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Artigo Sobre Dislexia

Trabalho Universitário: Artigo Sobre Dislexia. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  26/12/2014  •  6.916 Palavras (28 Páginas)  •  1.187 Visualizações

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1- Introdução

No final do século XIX, educadores, psiquiatras, neuropsiquiatras começaram a preocupar-se com os aspectos que interferiam na aprendizagem, inicialmente entendidos como deficiências, e portanto de causa orgânica, necessitando assim de um profissional da área médica. Abrem-se, assim, as portas para o surgimento da Psicopedagogia.

Segundo Weiss (1991, p.6), “a Psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores”. É uma área do conhecimento que busca uma compreensão mais integrada da aprendizagem humana, estudando os processos de aprendizagens e suas dificuldades.

Os problemas da aprendizagem são condutas significativamente desviantes em relação a população escolar em geral. Trata-se de uma criança normal em alguns aspectos e atípica em outros, que por si só, exigem processos de aprendizagem que não se encontram disponíveis, por agora, no envolvimento da classe regular, dita normal.

“As dificuldades de aprendizagem é um termo geral que se refere a um heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio matemático. Tais desordens, consideradas intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida. Problemas na auto-regulação do comportamento, na percepção social e na interação social podem existir com as DA. Apesar das DA ocorrerem com outras deficiências (por exemplo deficiência sensorial, deficiência mental, distúrbios sócioemocionais) ou com influências extrínsecas (por exemplo, diferenças culturais insuficiente ou inapropriada instrução, etc.), elas não são o resultado dessas condições”. (FONSECA, p.71, 1995.)

Diante dessas colocações, são várias as razões que ocasionam as dificuldades de aprendizagem, uma delas é que a criança apresenta alguma dificuldade cognitiva particular fazendo com que o aprendizado de certas habilidades se torne mais difícil que o normal. No entanto, algumas dessas dificuldades resultam de problemas educacionais, familiares, emocionais, culturais, econômicos ou ambientais que não estão relacionados ao cognitivo da criança, assim como as estratégias educacionais ineficientes que podem afetar o nível de aprendizagem da criança.

“Segundo Piaget e seus colaboradores, o desenvolvimento da linguagem “segue principalmente os passos do desenvolvimento cognitivo geral” (Flavell). Uma vez adquirida, contribui para acelerar o desenvolvimento de todos os processos mentais, como o raciocínio, a memória, a formação de conceitos ou os aprendizado”. (MORA, p.294)

Neste sentido, o desenvolvimento da linguagem que é a compreensão da fala, considerada por muitos como uma atividade exclusivamente humana, não significa apenas um comportamento verbal, escrito ou gestual, mas também representa uma etapa psíquica de elaboração do pensamento que pode ser ou não exteriorizada. A linguagem é um sistema composto de signos e símbolos utilizados pelo homem para comunicar consigo mesmo e com o mundo.

Segundo Fonseca (1995, p. 14), "no início do desenvolvimento, a atividade da criança é regulada pela linguagem exterior do adulto, mais tarde, é a própria linguagem interiorizada que guia e organiza a sua atividade psíquica superior, isto é, a atividade do seu próprio cérebro".

Diante dos fatores mencionados, podem surgir disfunções de linguagem de várias ordens, mas, neste artigo, vamos nos deter aos relacionados às funções simbólicas de leitura, escrita e da matemática que, quando a aprendizagem não se processa normalmente, resulta em dislexia.

2-Dislexia

Dislexia é um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou símbolo gráfico. A dislexia compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto. Em diferentes graus os portadores deste defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.

De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, podendo manifestar-se em pessoas com Inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.

O transtorno de leitura ou dislexia se apresenta e é diagnosticada no aluno no final da educação infantil e no início do ensino fundamental, pois é quando a criança apresenta desorganização no seu comportamento pré-verbal, não-verbal em todas aquelas funções básicas necessárias para o desenvolvimento da recepção, expressão e integração, condicionadas à função simbólica.

2.1-Tipos de dislexia

Existem diferentes versões de classificação da dislexia e das formas em que se subdivide. Dentre elas, iremos destacar os seguintes tipos de dislexia:

Dislexia Congênita: É a dislexia em que a criança pode ter as mais variadas causas e tem características, como por exemplo, uma comprovada alteração hemisférica cerebral, onde o hemisfério cerebral, encontra-se com tamanho invertido em tamanhos exatamente iguais, quando o considerado normal é que o esquerdo seja maior que o direito. Em consequência dessa alteração, o individuo disléxico tem pouca ou nenhuma habilidade para a aquisição de leitura ou escrita, geralmente não chega a ser alfabetizado e, quando chega não consegue ler ou escrever por muito tempo, e quando termina de escrever, já não se lembra de mais nada. Esta é incurável, deve ser tratada por uma junta multidisciplinar, envolvendo psicopedagogos, psicomotricista, psicólogo, neurologistas, fonoaudiólogos e psiquiatras, dependendo da gravidade do caso.

Dislexia Adquirida: É a que ocorre através de um acidente vascular cerebral, outros acidentes ou distúrbios. Este distúrbio surge na sequencia de um traumatismo ou lesão cerebral, onde a pessoa lia, mas depois com o surgimento deu algum problema e passou a ter a perturbação. Este tipo de dislexia também utilizará o tratamento multidisciplinar. Seguindo o tratamento, pode obter a cura ou melhora do paciente, já que a esta dislexia não envolve alteração hemisféricas.Este tipo de dislexia subdividi-se em:

Dislexia de Desenvolvimento: Ocorre através de um distúrbio neurológico de origem congênita que acomete crianças compotencial intelectual normal, sem déficits sensoriais e com suposta instrução educacional apropriada, mais que não conseguem adquirir ou desempenhar satisfatoriamente a habilidade para a leitura ou, a escrita. Geralmente, a criança tem dificuldade em aprender a ler e a escrever, e especialmente em escrever corretamente sem erros ortográficos.

Dislexia Ocasional: É causada por fatores externose que aparece ocasionalmente, podendo ser esgotamento do sistema nervoso (estresse ou excesso de atividade). Não há necessidade de grandes tratamentos, e em alguns casos, apenas repouso, mudança de horários ou rotina e tudo voltará ao normal.

Dislexia Auditiva:É aquela que envolve problemas auditivos relacionados com as dificuldades em discriminar os sons, sobre tudo aqueles que estão acusticamente muito próximos um dos outros, tendo pontos de articulação quase iguais, a criança confunde os fonemas, como v/f, troca de consoante surdas por sonoras (p/b, c/g, t/d ch/j, s/z) exemplo: cama – gama; troca de vogal oral por nasal (an/a, en/e, in/i,on/o, un/u) exemplo: acendeu – acedeu; Pontuação ausente ou inadequada.

Dislexia Visual:Há dois tipos de problemas ligados a esta dislexia: a criança apresenta defeito de visão que pode ser corrigível com o uso de lente apropriadas ou uma incapacidade para diferencias, interpretar ou recordar palavras, devido a uma disfunção do sistema nervoso central. Poderá ainda apresentar além dessas duas, dificuldades de discriminação visual no inicio da alfabetização, por falta de estimulo dessa habilidade na época da pré-escola.

Características da dislexia visual:

• Dificuldade em ler da esquerda para a direita (tatu – utat);

• Disgrafia ou fraca qualidade da letra;

• Erros de leitura que implicam aspectos visuais, como a inversão de letra p com q;

• Erros ortográficos;

• Q.I. de realização inferior ao verbal;

• Confusão de letras ou palavras semelhantes (bola e bolo);

• Dificuldade no ritmo da leitura;

• Dificuldade em seguir sequencia visual (ave –vea);

Dislexia Fonológica: Refere-se a incapacidade de ler em voz alta as não-palavras e as pseudo-palavras, em danos na via de conversão grafema – fonema e/ou no momento de juntar os sons parciais em uma palavra completa. Dificuldades na leitura de palavras não familiares silabas sem sentido ou pseudo-palavras, mostrando melhor desempenho na leitura de palavras já familiarizadas.

A dislexia, algumas vezes, vem junto com outros problemas de aprendizado escolar como:

• Disgrafia: dificuldades no traçado correto das letras, no paralelismo das linhas, no tamanho das letras, na pressão da escrita e, em fases posteriores, aparece a disortográfica que é a dificuldade para o uso correto de regras de ortografia, desde as que são chamadas de ortografia natural até as de nível mais complexo.

3. Dislexia e o processo de aprendizagem

3.1. Leitura, escrita e aritmética.

O processo de alfabetização está condicionado à aquisição suficiente do desenvolvimento físico, intelectual e emocional, bem como todas as habilidades e funções necessárias para aprender. Para iniciar a leitura e a escrita depende de uma complexa integração dos processos neurológicos com a evolução de habilidades básicas, como:

• Percepção: A criança estabelece o contato com o mundo exterior através dos órgãos dos sentidos: o visual, o auditivo, o tátil, o olfativo e o gustativo. Até os 3 anos de idade ela é egocêntrica formando assim percepções aceitas socialmente, pois assimila conceitos sem ter necessidades de experimenta-los. Por volta dos 5 anos aumenta o seu vocabulário e começa a ter noção do abstrato. Com 9 ou 10 anos já consegue trabalhar com as formas abstratas de pensamento.

• Esquema corporal: A criança precisa ter o conhecimento do próprio corpo, de suas partes, dos movimentos, das posturas e das atitudes. O esquema corporal é considerado um elemento indispensável para formação do eu, sendo um ponto de referencia básica para a aprendizagem de todos os conceitos indispensáveis a alfabetização (em cima, embaixo, na frente, atrás, esquerdo, direito) permitindo seu equilíbrio corporal dominando seus impulsos motores.

• Lateralidade: É definida quando o individuo tem preferencia neurológica por um lado do corpo (mão, pé, olho e ouvido). Existem indivíduos que são destros (utilizam parte direita do corpo) e, indivíduos canhotos (utilizam parte esquerda) e os ambidestros (usam ambos os lados), com a mesma habilidade e destreza.

• Orientação espacial e temporal: É ver-se e ver as coisas no espaço em relação a si mesmo, é avaliar e adaptar os movimentos no espaço, ou seja, é a consciência da relação do corpo com o meio. A criança que não desenvolve as noções de posições e orientações espaciais podem apresentar problemas em sua aprendizagem como:dificuldade em respeitar as ordens das letras na palavra e das palavras na frase (brasa/barsa); incapacidade de locomover os olhos no sentido esquerdo-direito (pula uma ou mais linha durante a leitura); na escrita, não respeita a direção horizontal do traçado; não respeita os limites da folha; dificuldades para organizar seu material escolar; esbarra em objetos e pessoas. Temporalmente a criança se organiza a partir de seu próprio tempo. Adquire condições de dominar determinados conceitos, como ontem, hoje, amanhã, dias da semana, meses, anos, horas, estações do ano etc. e a ausência deste pré-requisito na criança causa: dificuldade na pronuncia e na escrita das palavras (troca ou inverte a ordem das letras); dificuldade na retenção de uma série de palavras na frase e de uma série de ideias dentro de uma história; má concordância verbal; dificuldade no ditado devido a não-correspondencia dos sons com as letras que os representam.

• Coordenação Visomotora: É a integração entre os movimentos do corpo (globais e específicos) e a visão. A coordenação motora global trabalha vários grupos musculares, enquanto a coordenação motora fina trabalha habilidades manuais que são essenciais para o desenvolvimento do grafismo e da escrita. Crianças que coordena o movimento ocular com os movimentos das mãos terão dificuldades na escrita, uma vez que os olhos não guiam os movimentos motores da mão, impossibilitando-a de perceber por onde deve iniciar o traçado das letras.

• Ritmo: É uma habilidade que dá a criança a noção de duração e sucessão dos sons no tempo. A falta desta pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entoação inadequadas. Na escrita a criança adiciona ou omite letras ou silabas nas palavras.

Na aprendizagem da leitura podem e devem caracterizar os processos de identificação precoce das DA, pois é nesta fase que requer não só a capacidade perceptiva como também a capacidade linguística envolvendo assim processos de interação complexos do desenvolvimento, onde a criança pode ou não apresentar dificuldades de aprendizagem.

Em relação a escrita a aprendizagem é resultado do desenvolvimento evolutivo global, determinado tanto pela evolução neurológica – esta aprendizagem está condicionada, neurologicamente pelo amadurecimento das fibras nervosas – como pela estruturação seguinte que se desenvolvem nas dimensões psicomotora, psicoafetiva, psicossocial.

Segundo Fonseca (1995, p. 10), classificou a linguagem como: Linguagem visual receptiva (Leitura), Linguagem Visual Expressiva (Escrita) e a Linguagem Quantitativa (Matemática), sendo esta ultima uma linguagem universal, simbólica dedicada às relações de quantidade, de espaço, noção de numero, de contagem, de identificação, de seriação, de tamanho, forma, quantidade, distancia, tempo, etc, bem como as estruturas e as operações que as justificam como formas de integração da experiência e de expressão do pensamento.

Aprender matemática envolve inúmeras tarefas que têm a sua raiz na hierarquia da experiência e nos estágios de desenvolvimento psicomotor e do pensamento quantitativo, pois é necessário que a criança supere as dificuldades de leitura e escrita antes de poder resolver as questões matemáticas.

De acordo com Fonseca (1995, p. 08), a dificuldade de aprender matemática esta associada a várias causas como: ausência de fundamentos matemáticos, falta de aptidão, problemas emocionais, ensino inapropriado inteligência geral, capacidades especiais, facilitação verbal e/ou variáveis psiconeurologicas.

Tais desordens tem sido consideradas com formas de discauculia, que é a incapacidade de compreender o mecanismo do cálculo e as soluções dos problemas, É um quadro bem mais raro e quase só acontece acompanhado de síndromes e também de transtorno genético e hereditário como a dislexia.

4. Manifestações da dislexia

O diagnóstico para averiguar se uma criança é disléxica deve ser realizado por profissionais, no entanto, existem alguns sintomas, que nos servirão como alerta para o reconhecimento da dislexia.

Na pré-escola, as crianças gostam de brincar de sons e rimas, as crianças com dislexia apresentam dificuldades na composição sonora das palavras, pode ocorrer também de buscar fonemas incorretos em sua memória, podem trocar as palavras próximas na sonoridade, mas com significados diferentes, por exemplo, facão por furacão. Por esta dificuldade em expressar a palavra almejada, ela demora para falar o que deseja ou troca as palavras. Acontece também, a medida que a criança vai se desenvolvendo ao esquecer o nome dos objetos e lugares as quais se relacionam trocar a palavra que quer dizer por “coisa” ou “negócio”, mas o problema não está no pensamento e sim na linguagem.

“A identificação de um problema é a chave que permite a sua resolução. Refere ainda que a identificação, sinalização e avaliação das crianças que evidenciam sinais de futuras dificuldades, antes do início da escolaridade, permite a implementação de programas de intervenção precoce que irão prevenir ou minimizar o insucesso.” (TELES, 2004).

Com o tempo, as crianças compreendem a classe segmentada da linguagem, ou seja a subsequência de fala que podem ser desmembradas em palavras disjuntas, que as palavras podem ser segmentadas em silabas e estas em partículas menores que são os fonemas. Iniciam os problemas de leituras, deficiência na ortografia e na soletração quando acontece a dificuldade em adquirir tais habilidades. Geralmente as crianças que apresentam esses problemas se negam a realizar a leitura oral diante da classe para impedir o constrangimento da ocasião.

Shaywitz (2008, p. 137-142) menciona alguns sinais de alerta. Esses sinais podem auxiliar no reconhecimento da dislexia por meio da observação de pais e de professores e se os mesmos persistirem deve-se procurar uma avaliação especializada. É relevante destacar que não é necessário demonstrar a totalidade desses sinais para que uma criança esteja disléxica mas é imprescindível ficarmos atentos pois a dislexia poderá ser definida em um conjunto de atitudes da criança.

Indicadores de dislexia no início da infância

Os indicadores mais precoces envolvem essencialmente a linguagem falada. O primeiro indicador de um problema a nível da linguagem (e de leitura) pode ser o atraso na linguagem. Quando a criança começa a falar, deve procurar-se os seguintes problemas:

Nos anos de frequência do ensino pré-escolar

• Falta de interesse por rimas.

• Dificuldade em aprender problemas ou cantigas simples tradicionais.

• Dificuldade em aprender (e em recordar) nomes de letras.

• Palavras pronunciadas incorretamente; infantilismos persistentes.

• Não compreender que as palavras podem ser decompostas.

• Não conseguir saber as letras do seu próprio nome. Nos anos de frequência do ensino pré-escolar e ao longo do 1º ano do 1º ciclo

• Erros de leitura que não têm qualquer relação com os sons das letras.

• Incapacidade de aprender a associar letras a sons.

• Incapacidade para ler palavras monossilábicas correntes ou para soletrar mesmo as mais simples, tal como tapete, gato, salto, sono.

• Histórico de problemas de leitura manifestados pelos pais ou pelos irmãos.

• Queixas sobre a leitura ser difícil; a criança foge e esconde-se, quando chega a altura de ler.

Além das dificuldades a nível da linguagem falada e da leitura, deve buscar também os seguintes identificadores de processo de raciocínio de nível superior:

• Curiosidade.

• Boa imaginação.

• Boa compreensão de novos conceitos.

• Capacidade de compreender as coisas.

• Interesse intenso por novas ideias.

• Maturidade surpreendente.

• Excelente compreensão de histórias que são lidas ou contadas.

• Vocabulário vasto e rico para o nível etário.

• Apreciar resolver quebra-cabeças.

Indicadores de dislexia a partir do 2º ano

Dificuldades na linguagem falada:

• Expressão verbal não fluente –pausas ou hesitações frequentes, imensos hum enquanto fala, não há lugar a enunciados fluidos e sem tensão.

• Uso de vocabulário impreciso, tal como referências vagas a coisas, em vez de usar o nome do objeto.

• Incorreta articulação de palavras longas, desconhecidas ou complicadas; distorção de palavras – deixando de fora partes de palavras ou confundindo a sequência dos elementos que compõem as palavras: por exemplo: alumínio torna-se amulínio.

• Incapacidade para encontrar a palavra certa, confundindo também palavras cuja fonia é idêntica: humanidade em vez de humidade.

• Necessidade de tempo para elaborar uma resposta oral ou incapacidade de dar uma resposta oral rápida, quando interpelado.

• Dificuldade em recordar partes isoladas de informação escrita (decorar) –dificuldades em recordar datas, nomes, números de telefone, listas aleatórias

Problemas na leitura:

• Progressos muito lentos na aquisição de competências de leitura.

• Falta de uma estratégia para ler palavras novas.

• Dificuldade em ler palavras desconhecidas (novas, não familiares) que têm de ser silabadas; fazer tentativas não fundamentadas para adivinhar, quando está a ler uma palavra; falha em soletrar sistematicamente as palavras.

• Incapacidade de ler pequenas palavras “funcionais”, tal como: isso, um, em.

• Emperrar ao ler palavras multissilábicas ou não conseguir aproximar-se da soletração da palavra.

• Omitir partes de palavras, ao ler; não conseguir descodificar componentes da

Palavra, como se alguém tivesse criado um vazio no interior da palavra (consível para conversível).

• Tremendo medo de ler em voz alta; evitar ler em voz alta.

• Leitura em voz alta cheia de substituições, omissões e incorreta articulação de Palavras.

• Leitura em voz alta sincopada e laboriosa, não suave ou fluente.

• Leitura em voz alta sem inflexão e semelhante à leitura de um texto numa língua estrangeira.

• Dependência do contexto para descobrir o significado do que é lido.

• Melhor capacidade para compreender palavras em contexto do que para ler palavras isoladas.

• Desempenho desproporcionalmente pobre em testes de escolha múltipla.

• Incapacidade para terminar os testes dentro do tempo-limite.

• Substituição de palavras do texto que não consegue pronunciar por palavras com o mesmo significado, como carro em vez de automóvel.

• Ortografia desastrosa, com o uso de palavras que não se aproximam da sua real ortografia.

• Falta de gosto por ler; evitar ler livros ou mesmo uma frase.

• Evitar ler por prazer, leitura parece ser demasiado extenuante.

• A leitura torna-se mais precisa ao longo do tempo, apesar de continuar a faltar

-lhe influência e a ser laboriosa.

• Baixa autoestima, acompanhada por sofrimento nem sempre visível para os outros.

• História de problemas com a leitura, a ortografia e línguas estrangeiras em membros da família.

• Dificuldade em ler os enunciados de problemas de matemática.

• Leitura muito lenta e cansativa.

• Trabalho de casa que parece infindável ou pais frequentemente recrutados para ler.

• Caligrafia pouco escorreita, apesar de poder ter grande facilidade com o processador de texto – dedos ágeis.

• Extrema dificuldade em aprender uma língua estrangeira.

Além destes sinais de existência de uma fragilidade fonológica, há identificadores da presença de pontos fortes em processos de raciocínio de nível superior

• Excelentes aptidões a nível do pensamento: conceptualização, raciocínio, imaginação, abstração.

• Capacidade para ver a “imagem geral”.

• Elevado nível de compreensão do que lhe é lido.

• Capacidade para ler e compreender a um nível superior palavras muito praticadas e que pertencem a uma área de interesse especial.

• Progresso, quando uma área de interesse se torna mais especializada. Desenvolve então um conjunto de vocábulos que consegue ler.

• Aprendizagem melhor conseguida através da compreensão do significado do que por memorização.

• Vocabulário surpreendentemente sofisticado no domínio da linguagem receptiva.

• Excelência em áreas não dependentes da leitura, tal como matemática computadores e artes visuais, ou excelência em temas de ordem mais conceitual, tal como filosofia, biologia, estudos sociais, neurociência e escrita criativa.

Indicadores de dislexia em jovens adultos e em adultos.

Dificuldades na linguagem falada:

• Persistência das dificuldades a nível da linguagem falada já inicialmente sentidas.

• Debate-se para recuperar palavras: “Estava na ponta da língua”.

• Não é prolixo, especialmente se posto em cheque.

• Vocabulário usado na linguagem falada mais reduzido do que o vocabulário que é estabelecido por via auditiva; hesitação em dizer em voz alta palavras que podem ser incorretamente articuladas

• Pronuncia incorretamente nomes de pessoas e de lugares; confunde nomes cuja fonia é idêntica.

Dificuldades na leitura:

• História, na infância, de dificuldade em ler e em soletrar.

• Leitura de palavras torna-se mais precisa ao longo do tempo, mas continua a exigir grande esforço.

• Falta de fluência.

• Penalização em testes de escolha múltipla.

• Número de horas incaracteristicamente longo passado a ler materiais escolares ou relacionados com a escola.

• Sacrifício frequente da vida social para estudar.

• Preferência por livros com imagens, mapas ou gráficos.

• Embaraço causado pela leitura em voz alta; evita grupos de estudo ou discursar a partir de um texto escrito.

• Dificuldades em ler e em pronunciar palavras fora do comum, estranhas ou isoladas, tal como nomes de pessoas, nomes de ruas, de lugares, de pratos de um menu.

• Fadiga extrema provocada pela leitura.

• Leitura lenta da maior parte dos materiais: livros, manuais e legendas de filmes estrangeiros.

• Preferência por livros com menos texto por página ou com grandes manchas de branco por página.

Identificadores de pontos fortes em processos de raciocínio de nível superior

• Os pontos fortes já visíveis em idade escolar mantêm-se.

• Elevada capacidade de aprendizagem.

• Notáveis progressos quando é concedido tempo extra em exames de escolha múltipla.

• Notável excelência quando se centra numa área altamente especializada, como medicina, direito, política, finanças, arquitetura ou ciências.

• Notável capacidade de estruturação na expressão de ideias e de sentimentos.

• Empatia e simpatia excecionais e preocupação com os outros.

• Sucesso em áreas não dependentes de pura memorização.

• Talento para a conceptualização de nível superior e capacidade para apresentar perspectivas originais.

• Pensamento que se orienta para a imagem geral.

• Excelência na escrita, se o conteúdo for o mais importante e não a ortografia.

• Inclinação para pensar para lá dos limites usuais.

• Notável capacidade de recuperação e de adaptação.

Teles (2004) refere que: “é possível identificar a dislexia em crianças antes de iniciarem a aprendizagem da leitura, se estes sinais forem observados atentamente, bem como em jovens e adultos que atingiram um determinado nível de eficiência, mas que continuam a ler lentamente, com esforço e com persistentes dificuldades ortográficas”.

5. O professor e as dificuldades de leitura, escrita e aritmética.

Os professores vem enfrentando cada vez mais desafios com alunos que tem mostrado dificuldades de leitura, escrita e aritmética. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) a criança apresenta dificuldades em: demora a aprender a falar; escrever números e letras corretamente; distinguir esquerda e direita; tem dificuldade para lembrar da tabuada; insegurança e baixa apresentação de si mesma. Atrapalhar-se ao pronunciar palavras longas. Tem dificuldades em planejar e fazer redações; é considerada desatenta, preguiçosa sem vontade de aprender, o que cria uma situação das injustiças que vier e sofre;

Algumas sugestões para ajudar a criança disléxica:

• Estabelecer horários vai ajudar a seguir o tempo das tarefas a serem cumpridas;

• Roupas arrumadas em sequência faz com que ela se lembre sempre da organização;

• Usar marca no pulso para se direcionar na esquerda ou direita (relógio ou qualquer outra);

• Usar lápis e canetas grossos;

• É importante reforçar a ordem das letras do alfabeto cantando e dividindo-as em pequenos grupos onde a criança disléxica se sinta valorizada pelos colegas.

• Ler história que se encontrem no nível de entendimento da criança isso vai contribuir para uma melhor forma de assimilação.

Os professores observam que algumas crianças demonstram dificuldades e cálculos chamado de distúrbios de aritméticas que são as dificuldades de não compreensão e instruções e enunciados matemáticos bem como operações aritméticas e aconselhável que estes educandos superem as dificuldade de leitura e escrita antes de poderem resolver as questões matemáticas que lhe são propostas.

Discalculia- é a dificuldade em aprender aritmética. Johnson e Myklebust, (ano) em seus trabalhos terapêuticos com crianças que apresentavam desordens e fracassos aritméticos (discalculia), consideraram necessários que a terapia desses casos se baseasse na natureza da deficiência. Os autores então agruparam a aritmética e relacionaram os distúrbios de cada uma:

1 – Distúrbio de linguagem receptivo-auditiva e aritmética – a criança se sai bem em cálculos mais é inferior no que diz respeito ao raciocínio e aos testes de vocabulário aritmético.

A parceria entre família e escola junto a criança com problema de leitura da criança com problema de leitura, escrita e aritmética e muito importante.Apos uma analise minuciosa junto com os especialistas da escola que são: (Coordenador, orientador, psicólogo e diretor) o docente deve encaminhar a criança para um especialista no caso psicopedagogo.

Referindo-se ao papel do Orientador Educacional, SILVA (1981), relaciona, a partir da posição de diversos autores, alguns dos papéis a ele atribuídos, tais como: especialista que dá prioridade ao aconselhamento psicopedagógico; generalista - orientação de grupo; registro de alunos; sessões de aula, aplicação de testes; organização de classes; fichas cumulativas; monitor – orientação centrada no aluno; assessor – orientação centrada no contexto; Consultor e assessor – assessoramento de pessoas e pequenos grupos, consultando professores, diretores, pais e outros; Agente de mudança – revisão crítica; Profissional de ajuda – ajuda, assessoramento; catalizador – o indivíduo realizando seu próprio papel; Conselheiro e guia pessoal do aluno; Agente de informações sobre oportunidades educacionais e ocupacionais; orientador da vocação do aluno; mediador entre comunidade escolar e familiar e Membro do grupo profissional.

Professor ou docente é uma pessoa que ensina uma ciência, arte, técnica ou outro conhecimento. Para o exercício dessa profissão, requerem-se qualificações acadêmicas e pedagógicas, para que consiga transmitir/ensinar a matéria de estudo da melhor forma possível ao aluno. É uma das profissões mais antigas e mais importantes, tendo em vista que as demais, na sua maioria, dependem dela. Platão, na sua obra A República, alertava para a importância do papel do professor na formação do cidadão.

Houve uma entrevista com duas professoras da rede municipal de Ensino de Trairão – Pará segundo o relato das mesmas:

A senhora já se defrontou com algum problema de aprendizagem!

Resp.1 – Sim. Porque está tarefa é uma etapa fundamental para o processo de aprendizado. O professor da sala de aula poderá estar trabalhando de acordo com a necessidade do aluno.

Resp.1-Sim. Mais leves e acentuados. Neste caso nos professores temos que usar nossas experiências de vida para ajudar estes alunos.

Diante dos problemas de aprendizagem apresentados em sua escola, a senhora se sente preparada? Em caso positivo. Existe uma capacitação, discussão a respeito?

Resp.1- Atualmente o professor como um profissional responsável e comprometido com a educação tenta ao máximo se qualificar profissionalmente para melhor atender as dificuldades encontradas nestes alunos. A direção da minha escola sempre realiza reuniões e palestra para nos dar orientações que somadas com as que já possuímos aumentam a possibilidade de um trabalho mais completo junto a estas crianças.

Resp.2- Sou professora a muitos anos e já tenho uma certa experiência em trabalhar com estas crianças. Exige competência profissional, uma dose imensa de amor e tolerância, e isto tudo eu tenho. Mas procuro sempre me atualizar, indo as reuniões realizadas e participando de palestras quando acontece, com este tema especifico.

6. Tratamento

O tratamento da Dislexia demanda a participação de especialistas em diversas áreas (pedagogia, psicologia, fonoaudiologia, psicopedagogia etc.) para ajudar o disléxico a superar, na medida do possível, o empenho no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.

Dislexia requer tratamento multidisciplinar. O análise precoce pode impedir muitos dissabores e o comprometimento da autoestima e da socialização do indivíduo.

A ABD (Associação Brasileira de Dislexia) atende em tratamento de pessoas que precisam de um trabalho de intervenção sendo efetivado por equipe de profissionais especializados (pedagogos, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos) com experiência em distúrbios de aprendizagem e ênfase em Dislexia.

O tratamento de intervenção pscicopedagógica com os disléxico, tem por desígnio dar suporte às atividades escolares; fortalecer a ação de autonomia para a prática da vida social, levar a criança a construir seu próprio aprendizado, sendo ela o próprio sujeito de seu conhecimento.

É mister destacar que para que isso aconteça, considera-se a realidade sociocultural de cada aprendente, pois é a partir de sua história que elabora-se um projeto pedagógico apropriado onde será considerada a individualidade de cada um.

A relevância da seriedade do trabalho psicopedagógico com alunos disléxicos, faz com que muitos destes com dificuldades escolar sejam resgatados, por meio de um plano de trabalho diferenciado e comprometido com o sucesso.

“a atuação do psicopedagogo é uma busca constante ladeada por diversos teóricos, visando maior capacitação e compreensão do cliente/paciente disléxico. Essa busca de técnicas e estratégias de trabalho visa o que mais fará sentido ao disléxico; “objetiva em suas sessões conhecer, entender e esclarecer o mecanismo manifesto junto dele, seja através de jogos, de vivências e de discussões de temas pertinentes, buscando e permitindo o conhecimento”..” (Freitas, 2006, p.1).

A intervenção pscicopedagógica visa auxiliar que o sujeito se beneficie com um processo de aprendizagem que lhe seja significativo e prazeroso, num nível compatível às suas reais potencialidades.

Segundo Gonçalves (2005), grande parte da intervenção pscicopedagógica estará em procurar os talentos do disléxico, afinal os fracassos, sem dúvida, ele já os conhece bem. Outra tarefa consiste em ajudar essa pessoa a descobrir modos compensatórios de aprender. Jogos, leituras compartilhadas, atividades específicas para desenvolver a escrita e habilidades de memória e atenção fazem parte do processo de intervenção. À medida que o disléxico se percebe capaz de produzir, poderá avançar no seu processo de aprendizagem e iniciar o resgate de sua autoestima.

A Associação Internacional de Dislexia (AID) também defende que a criança disléxica pode aprender a escrever, a ler, e a desenvolver os seus talentos e capacidades especiais mediante a oferta de uma educação adequada às suas características e necessidades onde devem incluir o ensino direto de conceitos e capacidades linguísticas, o ensino multissensorial, o ensino sistemático e ambientes estruturados e consistentes. (AID, 1993).

Quando um professor tem um aluno disléxico em sua turma, precisará compreender que este é um discente inteligente e que tem a capacidade de aprender.

Em primeiro lugar, segundo Hennigh (2003), o docente deverá privilegiar métodos de ensino/aprendizagem multissensoriais, dado que os alunos com estas características aprendem melhor através do uso simultâneo e integrado das diferentes modalidades sensoriais.

Em segundo lugar, o professor deve promover uma visão positiva de leitura já que este domínio é o mais frustrante para a maior parte dos alunos com dislexia. Em terceiro lugar, o professor deve tentar minimizar o efeito “rotulador” do diagnóstico da dislexia, que poderá afetar a autoestima da criança e diminuir tanto as expectativas que esta tem em relação a si própria, como as que o professor tem a respeito dela. Em quarto lugar, deverá haver uma promoção de padrões corretos de leitura (aluno/professor), a fim de servirem como modelos à criança com dislexia, no sentido de compensar e eliminar os padrões de leitura típicos deste distúrbio. Por fim deve haver um reforço por parte dos professores, das competências de leitura fundamentais, já que esta é a base do problema da criança disléxica.

Segundo Teles (2004) estudos efetivados por vários investigadores mostraram que os métodos multissensoriais, estruturados e cumulativos são a intervenção mais competente.

Conforme essa autora, as técnicas de ensino multissensoriais auxiliam as crianças a aprender utilizando mais do que um sentido, destacam os aspetos sinestésicos da aprendizagem integrando o ouvir e o ver, com o dizer e o escrever.

Referente a aprendizagem Multissensorial: A leitura e a escrita são atividades multissensoriais. As crianças têm que olhar para as letras impressas, dizer, ou subvocalizar, os sons, fazer os movimentos necessários à escrita e usar os conhecimentos linguísticos para aceder ao sentido das palavras. São utilizadas em simultâneo as diferentes vias de acesso ao cérebro, os neurónios estabelecem interligações entre si facilitando a aprendizagem e a memorização.

Estruturado e Cumulativo: A organização dos conteúdos a aprender segue a sequência do desenvolvimento linguístico e fonológico. Inicia-se com os elementos mais fáceis e básicos e progride gradualmente para os mais difíceis. Os conceitos ensinados devem ser revistos sistematicamente para manter e reforçar a sua memorização.

Ensino Direto, Explícito: Os diferentes conceitos devem ser ensinados direta, explícita e conscientemente, nunca por dedução.

Ensino Diagnóstico: Deve ser realizada uma avaliação diagnóstica das competências adquiridas e a adquirir.

Ensino Sintético e Analítico: Devem ser realizados exercícios de ensino explícito da “Fusão Fonêmica”, “Fusão Silábica”, “Segmentação Silábica” e “Segmentação Fonêmica”.

Automatização das Competências Aprendidas: As competências aprendidas devem ser treinadas até à sua automatização, isto é, até à sua realização, sem atenção consciente e com o mínimo de esforço e de tempo. A automatização irá disponibilizar a atenção para aceder à compreensão do texto.

Estudiosos como Torres e Fernández (2001), e Shaywitz (2008) mencionam que uma intervenção necessita:

I) Constituir de modo claro e objetivo o plano de intervenção;

II) A intervenção dever ser através de profissionais treinados nesta temática;

III) Interferir durante um período de tempo suficientemente prolongado e de um modo sistemático (com uma aplicação semanal de três vezes ou mais).

O desempenho destas atividades requer a criação de imagens visuais, auditivas, sinestésicas, táteis e articulatórias, que no seu todo favorecem o processamento cerebral da leitura e da escrita, desta forma as crianças poderão alcançar o sucesso.

Shaywitz (2006, p. 125) demonstra uma metodologia de tratamento da dislexia chamado “mar de habilidades”. Este método está fundamentado em dois pontos básicos: a identificação de uma deficiência na aquisição dos sons da linguagem e de habilidades no pensamento e no raciocínio e a disponibilização de auxílio imediato a essa deficiência e de adaptações para o acesso às habilidades.

Shaywitz (2006 p. 95) proporciona dois princípios de orientação para se conseguir um tratamento eficaz:

I- Elaborar um programa para as necessidades específicas de cada criança, dando ênfase em oferecer adaptações do sistema escolar às suas necessidades.

II- Procurar melhorar tanto quanto possível as deficiências fonológicas e recorrer às habilidades superiores do pensamento por meio das adaptações. Isto é importante porque enfatiza não apenas a dificuldade da leitura da criança, mas os seus pontos fortes. Quaisquer que sejam essas habilidades – capacidade de raciocinar, analisar, conceituar, ser criativo, ter empatia, visualizar, imaginar, ou pensar de maneira inovadora – é importante que sejam identificados, incentivados e que definam a criança.

Desta forma, a autora indica algumas atividades a serem realizadas com os disléxicos:

1. Separação das sílabas das palavras: através de brincadeiras com músicas, batendo palma de acordo com o número de sílabas da palavra (Mar – ce – lo) 3 palmas;

2. Separação das sílabas em fonemas: este trabalho é difícil para os leitores iniciantes e ainda mais para os disléxicos. Podemos começar pedindo que comparem os sons iniciais e finais das palavras a partir de cartões que mostrem figuras do dia-a-dia.

3. Prática da leitura de palavras, tanto isoladas como em frases, silenciosa e oralmente. Ao final do processo, terá construído uma réplica neural da palavra. Sua representação interna reflete a ortografia, a pronúncia e o significado precisos. Escrever a palavra e aprender a soletrá-la também contribui para firmar representações precisas dela no circuito neural. Pode-se ir montando um livrinho com as palavras que a criança vai aprendendo.

4. Reconhecimento imediato da palavra: quando a criança aprende a separar as palavras em sílabas, ela vai aprender que uma mesma sílaba pode estar em diferentes palavras. Essa percepção vai ajudá-la a identificar sílabas conhecidas em palavras desconhecidas e facilitar sua leitura

5. Escrita: escrever palavras comuns reforça a conscientização fonêmica. Hora de juntar os sons a letras.

6. Ortografia: as crianças podem começar a escrever com a ortografia inventada – como tu achas que se escreve ‘casa’? A partir daí, vão se explorando os sons, completando e arrumando a palavra com a criança.

7. Lúdicas: ouvir, brincar e imaginar – brincar com histórias e músicas. A fluência tem um papel essencial para a leitura de qualidade. Ela é um indício de como o leitor competente lê em voz alta. É adquirida palavra por palavra. A leitura oral repetida orientada ajuda a melhorar a habilidade de leitura da criança. O treinamento da fluência toma talvez 15 minutos ou menos por aula.

Os disléxicos podem chegar à universidade, apesar de isso exigir um amplo empenho pessoal e atendimento especializado a fim de preparar alternativas para enfrentar as dificuldades. Alguns disléxicos que conseguiram superar as suas dificuldades e se tornaram bem conhecidos: Ben Johnson, Bill Gates, Steven Spielberg, Julio Verne, Franklin D. Roosevelt, Thomas Edison, Agatha Christie, Leonardo da Vinci, Fred Astaire, Tom Cruise, Albert Einstein, Louis Pasteur, Galileo, Van Gogh, Alexander Graham Bell, Magic Johnson, Harrison Ford, Walt Disney, Anthony Hopkins, Mozart, Jack Nicholson, Winston Churchill, Beethoven, Pablo Picasso, John Lennon - entre outros.

Quando a criança disléxica apresenta uma habilidade específica, essa deverá ser valorizada e desenvolvida, não só com o objetivo de fortalecer a sua auto-estima, mas também pelas implicações. Por este motivo, que os pais, que os professores deverão valorizar todos os progressos obtidos pelas crianças, centralizando-se mais nas conquistas do que nas falhas, os desacertos nunca devem ser corrigidos de modo negativo e crítico. O seu percurso escolar deve ser marcado por observações de caráter positivo e por uma atitude de apoio.

A dislexia não tem cura, mas pode ter seus sintomas amenizados. No tratamento, os profissionais que atuam com o disléxico deverá orientar continuamente à família e à escola e lembrar que cada caso de dislexia é um caso à parte.

7. Considerações finais

Segundo GONÇALVES (2006) a dislexia é um distúrbio de aprendizagem que envolve áreas básicas da linguagem, podendo tornar árduo esse processo, porém, com acompanhamento adequado, a criança pode redescobrir suas capacidades e o prazer de aprender. Considerando a biografia da Psicopedagogia, ainda que recente, contribui muito com pesquisas que envolvem teoria e prática, especialmente nos problemas vivenciados no processo de ensino-aprendizagem. Esta ciência trabalha e pesquisa o processo de aprendizagem e suas dificuldades, colaborando na recuperação das capacidades cognitivas, emocionais, sociais, visando o sucesso nas diversas esferas em que atua.

Neste estudo observou-se a relevância da psicopedagogia na aprendizagem dos alunos disléxicos, percebeu-se que a atuação desses profissionais é de ampla importância tanto no diagnóstico quanto nas atividades facilitadoras da aprendizagem destes discentes, que além de melhorar o seu desempenho escolar em relação a leitura, escrita e fonética, desenvolve habilidades em uma reeducação multissensorial e trabalha a sua a autoestima, a sua autoconfiança, valorizando suas potencialidades.

O psicopedagogo é um dos profissionais que faz parte do grupo multidisciplinar de avaliação da dislexia. Segundo Freitas (2006) a atuação do psicopedagogo busca embasamento constante nos diversos teóricos, visando maior capacitação e compreensão do jovem disléxico que o procura. Busca, sobretudo, técnicas e estratégias de trabalho e de conduta que façam mais sentido para ele; objetiva em suas sessões conhecer, entender e esclarecer o mecanismo manifesto junto dele, seja através de jogos, de vivências e de discussões de temas pertinentes, buscando e permitindo o conhecimento.

Destaca-se que o desempenho da psicopedagogia só será eficiente quando atingir a família do disléxico, os pais devem ser grandes aliados dos filhos quando o ajudam a dar o melhor de si. Esta ação deve também se estender aos estabelecimentos de ensino, alertando e sensibilizando os profissionais da educação de que o aluno com dislexia deve ter o direito a aprender, que ele somente necessita de metodologias e estratégias que o auxiliem nesse sentido.

Contudo assim nos refere Albert Einstein que viveu a problemática da dislexia: “Precisamos todos ousar, precisamos todos entender. Precisamos todos nos comprometer com todas as crianças, as disléxicas e as não disléxicas. A palavra professor não terá sentido enquanto houver crianças infelizes”. Ao mesmo tempo que todos temos papéis ou funções distintas, compartilhamos de um mesmo objetivo: o de aprimorar as condições de aprendizagem do educando e, posteriormente, os resultados por eles alcançados.

8- Bibliografia

ABD dislexia. “Como interagir com o disléxico em sala de aula”. In: http://www.deleste3.com.br/oficina/arquivos/d002.pdf em 20 de outubro de 2013.

DOCKRELL, Julie. MCSHANE, John. Crianças com Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

FONSECA, Vitor da. Dificuldades de Aprendizagem. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médica, 1995.

FREITAS, Tânia Maria de Campos. “Tratamento psicopedagógico do jovem disléxico”. In: http://www.dislexia.org.br, em 19 de outubro de 2013.

GONÇALVES, Aurea Maria Stavale. “A criança disléxica e a clínica psicopedagógica”. In: http://pt.scribd.com/doc/70459047/abordagem-psicopedagogica-da-dislexia, em 15 de setembro de 2013.

HENNIGH, Kathleen Anne. Compreender a dislexia. Porto: Porto Editora, 2003.

JOSÉ, Elisabete da Assunção. COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. 10. ed. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

SHAYWITZ, Sally. Vencer a dislexia-Como dar resposta às perturbações da leitura em qualquer fase da vida. Porto: Editora, 2008.

_______ Entendendo a dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis de problemas de leitura. Porto Alegre: Artmed, 2006.

TELES, Paula “Dislexia: Como identificar? Como intervir?” In: Revista Portuguesa de Clínica Geral" - Dezembro de 2004.

TORRES, Rosa. FERNÁNDEZ, Pilar. “Dislexia, Disortografia e Disgrafia”. Lisboa: McCraw-Hill, 2002.

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