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Complexo de Édipo e os Conceitos Fundamentais para a Construção do Eu

Por:   •  15/8/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.646 Palavras (11 Páginas)  •  413 Visualizações

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FACULDADE SÃO FRANCISCO DE ASSIS – UNIFIN

Profª Mercês Sant Anna Ghazzi

Complexo de édipo e os conceitos fundamentais para a construção do Eu

Eduardo Wolmann Bertoncello

Porto Alegre

2016

Dentro da psicanalise o termo estrutura é muito importante. Não apenas porque contempla dentro de si uma série de elementos, cuja a alteração de um resultaria na alteração de todos os outros, mostrando assim, a dimensão que as experiências podem ter na vida do indivíduo, mas também, a importância que a estrutura tem quando aparece como representante de uma série de ligações, amarrações e organizações de elementos e experiências que formam a base de um indivíduo enquanto sujeito.

É dentro dessa estrutura base que surgem uma serie de traços e sintomas que predispõem o indivíduo a perceber e agir de uma forma particular, sendo assim, muito importante seu entendimento para que se saiba a melhor forma de entender e ajudar esse sujeito.

Segundo a psicanalise, essa estrutura pode ser dividia em três mecanismos de funcionamento, que definirão a forma como o indivíduo estará predisposto a funcionar, de acordo com a estrutura que desenvolverá em si. São elas: a estrutura neurótica, a estrutura psicótica e a estrutura perversa.

Será a partir da passagem pelo complexo de édipo que uma dessas estruturas irá se desenvolver e se cristalizar no indivíduo. Definindo se a ligação entre significado e significante será feita, para que o ponto de estofo que ajuda o indivíduo a construir as suas bordas, unindo corpo, palavra e imagem, será feito, para a constituição do seu Eu.

Caso não haja essa ligação, o indivíduo dará significados próprios as palavras, já que a forma como ele estabelecerá seus significantes poderá ser totalmente diferente das que estamos acostumados, pois, a palavra e o significado não estão costurados. Exemplo: A palavra pedra pode significar um carro, uma casa ou qualquer outra coisa, que só poderá ser entendida, se identificarmos o significante desse indivíduo.

Por isso que para Lacan o significante é mais importante que o significado, pois o significante governa o discurso do sujeito e estabelece uma predominância da palavra sobre o seu significado, de acordo com o imaginário do sujeito.

Portanto, para que essas estruturas se construam, precisamos entender como ocorre o complexo de édipo e como ele definirá a existência ou não dessa ligação tão necessária entre significado e significante, além de instaurar a lei e definir a posição sexual do sujeito.

Precisaremos nos apropriar de conceitos que nos mostrarão que, é na relação com o outro, que o sujeito começa a simbolizar, dar valor e organizar aquilo que vivencia, para que assim, consiga entender e cristalizar o que é, posteriormente.

Conceitos fundamentais para a construção do Eu

Esse contato com o outro começa a ser construído naquilo que é descrito como circuito pulsional, onde, a criança que no primeiro momento busca um objeto externo de forma ativa (sugar o peito da mãe), passa por um tempo reflexivo de sugação do próprio corpo, até chegar a um tempo final onde passa a se fazer o objeto do outro. (Dar o braço para a mãe morder).

No terceiro tempo do circuito pulsional há uma passividade do bebê para que ele consiga fisgar o gozo da mãe, se fazendo comer por ela, sendo o seu objeto. Se assujeitando a ser o objeto do outro, a criança vai se constituindo como sujeito ao desejar o desejo desse outro.

Nesse momento, o olhar da mãe é essencial para constituir o Eu e a imagem do corpo. Se a mãe não olha para o bebê e não percebe esse momento em que ele se faz de objeto, não há um investimento libidinal no corpo da criança para que se desenvolva um narcisismo primário e possa instaurar sua imagem. Sendo esses os primeiros sinais para que a criança venha a desenvolver um autismo.

Após passar por esse assujeitamento ao outro, a criança vai começar a construir a noção de Eu a partir do estádio do espelho, conceito descrito por Lacan (1949) como o momento da vida psíquica, onde a criança, através de uma identificação com a imagem do outro e, posteriormente, com o reconhecimento da sua própria imagem, acaba com o “fantasma do corpo esfacelado”, percebendo e entendendo o corpo como algo único e seu.

É no estádio do espelho que começamos a constituir o nosso eu, a nossa identidade, distinguindo o que somos para podermos nos diferenciar do outro e dos demais objetos, a partir da relação com a imagem de um outro que nos possibilita essa construção.

Se hoje podemos reconhecer nossa imagem no espelho ou em alguma foto, é porque desenvolvemos essa noção a partir da relação com o outro, pois, essa percepção do que somos não é algo construído biologicamente.

Então, para que possamos ter esse entendimento do que somos, precisamos passar por três momentos dentro do estádio do espelho. O primeiro seria o momento aonde a criança olha no espelho e não se reconhece. Ela vê a sua imagem como se fosse um outro que, nesse primeiro momento, é um outro real.

Esse outro real acaba caindo por terra em um segundo momento, quando a criança percebe que na verdade aquele outro não é de fato real, e sim uma imagem. Mas ainda sim, ela não consegue reconhecer que aquela imagem é sua.

Somente em um terceiro momento que a criança entenderá que a imagem que está refletida no espelho é sua. Isso ocorre quando ela tira o olhar do espelho para ver se o adulto que a sustenta está vendo que ela está se enxergando no espelho, dando suporte a essa sua experiência e ajudando a delimitar o que ela é. Seria a busca de um aval, a busca de uma autorização de um adulto sobre o que ela está vendo e experienciando.

Se há um outro que possa introduzir a linguagem ou servir de imagem para que a partir de uma transitoriedade, a criança possa construir o seu eu ideal, a suas experiências são simbolizadas e ela consegue costurar as bordas necessárias para o seu reconhecimento.

O Eu só é capaz de se reconhecer a partir da observação do que há fora, sem isso ele não conseguiria identificar o que é. “Se sou diferente do outro, então o que eu sou?” É na resposta a essa pergunta que começamos a definir o que somos.

Então, ao construir esse eu ideal, a criança estará apta para formar, a partir de uma aceitação dessa posição de “dependência do outro”, e de uma alienação ao desejo da mãe, o seu ideal de eu, aquilo que ele precisara ser, seguir e buscar para ser aceita e amada por essa mãe.

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