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COMO PSICÓLOGOS E PSICOTERAPEUTAS DESCOBREM A FENOMENOLOGIA E O EXISTENCIALISMO

Por:   •  4/12/2016  •  Dissertação  •  2.915 Palavras (12 Páginas)  •  729 Visualizações

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COMO PSICÓLOGOS E PSICOTERAPEUTAS DESCOBREM A FENOMENOLOGIA E O EXISTENCIALISMO

Durante um programa de pós-graduação em Pernambuco foi dado início à discussões a respeito das raízes da fenomenologia. Nessa discussão eram levantadas as ideias de Nietzsche e também a filosofia hegeliana, mas como princípios da fenomenologia mesmo podem destacar as ideias do primeiro. Podemos compreender que as ideias de Nietzsche fundamentam as mais diversas culturas, umas com maior intensidade e já outras, com menor e mais “distorcidas” de certa forma, pois as ideias deles se enraízam na cultura grega. Ele difunde a ideia do sentido do trágico que nada mais é do que viver e aceitar a vida como ela é, com as coisas boas e ruins, com o luminoso e com o obscuro, ou seja, viver a vida sem condenações. Como afirma Afonso em seu livro:

“O dionisíaco, de que fala Nietzsche, o sentido do trágico -- a priorização da afirmação de uma vida espontânea, contingente, factual, Dasein, que se entende inocente, mesmo contra os sofrimentos de seus limites e de seu caráter irrecorrivelmente perecível (...)” (FONSECA, 1998, p. 45).

Com isso, deixou-se um pouco de lado a filosofia socrática que era relacionada à religião no qual o cristianismo pregava uma espécie de culpabilização pelas desgraças da vida. O sentido do trágico era algo comum na cultura pré-socrática, era algo que era praticado antes da filosofia de Sócrates e que por ser característica da cultura grega, acabou por se estender na civilização ocidental. O zen e o taoísmo também constituem a civilização ocidental.  O dionisíaco era uma alternativa contrária às ideias religiosas da época sendo assim, seguidas por pessoas que não concordavam com a perspectiva rígida presente. É curioso, pois, ao mesmo tempo em que se afasta dessa perspectiva e característica, outras formas de religiões tomam para a construção de sua teoria, o sentido do trágico, como fizeram a mística judaica e a mística Hassídica. Não se basearam naquela filosofia formal ou na inflexibilidade das ideias religiosas mas sim em como ideias, atos, vivências e pensamentos eram enxergados, interpretados e sentidos. Martin Buber¹ herda esses pensamentos e afirma que não possui nada além do seu próprio cotidiano e dos acontecimentos do aqui-agora, do presente e que o caminho para Deus antes passa pelo homem e pelo mundo:

Desde então eu abandonei aquele “religioso” que não é nada mais que exceção, retirada, saída, êxtase; ou ele me abandonou. Eu não possuo nada além do cotidiano, do qual eu nunca sou retirado. O mistério não se abre mais, ele se subtraiu ou fixou domicílio aqui, onde tudo acontece como aconteceu. Eu não conheço mais nenhuma plenitude além daquela de cada hora mortal, de exigência e de responsabilidade. (...)

Muito mais eu não sei. Se isto é religião, então ela é simplesmente tudo, o simples todo vivido na sua possibilidade do diálogo.

 As idéias de Nietszche tem força maior sobre a criação de abordagens fenomenológicas existenciais, assim como as influencias culturais sem uma estrutura formal filosófica também tem. Nomes como Husserl, Goldstein, Perls, Rogers tem bastante importância na criação dessas abordagens e muitos deles são influenciados pelos pensamentos de Reich e seu conceito auto regulação. Dando ênfase a essa criação, podemos citar a Abordagem Centrada na Pessoa, Gestalterapia e psicologia humanista, “destrinchadas” e criadas a partir da Gestáltica Organísmica. Muitos psicólogos freudianos migraram para a fenomenologia e aderiram às ideias de Nietzsche quando identificaram que na teoria de Freud a culpabilização e negação se faziam presentes, ao contrario do que diria o sentido trágico.

A expansão da fenomenologia começa na Alemanha e vai para os EUA. Nessa disseminação de ideais fenomenológicas, os pensamentos foram distorcidos pela religião forte na cultura norte americana. Outro fator importante de destacar nessa distorção foi o fato de os países estarem em guerra, então as ideias chegavam as pessoas de forma disfarçada.  Ao longo do tempo a fenomenologia foi tratada como algo pragmático e empirista o que fez com que perdesse um pouco de sua essência.

A descoberta da fenomenologia existencial por psicólogos e psicoterapeutas como método de tratamento e terapia se dá quando percebem que ela é eficaz pelo fato de trazerem na sua construção como teoria, a aceitação do belo e do feio, e um não julgamento das escolhas que o cliente faz, da não culpabilização e severidade. Ao invés da negação daquilo que se caracteriza ou se julga ruim, é estabelecida a igualdade dos fatos da vida. Nesse tratamento de sentimentos de uma forma coerente e harmônica, o cliente consegue descobrir ou redescobrir a sua existência de forma que não há julgamento de si próprio e consegue ser atuante no seu viver e não apenas uma vítima dos acontecimentos que a vida lhe prega. 

O VALOR DO FENOMENOÓGICO E DO EXISTENCIAL EM PSICOLOGIA E PSICOTERAPIA.

Na psicologia e psicoterapia mostram ao paciente o que é vivido é fundamental, pois a experiência humana é única. Isso propôe demonstrar a essência, o sentido que é dado a nossa existência. Isso é proposto dentro da fenomenologia e no existencialismo, respectivamente.

A medida em que passaram a entender a fenomenologia e o existencialismo, e a aplicar os seus valores, atitudes e concepções do homem e da realidade em seu trabalho, psicólogos e psicoterepeutas sentiram imediatamente que estavam diante de um poderoso filão.

Antes da utilização do contexto fenomenológico e existencial os profissionais de saúde mental encontravam obstáculos nos atendimentos realizados com pessoas em sofrimento de superação e enfrentamento, nas suas questões existenciais.

Nietzsche relata que a utilização dos derivados da fenomenologia e do existencialismo proporcinou o desdobramento, potencialização e superação nas atitudes de negociação do vivido e da vida.

Tudo isso ganhou no âmbito das psicologias e psicoterapias fenomenológico existenciais codificações teóricas particulares. O que os psicólogos e psicoterapeutas fenomenológicos existenciais aprenderam pode ser resumido na teoria paradoxial da mudança, elaborada por Rogers e amplamente utilizada em gestalterapia: mudamos terapêuticamente, e existencialmente, na medida em que assumimos e afirmamos o nosso estado efetivamente vivido organismicamente.

Apesar do aprendizado obtido dos psicoterapeutas para com a fenomenologia e o existencialismo, não eram de acordo que seria sufuciente e desejável na mudança terapêutica, contudo a entrega afirmativa do cliente a sua experiência, possibilitava um enorme potencial de auto equilibração e de mudanças terapêutica e existencial.

Buber nos relata que a relação do existencialismo e a fenomenologia na prática clínica, proporciona ao pisocólogo a aproximação, o acesso ao cliente de forma a conseguir acessá-lo enquanto um tu; Desta forma o terapeuta pode entrar no modo eu-tu de funcionamento, tornando-se um eu. Esse acesso proporciona uma relação fecunda entre terapeuta e paciente, podendo ser seguida de uma sensação indescritível de admiração e plenitude. É como se fosse realmente uma ruptura do cuncionamento comum e uma abertura sutil para a dimensão ontológica que envolve todos os seres.

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