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Atendimento Psicológico em Ambiente Hospitalar

Por:   •  21/5/2017  •  Relatório de pesquisa  •  3.021 Palavras (13 Páginas)  •  260 Visualizações

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Atendimento Psicológico em ambiente hospitalar.

Sr J, homem 55anos, câncer de próstata. Fez cirurgia para retirada da próstata devido a um tumor encontrado ali. Está desempregado e tem esposa e uma filha. Estava consciente, receptivo, orientado, apresentava humor eutimico e ansiedade moderada. Entrei ele tinha um companheiro de quarto que também cumprimentei e expliquei para ambos que eu era do serviço de Psicologia e, expliquei o que este fazia. E que no dia de hoje falaria um atendimento com o Sr J. Modulei a voz para que ficássemos confortáveis para conversar sem que o companheiro pudesse ouvir.

Perguntei como ele se sentia e ele me disse que estava bem, que a cirurgia tinha corrido bem. No entanto, tinha preocupações quanto a ter capacidade em dar continuidade ao tratamento em casa e, principalmente se seria necessário fazer sessões de quimioterapia. Pois, temia seus efeitos colaterais e as sessões em si. Disse que tem uma filha e que se preocupa em não conseguir dar conta de dar a ela uma criação adequada, pois gostaria muito que ela tivesse uma formação através de estudo universitário. Me perguntou se quanto eu me formasse, se eu seria uma enfermeira. Eu respondi que não, explicando que quando eu me formasse eu me tornaria psicóloga como havia explicado para ele assim que me apresentei. Daí ele me perguntou o que um psicólogo faz. Eu respondi que faria exatamente o que estávamos fazendo naquele momento. Daí ele me indagou se eu iria me formar para conversar com as pessoas. Nessa frase pude perceber que havia um pouco de indignação na sua voz, pois, acredito eu, que para ele conversar era muito pouco para se fazer.

Visto que o paciente não havia entendido o papel da Psicologia e o que eu fazia exatamente ali, me coloquei a explicar a ele com muita calma. Disse que as vezes temos problemas que são tão grandes e tão graves que não conseguimos falar sobre eles e, muito menos com qualquer pessoa, desta forma para isso servia um psicólogo. Que é um profissional abertos e focados em auxiliar as pessoas a lidarem com problemas que ainda não se tem uma solução clara, mas que falar sobre eles com alguém compreensivo, alguém que não o julgue, alguém que possa entender as fraquezas que aquele problema causa, ou mostra (evidência), pode aliviar a dor e o sofrimento que possa causa.  

        A partir dessa explanação ele pode me olhar e dizer: - Ahhhhh, entendi! E eu lhe sorri. Olhei e perguntei se ele sentia que tinha um problema assim. E ele me disse com ar pesaroso que quando somos jovem nós achamos que damos conta de tudo, não se tem muita responsabilidade, quer fazer de tudo e aproveitar a vida como loucos. Mas, o tempo passa e a vida vai dificultando as coisas. Se quando somos jovens estudamos, temos chances de conseguir condições melhores de emprego. Mas, se não estudamos ficamos para traz. G continua dizendo que não consegue nem mesmo entender como funcionam os novos aparelhos de celular e me mostra seu aparelho que não é um smartphone. E que se assusta com tanta tecnologia. Teme não conseguir um emprego.

O enfermeiro responsável pela Ala 1 no período solicitou atendimento para um paciente que estava internado aguardando um exame. Ele considerou necessário devido ao paciente ser portador do vírus HIV.

Não havia qualquer menção em prontuário referente ao vírus HIV, no entanto li com atenção e fui até o quarto do paciente. Bati e me apresentei como de costume. Encontrei um homem que, apesar de seus 49 anos, mas aparentava ter uns 36, apresentava um porte físico atlético. Com seu olhar curioso e fixo em mim falei sobre o serviço de Psicologia e sobre seu papel.

Perguntei como ele se sentia. Disse que estava bem, um pouco ansioso em realizar esse exame por ficar meio dopado, mas que sentia que ficaria tudo bem. Me contou que estava sendo surpreendido por uma espécie de calor localizado em uma ‘faixa inferior’ da região abdominal e que também sentia esse mesmo tipo de calor nas costas. Conta que é eletricista e cuida da iluminação pública de uma cidade vizinha e que quando esses calores começam não suporta ficar com a roupa do trabalho. Por pelo menos dez minutos falamos dos motivos da internação, porém quanto à sua visão sobre seu estado e sobre os possíveis diagnósticos ele disse que estava tranquilo.

Imaginei que nossa conversa terminaria ali. Mas, ele me pediu para me fazer algumas perguntas referente a Psicologia. Eu disse que poderia fazer. Ele começou a indagar o posicionamento da Psicologia ante os relacionamentos amorosos. Pois tinha uma namorada e seus dois últimos Psicólogos, de certa maneira, não o aconselharam muito bem. Eu deixei que ele falasse. E ele contou como a Psicóloga havia falado para ele que as pessoas são livres para ir e também para escolherem ficar. E ele não concordava com isso, pois ele não acha que somos livres. Ele alega que o convívio social não nos permite liberdade. E me confrontou me perguntando se não era assim que realmente era. Com muita calma eu disse que a minha opinião era a minha opinião e não importava para ele, pois o que foi tido na sua terapia fazia parte do processo terapêutico e que só caberia lá. Que apesar dele ter se decepcionado com o aconselhamento ele era livre para escolher se aquilo era, ou não bom para ele. E, nessa perspectiva a liberdade não se trata de moldes sociais, mas de uma escolha pessoal.

Ele me contou toda a história de oito anos de namoro conturbado com uma mulher casada, mas um casamento de fachada apenas. E como ele se sentiu inútil no sentido da construção de uma história familiar com essa mulher. Contou que já fora casado e que tem dois filhos. E que sua exesposa é uma excelente mãe e que tem uma relação amistosa com ela, mas que não tem nenhuma chance de reatar esse casamento, até porque ele ama a ex-namorada. Então questiono se ele voltaria com a ex-namorada e ele responde que acha que não deveria, pois não é o certo. Eu lhe disse que não era uma questão de certo, ou errado; mas do quanto aquele relacionamento era bom e importante para ele. Além do afeto que nutria pela ex. E ele disse que não voltaria. Pois, voltar com ela seria voltar com os mesmos problemas; uma vez que ela não estava disposta a um relacionamento nos moldes dele.

Ele me pediu meu celular dizendo que gostaria muito de continuar uma terapia comigo. Passei a ele o telefone do CPA da Unip e expliquei que eu ainda passaria por alguns processos burocráticos até ter meu consultório e começar a atender. Ele anotou, agradeceu e disse que certamente ligaria no ano que vem.

Senhora T

Orientada, receptiva, comunicação prejudicada, humor eutimico, ansiedade reativa leve.

A chegar no quarto me deparei com a filha a senhora T na poltrona e ela deitada no leito. Muito magra, pequena, bem velhinha e parecia que estava dormindo. Me apresentei a filha, expliquei o papel da Psicologia no hospital de uma maneira breve. E ela me falou que sua mãe estava bem melhor, porém demonstrava cansaço e falta de ar quando se esforçava devido ao quadro atual. Ela estava em seu nono dia de internação. Não falou comigo e, como ela tinha traços orientais fortes, questionei se a mãe dela seria brasileira e ela me respondeu que sim.

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