revela uma

preocupação com o dever ser do desempenho do

educador. Se analisarmos a expressão saber fazer

bem como explicitadora do que é necessário ao

educador para que ele “ocupe o lugar que lhe

compete” na organização social, vamos verificar

que o advérbio bem indica algo que diz respeito

tanto à verdade, do ponto de vista da atitude que se

exige do educador. Ser competente é saber fazer

bem o dever. Ao dever se articulam, além do saber,

o querer e o poder. É fundamental um saber, o

domínio dos conteúdos a serem transmitidos e das

técnicas para articular esse conteúdo às

características dos alunos e do contexto, mas esse

saber perde seu significado se não está ligado a

uma vontade política, a um querer que determina a

intencionalidade do gesto educativo. Este gesto não

se exerce com seu sentido real de práxis, de

trabalho, se não contar com a liberdade, enquanto

poder de direcionamento do processo. A dimensão

ética da competência não está presente apenas na

competência do educador. Ela faz parte da

competência profissional, qualquer que seja o

espaço de atuação dos indivíduos.

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