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Conflitos No Transito

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Por:   •  21/9/2014  •  2.390 Palavras (10 Páginas)  •  422 Visualizações

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CONFLITOS NO TRANSITO

Iintervenções ou moderações psicopedagógicas podem ajudar no relacionamento dos agentes de operação e fiscalização de trânsito com os motoristas?

RESUMO

Este trabalho apresenta uma forma diferenciada de observar o comportamento dos agentes de operação e fiscalização de trânsito e sua participação nos conflitos com motoristas, com o foco interdisciplinar e sob o ponto de vista da ética profissional e da relação ensino/aprendizagem, procurando identificar as questões relevantes que afetam suas atitudes. Foram realizadas pesquisas com três grupos de agentes possibilitando classificá-los em três tipos básicos: Agentes que estão com a auto-estima muito baixa, sentem-se um nada”, um inseto, algo ruim, bode expiatório, que atrai coisas erradas e ruins e que a população não gosta; Agentes que são profissionais nas suas atuações, indiferentes aos acontecimentos que ocorrem no órgão onde trabalham ou a seus problemas pessoais; e Agentes que se sentem super-heróis, detentores do poder de resolver todos os problemas que aparecem. Os dois grupos que possuíam mais experiência profissional (mais de 6 anos), tiveram resultados semelhantes, diferentemente do grupo que estava sendo formado e não tinha experiência como agentes. As pesquisas demonstraram que, através de intervenções ou moderações psicopedagógicas, é possível provocar reflexões e mudanças de comportamento dos agentes, possibilitando a redução de seus envolvimentos nos conflitos no trânsito.

Palavras chave: Conflitos no trânsito, Psicopedagogia institucional, Intervenções psicopedagógicas, Agentes de operação e fiscalização de trânsito municipais.

INTRODUÇÃO

Os conflitos no trânsito, que ocorrem nas vias públicas entre os profissionais que trabalham como agentes de operação e fiscalização de trânsito e os motoristas, são gerados por posturas inadequadas pelas duas partes e têm aumentado muito nos últimos tempos, passando a ser uma preocupação dos gestores públicos.

Embora o agente faça parte de um grupo, muitas vezes tem que agir solitariamente na via, tomando decisões difíceis, nem sempre acertadas, mas necessárias no momento em que ocorrem. As orientações recebidas no treinamento agitam-se em sua cabeça, buscando a melhor solução para a situação inesperada, muitas vezes emergencial, e que nem sempre foi discutida ou prevista. O que lhe causa desconforto e medo.

Trabalha na maioria do tempo em pé, sob sol e chuva, em situações muitas vezes precárias de trabalho, com muito ruído, sem condições sanitárias adequadas, sem local de descanso ou refeição. Usa, obrigatoriamente, uniforme e calçado que nem sempre são adequados às suas funções, provocando, por vezes, problemas de dor e machucado nos pés, calor, mal-estar, entre outros. Para a realização de suas atividades precisa de boas condições físicas e psicológicas, pois trabalha sobre pressão, com rotinas de trabalho rígidas e exposição a situações de risco.

Sendo uma função relativamente nova existem dificuldades naturais nos ajustes de comportamento no exercício das atividades, com reflexos no relacionamento com os usuários das vias, que são os clientes cidadãos (pedestres, motoristas, passageiros, ciclistas, entre outros). Os conflitos que surgem devem ser discutidos e analisados para que os agentes possam saber como agir e não se sentirem desorientados em situações agressivas ou de estresse na função.

A questão ética no trabalho do agente não pode ser deixada de lado, já que sua função pública tem relacionamento direto com os usuários da via e é baseada em um conjunto de princípios e normas definidas no Código de Trânsito Brasileiro - CTB (BRASIL,1997) e pelos órgãos de trânsito.

Ética trata de princípios e não de mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Porém, como ser justo? Ou como agir de forma a garantir o bem de todos? Não há resposta predefinida. É preciso, portanto, ter claro que não existem normas acabadas, regras definitivamente consagradas. A ética é um eterno pensar, refletir, construir. Secretaria de Educação Fundamental.

O comportamento dos motoristas, por outro lado, que deveria ser baseado na responsabilidade de conduzir com precaução um veículo que pode pôr em risco sua vida e das outras pessoas, muitas vezes está baseado em atitudes agressivas, nas disputas de espaços e poder, além do “levar vantagem em tudo” que é agravado pelo pouco conhecimento do CTB e das regras e normas de convivência no trânsito.

Historicamente, no Brasil, não foi dado o devido valor à formação do condutor, que aprende a dirigir na prática e pouco se interessa pelo conteúdo e pela motivação das determinações legais, que procuram organizar a utilização do espaço viário com base em conceitos de cidadania.

A convivência dos condutores e agentes de trânsito nas vias é difícil e delicada, pois ao mesmo tempo em que ele é considerado como um anjo quando se precisa dele, ao ser atuado o motorista o considera como um “diabo”. É necessário um acompanhamento permanente, assim como ações que corrijam comportamentos e posturas dos agentes com o objetivo de reduzir a gravidade das situações que são vividas diariamente por eles.

IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS

a. COMPORTAMENTAIS

Corassa (2003, p. 61 a 74) analisa a questão dos conflitos no trânsito destacando que sua complexidade é proporcional à complexidade da natureza humana e que se o carro é considerado pelas pessoas como extensão de suas casas, lugar de proteção, privacidade e convivência, o trânsito é também espaço de conflitos.

Machado (2003) ressalta que no Brasil não temos a cultura da cidadania desenvolvida e no trânsito isto pode ser observado, pois foi desenvolvido um conceito de “impunidade”, no qual os direitos e deveres são desiguais, e o “levar vantagem” gera o “você sabe com quem está falando?”, leva ao “agrado”, ao jeitinho e à cultura da malandragem. É necessário resgatar a idéia de o espaço urbano ser um local democrático, de exercício de cidadania, de respeito e civilidade, de convivência e solidariedade, objetivando valorizar o direito de ser, de conviver e de participar de outro tipo de trânsito.

Bianchi (2007) coloca que os conflitos de trânsito podem ser interpretados como uma busca de poder, de sobrepujar o outro, como a figura simbólica do pai. Mostrar-se o mais forte, ou o mais corajoso, ou o mais veloz, pode ser traduzido como uma busca

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