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As Emoções E Os Afetos

Artigo: As Emoções E Os Afetos. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  25/9/2014  •  3.370 Palavras (14 Páginas)  •  301 Visualizações

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As emoções e os afetos: delimitações conceituais e perspectivas teóricas

As emoções e os afetos exercem importantes papéis na existência humana. Na pré-história, seus principais papéis eram de sobrevivência, ativando o sistema fisiológico, que tornava o homem predisposto a executar ações específicas em prol da manutenção da vida. Adquiriram, então, a função de comunicação e registro de momentos significativos da história do sujeito, podendo, às vezes, ser adequados a gêneros e contextos sociais específicos, devido às normas e costumes específicos da sociedade. A expressão da subjetividade e da individualidade constitui outro importante papel das emoções e afetos.

As emoções distinguem-se dos afetos na medida em que se relacionam com as alterações fisiológicas e comportamentais desencadeadas por estímulos internos, como pensamentos e imagens mentais ou estímulos externos e independem da ação consciente. Já os afetos, subdivididos em sentimentos, humores e temperamentos, apresentam maior constância temporal e estão relacionados a aspectos cognitivos.

Buscar definições para um fenômeno tão multifacetado como os estados afetivos-emocionais, tem resultado em significativas divergências teóricas, não havendo um consenso quanto a que aspecto exerceria a primazia. Para a perspectiva biológica, a emoção, devido à sua função mantenedora da sobrevivência, selecionaria as manifestações afetivas adequadas. Em contrapartida, a perspectiva do construtivismo social aponta a determinação cultural sobre a expressão da emoção e dos afetos, implicando em deliberações cognitivas anteriores a expressão da emoção.

A relação entre cognição e emoção

Estudiosos que se dedicam aos estudos entre cognição e afeto, pensamento e sentimento, razão e emoção, ainda procuram descobrir a relação entre cognição e emoção, se estas estão sob domínio cognitivo ou se elas exercem o controle sobre a cognição.

Os cognitivistas afirmam que a forma como pensamos influencia nossos sentimentos, comportamentos e seus correlatos fisiológicos. Nessa teoria, a natureza e a função do processamento de informação (atribuição de significado) constituem a chave para entender o comportamento mal adaptativo dos processos terapêuticos positivos. (BECK, 1997)

Os PSICANALISTAS , através dos estudos de Freud e Breuer (1895), centram suas análises nos processos não conscientes que permitem a expressão psicopatológica de estados emocionais afetivos no plano consciente.

Assim, defender que a emoção não é inteiramente controlada pela cognição significa pensar que ela ocorre fora da esfera da consciência. Corroboram com esse pensamento os neurofisiologistas, que dizem que os estímulos emocionais externos atingem o cérebro por meio do tálamo sensorial, que retransmitiria esse estímulo ao cérebro por duas vias simultâneas: uma mais rápida (responsável pela emoção), para garantir a resposta do organismo, e outra mais lenta (responsável pela cognição), para permitir a avaliação do organismo.

E embora as emoções sejam processadas inconscientemente, é no plano da consciência e no das interações sociais que elas adquirem significado. Segundo Damásio (1996), a cognição permite avaliar o estímulo desencadeador de emoções negativas ou positivas e preparar um repertório individual flexível que faça com que possamos evitá-lo ou ativá-lo, em vez de reagir apenas automaticamente.

Assim, por ser um fenômeno subjetivo e de difícil demarcação e por serem consideradas disfuncionais no contexto do trabalho, as emoções e os afetos, nesse ambiente, foram deixadas em segundo plano, devendo ser suprimidas ou evitadas.

Razão e emoção no contexto das organizações formais de trabalho

Antigamente, considerava-se que as emoções e os sentimentos atrapalhavam o pensamento e as ações planejadas no contexto das organizações de trabalho. Hoje se admite, com mais clareza, que as emoções são adaptações bem projetadas, ou seja, passíveis de auto e heterogerenciamento, que atuam em harmonia com o intelecto, sendo indispensáveis ao funcionamento da mente.

Há uma relação de interdependência entre emoção e razão, e não de exclusão. A importância dada aos relacionamentos parte do pressuposto de que as necessidades e interesses das organizações são as necessidades e interesses dos indivíduos, de forma coletiva. Suas necessidades se originam no ser complexo que somos e que, necessariamente, passam pela emocionalidade das relações sociais e suas trocas intersubjetivas. (LEITÃO et al, 2006)

O foco apenas nos resultados e objetivos finais da organização denuncia a preocupação racional com a eficiência e eficácia, mas são as emoções e os afetos que contribuem para a efetividade organizacional, visto que são estes fatores que dão qualidade às relações humanas no trabalho.

Fineman (2001) separa as inter-relações entre emoções e razão no contexto organizacional em três perspectivas:

• Emoções que perturbam a racionalidade, em que as pessoas agem com base naquilo que percebem e, uma vez que essas percepções sofrem interferências externas, as ações daí decorrentes sempre serão enviesadas e passíveis de distorções.

• Emoções que podem ser úteis à racionalidade, em que reconhece que o ser humano não tem condições de equacionar e processar um grande volume de informações que o façam vislumbrar todas as alternativas possíveis de solução e avaliar, inclusive, suas conseqüências. As suas decisões são otimizadas pelo uso de alternativas como intuição e heurística.

• Emoções e razões concebidas como duas faces da mesma moeda, que defende que as emoções e razões se entrelaçam, numa posição extremada, afirmando que a distância entre cognição e afeto não são sustentáveis, e que a racionalidade é um mito. Assim, as decisões organizacionais são muito pouco racionais e estão fortemente ancoradas em afetos.

Não se pode negar a busca pela racionalidade no contexto organizacional, bem como não se deve negar a importância que as emoções alcançam nesse contexto. São os obstáculos em conciliar os níveis da emoção e da razão que fazem com que se privilegie uma em detrimento da outra. A racionalidade tão almejada pelas organizações pode ser mais bem sucedida ao se buscar incluir os aspectos afetivos.

Somos seres de relações, pois elas estão na formação de nossa identidade. E qualquer forma de associação humana que atente contra nossa identidade, dificultando a convivência, é fonte de mal-estar. A questão dos relacionamentos interpessoais e de sua inerente

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