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Por:   •  10/6/2013  •  2.881 Palavras (12 Páginas)  •  442 Visualizações

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AIDS1

O que a psicanálise tem haver com isto?

AIDS

Whatpsychoanalysis has to do with this?

Resumo: As pessoas que se descobrem portadores do vírus causador da aids, são submetidos a um trauma que pode provocar uma desestruturação nos processos psíquicos e a instalação de um processo de menos valia, podendo chegar ao ponto do esvaziamento do ego, num processo de melancolia. A rejeição social, o tabu e a estigmatização são forças poderosas. Neste processo, cabe à psicanálise ocupar este espaço para propiciar novos caminhos para estes pacientes.

Palavras-chave: Psicanálise, aids, manejo do paciente e a clinica.

Abstract: People who find out that have HIV are subjected to a trauma that can lead to the disruption of the psychological process ant the installation of a whorthlessness process, which may reach to the point of an ego emptying, in a process of melancholy.Tha social rejection, the taboo and the stigmatization are powerful forces. In this process, psychoanalysis must play the role in providing new paths to those patients.

Keywords: Psychoanalysis; aids, patient care and clinic

1 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - Sigla em inglês

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Objetivo

Pretendemos, por intermédio deste trabalho, reforçar a necessidade e a importância do envolvimento das práticas psicanalíticas na abordagem e acompanhamento das pessoas vivendo com o vírus causador Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS, sigla em inglês).

Na tentativa de cumprir esse objetivo, faremos uma viagem no tempo até o período do “nascimento” da epidemia da aids, seus desdobramentos e conseqüências no mosaico social que deram origem ao preconceito e estigma, que acompanham essa enfermidade deste o inicio, assim como seus “mitos” e “fantasmas”.

Com relação à importância da aproximação das práticas psicanalíticas ao universo das pessoas que vivem com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, sigla em inglês), usaremos a correlação de alguns textos Freudianos associados com minha experiência clínica com pessoas soropositivas, assim como meu trabalho voluntário de acolhimento/aconselhamento para pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) e apoio psicológico no Grupo Pela Vidda/RJ (GPV/RJ), organização não governamental (ONG), que atua há 23 anos na defesa dos direitos individuais e da cidadania dos indivíduos afetados pela epidemia de aids, assim como de seus familiares, além de desenvolver valioso trabalho no campo da prevenção, informação e educação.

O “nascimento” da epidemia da aids – Efeitos no campo das representações sociais

Os primeiros relatos oficiais da aids ocorrem 1981, e neste momento essa doença desconhecida ainda não era nomeada desta forma. Os primeiros casos surgem em gays do sexo masculino nas cidades de Los Angeles, Califórnia e New York, sendo logo denominada de Deficiência Relacionada a Gays (GRID, na sigla em inglês), não demorando a surgirem novas denominações: “câncer gay” e “peste gay”2.

No ano seguinte, conclui-se que a nova doença estava relacionada ao sangue, sendo alterado o perfil dos portadores, uma vez que foram relatados os primeiros casos em heterossexuais, hemofílicos e outros grupos, além de recém-nascidos. Assim, nesse

2 George de Gouvêa, “Os Estigmas da Promiscuidade e da Morte – Impactos subjetivos diante do diagnóstico da AIDS”, Rio de Janeiro, UVA, 2004, monografia de graduação.

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ano aquela foi nomeada de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, passando ser considerada uma epidemia, naquele momento já relatado em quatorze países.

Contudo a relação da aids com comportamentos desviantes e promíscuos constrói-se independente dos dados estatísticos, conforme CARVALHO apud GUIMARÃES (2003, p. 115), nos mostra com relação ao paradigma que une as palavras aids e preconceito no imaginário social brasileiro:

"Na situação brasileira os primeiros casos da doença foram detectados entre homens da classe média, identificados pela prática homoerótica. A despeito da epidemia ter se disseminado em todas as camadas econômicas da população, incluindo homens e mulheres, por muito tempo foi caracterizada, quase exclusivamente, como praga gay."

Da mesma forma que Herbert Daniel (1994, p.11) já pontuava a questão da marginalização, que atravessa o cotidiano das pessoas vivendo com HIV/AIDS, e sua correlação com o início desta epidemia, quando ela era associada aos chamados "grupos de risco": "O doente de Aids carrega consigo os estigmas que marcavam grupos já marginalizados e discriminados, como os homossexuais e os usuários de drogas. Tudo isto leva o doente a um processo de clandestinização."

Neste processo, que mistura aspectos objetivos e subjetivos, ou seja, a doença e sua representação social, George Rosen (1980, p.77) explica que a epidemia, como objeto da História, passa a ser considerado um fenômeno social, sendo capaz de fazer emergir aspectos simbólicos de uma determinada população atingida por esse evento. Assim, Rosen deixa marcada a diferença entre o biológico e o social:

“Como fenômeno biológico, as causas da doença são procuradas no reino da natureza; mas no homem possui ainda uma outra dimensão: nele a doença não existe como ‘natureza pura’, sendo mediada e modificada pela atividade social e pelo ambiente cultural que tal atividade cria”

Nessa mesma direção, Dilene Raimundo do Nascimento (2005, p. 166) ressalta que, apesar da condição biológica da doença e de sua presença material e factível, ela não se encerra nesta questão e nem se limita dentro desses parâmetros, escapando do controle racional e alterando o mundo simbólico ao seu redor, fazendo emergir antigas e novas representações no caldo do imaginário social. Dessa forma ela aponta que:

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“Apesar de o modelo biomédico conceber a doença como resultado de fatores eminentemente fisiopatológicos, o componente subjetivo da enfermidade no doente baseia-se na sua experiência interior da doença como problemática. Mas a construção do significado dessa experiência não é um processo individual puro, e sim o resultado de representações sociais, isto é, de processos de definição e interpretação construídos intersubjetivamente, vale dizer, polifonicamente.”

Pretendi, com o abordado nesse item, registrar a importância da observação do cenário

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