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AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA ARQUÉTIPOS

Por:   •  14/10/2018  •  Resenha  •  1.804 Palavras (8 Páginas)  •  162 Visualizações

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AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA ARQUÉTIPOS

Silvia Helena Câmara Martinez

CONCEITO

Um dos conceitos com maior variedade de expressão, trazido por Jung, é o conceito de arquétipo. São conteúdos de ordem universal, formas de apreensão; padrões universais de energia que despontam de crenças e mitos, manifestando-se nas diversas culturas, independente de contato.

São estruturas inconscientes coletivas às quais Jung chama de “órgãos da alma”. São princípios fundamentais e padrões virtuais de desempenho e estruturação psicológicos. Para Jung, (2003), arquétipos são “a imagem inconsciente dos próprios instintos e constituem sistemas de prontidão para a ação, que coordenam ao mesmo tempo imagens e emoções.”  Posteriormente, essa noção foi ampliada, segundo Jacobi (1973), para abranger todos os tipos de padrões, acontecimentos, manifestações psíquicas na forma de possibilidades latentes, seja como fatores psíquicos, psicobiológicos ou ideativos, desde que apresentem qualidade típica e universal.

 São herdados juntamente com a estrutura do cérebro e constituem, ou representam, na verdade, o aspecto psíquico dessa estrutura.  São ditos a parte ctônica da psique.

Podem ser considerados a unidade elementar constituinte do inconsciente coletivo, composto de imagens primordiais. Assim, são universais e comuns a todos os seres humanos, tendo uma influência invisível sobre o homem. Em razão de sua origem milenar, advinda de mitos e narrativas, podem ser considerados “dramas sintetizados”, no sentido mesmo de gênero narrativo. Podem originar fantasias individuais e atualizar mitologias de diversas épocas.

Manifestam-se individualmente pelos sonhos, arte, fantasias e complexos, e coletivamente expressam-se através da cultura, como dito anteriormente, via mitos, arte, narrativas e contos de fadas.

São, resumidamente, padrões de comportamento, formas de agir semelhantes que acompanham a humanidade desde tempos imemoriais, mas que se manifestam a partir da individualidade de cada ser humano. Nesse sentido, existem tantos arquétipos quantas são as experiencias típicas da vida.

A FORMAÇÃO DOS ARQUÉTIPOS

Abordar a formação dos arquétipos mistura-se à própria conceituação do termo. Pode-se dizer que os arquétipos seriam a matéria-prima psíquica e afetiva, por intermédio da qual nossos antepassados atribuíram significado à experiência humana de interação com o mundo, experiência tal cujas raízes remetem à condição biológica da própria espécie.

Da mesma maneira, mistura-se à sua estrutura, essa organização psíquica, cujo dinamismo, simbolismo e conteúdo significante terminam por ser o próprio arquétipo. Nesse sentido, o arquétipo seria a matriz, a fonte geradora que coordena a formação dos elementos estruturantes da psique humana, ou seja, dos símbolos.

Aqui, convém incluir processos e manifestações arquetípicas.  Sabe-se que processos arquetípicos operam independentemente do ego, em razão de sua origem herdada do cérebro, e que suas manifestações, quer sejam na cultura ou no indivíduo, acontecem como motivos universais, com um grau de atração próprio e irresistível. Assim, a manifestação arquetípica é determinada pela constelação total do inconsciente coletivo. Segundo Neumann (1996) “ela não depende apenas da raça, do povo e do grupo, do período histórico e da situação vigente, mas também e definitivamente da situação do individuo em quem ela se dá.”.

Como afirmado pelo próprio Jung (1941), “em momento algum devemos sucumbir à ilusão de que um arquétipo possa ser afinal explicado.”  Tanto ele, arquétipo, quanto os símbolos independem da consciência, ou seja, o ego não participa de sua formação, ou seja, a consciência não pode fazer um símbolo e nem escolher a vivência de um arquétipo. Entretanto, como as reações do inconsciente são também reações à situações de consciência do indivíduo e funcionam como um mecanismo de compensação, significa dizer que a formação dos arquétipos e dos símbolos é em parte determinada pela estrutura tipológica e individual da pessoa, por sua idade, situação de vida e experiências.

Os arquétipos e os processos arquetípicos são, em si mesmos, sob todas as perspectivas, verdadeiramente neutros, e seus conteúdos somente adquirem valor após a confrontação com o consciente. Assim, a psique produz imagens e se manifesta através delas. De tais imagens emanam atividades como um campo de força diversificado - termo trazido por Jung da física moderna- (Jung,2000), representando um padrão ou configuração energética, por cujos efeitos se tornam perceptíveis ao observador.

O Arquétipo, na verdade, é o centro de todo complexo e funciona como uma espécie de imã que atrai as experiências significativas de nossas vidas. Para esclarecer tal ideia, Jung (2000), cita o exemplo da limalha de ferro, a qual se organiza num padrão específico, tornando visível o efeito do campo de força do ímã que atrai os pregos. O observador não consegue enxergar a força de atração, mas pode ver os pregos sendo atraídos e deslocados no espaço.

O arquétipo não provem de fatos físicos, mas descreve como a alma vivencia essa realidade física.

PRINCIPAIS ARQUÉTIPOS

Apesar da existência de tantos arquétipos quantas são as experiencias típicas de vida, Jung definiu doze tipos principais que simbolizam as motivações humanas básicas. Cada tipo tem seu próprio conjunto de valores, significados e traços de personalidade. Assim, todo sujeito possui vários arquétipos, que o ajudam a formar e construir sua personalidade. Entretanto, um arquétipo tende a dominar a personalidade em geral. 

Jung dividiu os doze arquétipos em quatro grupos, de acordo com os quatro principais impulsos humanos. Em O Herói e o Fora-da-Lei, Pearson e Mark (2003) ajudam a compreender esses arquétipos, sob tal ótica.

  1. Mestria/Risco:  Quando o sujeito quer fazer algo notável e ser lembrado para sempre. Luta pelos sonhos, mesmo que para isso seja preciso quebrar regrar e superar desafios. Arquétipos: Herói, Fora-da-Lei e Mago;
  2. Independência/Autorrealização: Quando há um desejo de ficar só, refletir, decidir e conhecer o verdadeiro Eu. Arquétipos: Inocente, Explorador e Sábio;
  3. Pertença/Grupo:  Ajuda quando a pessoa sente profunda necessidade de pertencer a um grupo. Arquétipos: Bobo da Corte, Órfão e Amante;
  4. Estabilidade/Controle: Quando se quer ter certo controle das coisas, um poder nas mãos.  Arquétipos: Criador, Prestativo e Governante.

Pearson (1993), apresenta os doze arquétipos fazendo a jornada do herói, ou seja, uma jornada em busca do verdadeiro Self, e o retorno ao ponto de partida com a finalidade de dar a contribuição para a transformação da vida. “Cada jornada é única e cada explorador traça um novo caminho.” Para Jung, o herói seria um símbolo nobre da libido. Sua jornada fala de partida, realização e regresso, ou seja, três estágios principais:

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