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As Crenças Centrais

Por:   •  15/10/2018  •  Seminário  •  3.209 Palavras (13 Páginas)  •  164 Visualizações

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Seminário 4 – Terapia Cognitiva: Teoria e Prática

Capítulo 11 - As Crenças Centrais

A Terapia Cognitiva tem como base as crenças centrais do indivíduo, que se definem como as ideias mais centrais da pessoa a respeito do Self (de si mesma). Beck (1964) diferencia os dois conceitos sugerindo que os esquemas são estruturas cognitivas dentro do pensamento, cujo conteúdo específico são as crenças centrais. Essas se desenvolvem na infância à medida em que o indivíduo interage com outras pessoas, e a partir de algumas situações as crenças centrais podem ser confirmadas e sustentadas por elas.

Durante grande parte de suas vidas, a maioria das pessoas pode manter as crenças centrais relativamente positivas, já as crenças negativas podem vir à tona apenas durante momentos de aflição psicológica, à exceção dos casos de pacientes com transtorno de personalidade, que podem ter as crenças centrais negativas quase continuamente ativadas. As crenças negativas possuem caráter global, são generalistas e absolutistas. Quando uma delas é ativada, o paciente é facilmente capaz de processar informações que a apoiam e frequentemente falha em reconhecer e distorce as informações que são contrárias à essa crença central. Ressalta-se que elas podem também ser negativas sobre outras pessoas e seus mundos, por exemplo, crenças como “as outras pessoas vão magoar-me” ou “o mundo é um lugar corrompido”.

Frequentemente, os pacientes não possuem ciência de suas crenças centrais, até que o terapeuta exponha esse fato dentro do consultório. No âmbito individual, dadas as características citadas anteriormente sobre as crenças negativas, há o exemplo de Sally, que via a si mesma de uma forma realisticamente positiva e equilibrada até se tornar deprimida, quando passou a acreditar que era completamente incapaz. Qualquer evidência que contradissesse o seu desempenho competente em determinadas áreas era ignorada ou desconsiderada. Por exemplo, ir bem em literatura não indicava que ela era adequada, apenas que tinha facilidade nisso, enquanto uma nota C em economia apoiava a crença em sua inadequação.

O papel do terapeuta nesse cenário é, então, formular uma conceituação incluindo as crenças centrais. Essa é apresentada para o paciente na terapia como hipótese e perguntando se este parece verídico. O momento certo para compartilhar essa conceituação depende da força da aliança terapêutica, da crença do paciente no modelo cognitivo, o quanto de insight ele já tem, o quão concreto é o seu pensamento e quão ativadas estão suas crenças centrais na sessão.

Como técnica terapêutica, é testada a modificabilidade das crenças centrais. Esta varia entre os pacientes e, geralmente, os que se encontram em uma maior aflição emocional, são os mais capazes de expressar suas crenças centrais pelo fato das mesmas  estarem ativadas ao longo da sessão, ao passo que, para aqueles que contam com  transtornos de personalidade, há uma facilidade no processo de identificação das crenças e uma maior dificuldade em modificá-las, devido ao fato de que os mesmos possuem, tipicamente, menos crenças centrais positivas e desenvolveram uma aglomeração  de crenças  negativas que se interconectaram , apoiando umas às outras. Em contrapartida é muito mais fácil mudar as crenças centrais negativas de pacientes cujas crenças centrais positivas de contrapeso estiveram ativadas ao longo de grande parte de suas vidas.

Há uma série de etapas seguidas pelo terapeuta para identificar e modificar as crenças centrais. Primeiramente são levantadas hipóteses de categorização da crença central (desamparo ou não amabilidade) que levou ao surgimento dos pensamentos automáticos específicos. Em sequência, o terapeuta especifica para si mesmo a crença central do paciente. A terceira etapa constitui a apresentação de sua hipótese ao paciente, solicitando sua confirmação ou negação e à medida que esse oferece dados adicionais sobre situações atuais e da infância, o terapeuta refina sua hipótese a respeito da crença central. A quarta etapa é a educação do paciente, onde há uma orientação geral sobre crenças centrais e o ensino de controlar e operar sobre elas no presente.

A última etapa seria começar a avaliar e modificar a crença central com o paciente, auxiliando-o a especificar uma nova, mais adaptativa. Ele examina os primórdios dessa crença, sua manutenção ao longo dos anos e as consequências atuais; continua a monitorar sua ativação; usa métodos racionais para reduzir a força da antiga crença central e para aumentar a força da nova. Além disso, o terapeuta ensina o paciente a aprender ferramentas para lidar melhor com suas crenças intermediárias e centrais.

Categorizando as Crenças Centrais

As crenças centrais dos pacientes podem ser categorizadas na esfera do desamparo, na esfera do não ser amado ou em ambas. Na primeira categoria temos alguns temas como: Ser impotente, vulnerável, estar sem saída, fora de controle, ser fraco, carente, etc. Na segunda categoria temos crenças centrais como: Ser indigno, indesejável, não estar à altura (não em termos de conquistas, mas de ser defeituoso, de modo que impeça a obtenção de amor e cuidados oferecidos por outros).

Pode ocorrer de estar claro a qual categoria pertence determinada crença, mas outras vezes o terapeuta pode não saber inicialmente qual tipo de crença central foi ativada. Isso o leva, então, a buscar o sentido do pensamento negativo do paciente, para determinar se o mesmo acredita que não é bom o suficiente para ganhar ou obter respeito (categoria desamparado) ou se ele não é bom o suficiente a ponto de que os outros venham a amá-lo (categoria não ser querido).

Identificando as crenças centrais

Para reconhecer a crença central específica do paciente o terapeuta utiliza, além da técnica da flecha descendente, a procura por temas centrais em seus pensamentos automáticos. É comum que se identifique de imediato essa crença central, mas em muitos casos, uma avaliação precoce é inefetiva, apesar de ajudar o terapeuta a testar a sua força, amplitude e modificabilidade e facilitar o planejamento das sessões subsequentes.

Terapeuta: Se isso for verdade, que você acha que não pode fazer nada certo e que não pode ficar aqui, o que isso significa? (Técnica da Flecha Descendente)

Paciente: Eu sou um caso perdido. Sou tão incapaz...Completamente! Sou completamente incapaz. (Crença Central)

Terapeuta: De todos os modos?

Paciente: De quase todos.

Terapeuta: O fato de que você está indo bem nos outros cursos contradiz essa ideia de que você é incapaz?

Paciente: Não, se eu fosse realmente capaz eu estaria indo muito melhor.

Terapeuta: E quanto às outras partes da sua vida? Administrar seu apartamento, suas finanças, cuidar de si mesma?

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