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ABORDAGEM PISCODINÂMICA DO PACIENTE ANSIOSO

Por:   •  24/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  3.474 Palavras (14 Páginas)  •  350 Visualizações

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ABORDAGEM PISCODINÂMICA DO PACIENTE ANSIOSO

A ansiedade é um afeto normal e com importante função homeostática (regula o equilíbrio contrariando qualquer tipo de mudança). Seu papel é alertar o organismo ante as situações que podem ameaçar a sobrevivência. Ex: Bebê com fome, adulto antes de um exame, necessidade de tomar providencias.

Ansiedade é um estado psíquico de apreensão ou medo provocado pela antecipação de uma situação desagradável ou perigosa.

No entanto, a distância entre ansiedade normal e patológica é tênue, e, com frequência, o organismo a manifesta com maior intensidade que a necessária para a tarefa em questão ou defronta com situações tão traumáticas que a ansiedade não é contida pelo self, gerando um alerta exagerado, o sistema neuro-hormonal se descontrola, manifesta receios, expectativas e preocupações exacerbadas em intenso grau, agitações psicomotoras etc.

Ou seja, a ansiedade é ate certo ponto, uma reação natural do ser humano, útil para se adaptar e reagir perante situações de medo ou expectativa​, a ansiedade torna-se patológica quando atinge um valor extremo, com caráter sistemático e generalizado, em que começa a interferir com o funcionamento saudável da vida do indivíduo. Por vezes se manifesta sem a presença de qualquer fato real, a ameaça é imaginaria. A situação original teria relação com o desamparo inicial do recém-nascido, e este seria repetido diante de outras ameaças.

O conhecimento psicanalítico desenvolveu-se a partir de estudos das vicissitudes da ansiedade. Nos modelos psicanalíticos de ansiedade patológica a veem como uma revivescia de situações arcaicas, que por motivos variados são reatualizados.

As primeiras ideias psicanalíticas sobre neuroses levaram Freud (1895) a situar a neurose de angustia e a neurastenia - (Neuro = cérebro, astenia= fraqueza), é um transtorno psicológico resultado do enfraquecimento do sistema nervoso central, culminando em astenia (perda ou diminuição da força física e mental). No grupo das neuroses atuais ou reais. Nelas a ansiedade seria fruto de uma descarga somática, sem determinação psicológica decorrente da não satisfação adequada dos impulsos sexuais. As neuroses reais se opunham as psiconeuroses, estas resultantes de um conflito psíquico.

Freud, em 1926, mudou sua concepção ao considerar ansiedade não mais como uma descarga de libido, mas como um sinal de perigo. A ansiedade-sinal ativa a utilização de mecanismos e seus derivados. Porém, nem sempre essas defesas são suficientes, e a ansiedade-sinal pode tornar-se patológica. Raramente a ansiedade permanece totalmente controlada.

As classificações internacionais de doenças mentais (DSMs, CDI, etc) abandonaram a nomenclatura anterior e passaram a descrever os quadros mentais levando em conta apenas seus sintomas. O termo histeria foi extinto, esta incluso em parte em transtornos somatoformes e dissociativos.

Klein descreveu a ansiedade como identificação do conteúdo da fantasia inconsciente implicada na ansiedade e, portanto torna-se um produto conflituoso da pulsão de morte e de vida. Dizia também que o ser humano já nasce com ansiedade de aniquilamento fruto também da pulsão de morte e vida, em conflito com a libido.

Para Bion, ansiedade é um terror ou pavor sem nome, não contingencia de uma mãe incapaz de desintoxicar os terrores do bebê. Uma função alfa na mãe fará a transformação desta ansiedade inominável em elementos propícios para formação do pensamento.

O psicoterapeuta poderá encontrar quadros clínicos estruturados, e devera estar ciente de que neles convergem fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. Sua contribuição, seu vértice de observação, será o psicanalítico, com o qual descrevera e tentara compreender as formas como o paciente manifesta configurações inconscientes.

ENTREVISTAS INÍCIAIS

O paciente chega ao consultório mostrando-se preocupado e perplexo com suas crises, e buscando auxílio nesse lugar em que vê com seu ultimo recurso. Possivelmente esse paciente já tenha buscado diversos tratamentos e seja visto por todos como “histérico”. Percebe que essas crises vêm tomando conta dele e que esta totalmente a mercê delas.

Embora esses pacientes estejam muitos fragilizados e necessitando de ajuda, normalmente sente-se desconfortável diante do psicoterapeuta por não aceitarem que suas crises são de componentes emocionais.

Seu desespero é tanto que ele parece aceitar todo e qualquer tipo de coisa que lhe ofereçam. Mas tem dificuldades para acessar conteúdos de aspecto interno, e de se deixar ser acessado, por isso racionaliza e intelectualiza e busca métodos de resultado rápido ao invés de psicoterapias psicodinâmicas.

Caso: Júlia 23 anos após detalhar exaustivamente ataque de pânico continua demonstrando perplexidade sobre a possibilidade da existência de algum fator psicológico envolvido. Pelo contrário achasse uma pessoa controlada desempenha bem suas atividades e suas relações sociais são boas. Após um detalhado interrogatório em que nada de especial é visualizado pelo terapeuta, ele se percebe tentando observar e compreender os sentimentos que estão se manifestando no “aqui e agora” da entrevista. O analista já sabe que ela descrê de qualquer terapia psicológica e se sente impotente, mas também desafiado. Assinala a descrença e o desafio, e Júlia confirma, acrescentando que seu primeiro psiquiatra lhe dissera claramente que “ficasse longe da psicanálise”, já que ela não ajudaria em nada, e pior, colocaria ideias “estranhas” na sua cabeça. Em seguida surpreende o terapeuta contando que lhe havia escondido o fato de que tentar efetuar terapia cognitiva com o Doutor X, mas achara tudo muito superficial e “bobo”.

 O terapeuta se sente incomodado, não só impotente, mas também enganado; imagina a paciente falando dele, no futuro, da mesma forma que fala do Doutor X. Diz a Júlia que ela parece ter muita dificuldade em sentir-se ajudada. Ela confirma que é muito independente, nunca dá trabalho aos outros, sempre soube cuidar de si mesma. Mas vai fazer análise com o terapeuta, já que o respeita profissionalmente. Este percebe que está sendo reassegurado e que Julia deve estar assustada com o desprezo que vinha demonstrando. Nesse momento o analista se sente à vontade para dizer a Julia que não se preocupe com sua descrença, que isso é natural, e que ele vai aceitá-la como paciente e não vai manda-la embora...

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