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Análise Crítica do Documentário “Carne e osso”

Por:   •  1/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  673 Palavras (3 Páginas)  •  1.343 Visualizações

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Análise crítica do documentário “Carne e osso”

O documentário “Carne e Osso”, dirigido por Caio Cavechini e Juliano Barros, aborda a realidade do cotidiano dos trabalhadores em frigoríficos brasileiros, pessoas que estão frente a frente com a dor, com os riscos do ofício e sobretudo com a desvalorização. Nessas empresas de frigorífico o ser humano não é o foco, o foco é a produção para a geração de lucros, os funcionários dão parte de suas vidas nesse trabalho - em máquinas que exigem um grande esforço físico e psíquico- desempenham suas funções quase como que robôs e sob pressão psicológica, se adaptando ao ritmo de esteiras, repetindo os movimentos por várias horas seguidas (estes movimentos são padronizados, por exemplo: “x” movimentos devem ser feitos em “x” minutos), a produtividade é o foco, o ambiente e condições de trabalho estão em segundo plano e são na maioria das vezes degradantes, o trabalhador é alienado e executa a sua função porque não teve outra escolha a não ser estar ali e não há de sua parte nenhum controle sobre o trabalho que executa.

O corpo do trabalhador é quem sofre com as consequências de tudo isso- stress, depressão, ansiedade, lesões, acidentes de trabalho (cortes com faca, acidentes com as máquinas) - são comuns. Os empregadores fazem vista grossa, os médicos da organização também, exploram o trabalhador ao seu ponto máximo e quando este se encontra exaurido e doente, despedem-no, ou seja, se isentam de qualquer responsabilidade; sem saúde, sem formação, esses trabalhadores dificilmente conseguem se inserir novamente no mercado de trabalho, depois da varrição o que lhes resta é buscar emprego no setor de trabalho informal.

A forma como a organização banaliza o trabalhador e o seu corpo neste sistema de produção desenfreada e desumanizada é chocante, a organização é em suas ações uma criminosa, porque se isenta de deveres trabalhistas estabelecidos constitucionalmente- os trabalhadores são submetidos a uma velocidade e intensidade de trabalho estarrecedoras, executam movimentos repetidos para cortar, separar e desossar a carne, a esteira é veloz e eles deixam bem nítido em seu discurso o quanto é difícil “vencer” a máquina, ou seja, precisam despender um esforço físico e psicológico enorme e há riscos de acidentes.

Esses trabalhadores têm que produzir, independentemente de qualquer coisa, a subjetividade de cada um deles não tem espaço nesse esquema. Os fiscais e empregadores querem resultados, querem números e lucros e não se preocupam com o que custa para estes trabalhadores em termo de saúde física e psíquica atender a essa demanda, eles trabalham num ritmo de movimento três vezes maior que o recomendado, mas a produção é mais importante e invisibiliza essa irregularidade; os ossos do ofício incluem trabalhar em baixas temperaturas e enfrentar a variação desta, ir trabalhar no dia seguinte sem nem estar ainda totalmente recuperado do cansaço gerado pela carga de trabalho do dia anterior, ficar horas de pé, em uma posição “x” ou sentado, são tolhidos quanto a conversa com os colegas de jornada, são muitas vezes impossibilitados de deixar a tarefa por alguns minutos e ir ao banheiro, altas metas são cobradas e não há o direito a questioná-las ou reclamar de qualquer imposição.

Pode-se

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