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Conhecendo a deficiência em companhia de Hercules

Por:   •  16/4/2017  •  Resenha  •  2.053 Palavras (9 Páginas)  •  952 Visualizações

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Fichamento dos capítulo 1,2 e 3 do livro Conhecendo a deficência (em companhia de Hércules) de Lígia Assumpção Amaral

  • Introdução – A autora busca esclarecer que no livro não há a intenção de esgotar a temática do conhecimento sobre a deficiência, já que seria uma tarefa impossível de ser cumprida, mesmo se partindo dos aspectos psicossociais, principalmente os de integração/segregação. Tendo então como principal objetivo o de apontar alguns aspectos psicossociais que se relacionam também muito com a vivência pessoal da autora para então “fermentar” outras reflexões
  • Aponta a busca de um elo de ligação para sustentar a analogia entre o mito de Hércules e os estudos sobre aspectos psicossociais da deficiência. E aponta que o mito é um ponto no meio do caminho entre a fé e a razão, uma forma de compreensão e expressão para se conceber o mundo.
  • Aponta que existem duas imagens diferentes de Hércules.
  • O Hércules divindade, que se mantem em seu altar, o qual é invocado para afastar flagelos/conseguir sucesso nos negócios, e para o qual apenas homens podem jurar. A autora compara este Hércules com algumas características da ciência, que tem como um de seus objetivos o afastamento de calamidades, que muitas vezes se coloca no topo de um altar, levando cientistas a fornecer juramentos e contratos e espera que os leigos apenas se submetam a estes. Porém este não é o Hércules que a autora busca para sua analogia.
  • E há o Hércules que realiza os 12 trabalhos do mito. Hércules era odiado por Hera por ser fruto da traição de Zeus, então a deusa o coloca num estado de loucura no qual ele acaba por assassinar seus próprios filhos e para se redimir precisa cumprir com as 12 tarefas. E a autora ressalta que o mito de Hércules possui dois grandes pressupostos do universo greco-romano, o primeiro é a purificação através do sofrimento, aspecto muitas vezes taxado às pessoas com deficiência, a através da correlação entre deficiência (sofrimento) e a purificação. E o segundo é a passagem da barbárie para a civilização, que a autora associa com a tentativa de trazer a deficiência de um lugar de preconceito e exclusão para o de reflexão e conhecimento.
  • Se propões cinco pressupostos para o debate promovido pela autora. (1) indivíduo e sociedade são indissolúveis, (2) sujeito e sociedade são dois conceitos concretos, o que exige uma contextualização dos objetivos, (3) a psicologia pode sim colaborar nas discussões sobre segregação/integração para além do âmbito clínico, mas também a partir de uma perspectiva social, (4) a deficiência possui dois grupos de concepções, as descritivas (intrínsecas à deficiência) e valorativas (extrínsecas à deficiência), (5) o conhecimento sozinho não dá conta de reverter a segregação social imposta às pessoas com deficiência, mas contribui para ampliação de bases de uma reflexão crítica.
  • O Leão de Neméia, o desvio como ponto de partida: O infanticídio cometido por Hércules é o ponto de partida de sua saga, seu comportamento desviante dos padrões e expectativas é o que o leva a buscar a purificação através do sofrimento imposto pelas 12 tarefas. Um paradoxo apontado pela autora é que o castigo de Hércules é dado pelo Rei Euristeu, um homem que era considerado imoral, covarde. E para a autora, estas condições ambientais são, na analogia utilizada, os critérios para definir o desvio/anormalidade.
  • Necessidade de se olhar o problema de frente, e se libertar da cortina posta pela “política de despistamento” que é colocada sobre a questão da deficiência.
  • Desvio:
  • A condição de desvio possui três ordens de acordo com a autora: (1) estatística, parâmetro que se refere a frequência de um certo dado numa dada população; (2) funcional, é a menos impregnada de valores, crenças e opiniões e se refere à “integridade” da forma e “competência” para realização de funções; (3) “tipo ideal”, se refere à proximidade/afastamento entre o analisado e o protótipo que irá definir o pertencimento/desvio.
  • O senso comum, com a contribuição da mídia, remete o desvio à ideia de patologia.
  • A autora critica a dicotomia entre a patologia do indivíduo (observar o fenômeno a partir de uma perspectiva puramente médica) e a patologia social (fenômeno seria puramente social) e propõe que o ideal é partir de uma perspectiva que ressalto o aspecto de inter-relacionamento entre os fatores bio-psico-social.
  • A partir desta perspectiva pode-se passar a pensar o desvio como diversidade e não como patologia.
  • Normalidade/anormalidade:
  • A tendência atual das ciências que estudam os seres vivos é de enfatizar cada vez mais a individualidade, tornando o conceito mais dinâmico e flexível. Assim sofisticando e sensibilizando cada vez mais os conceitos de normalidade/anormalidade/patologia.
  • Ressalta duas grandes tendências de se definir a doença:
  • Concepção ontológica: o oposto qualitativo de saúde, tendo a doença como eixo central.
  • Concepção dinâmica: é um derivado quantitativo do estado normal, é um desequilíbrio no corpo, para mais ou para menos. Uma concepção funcional.
  • Coincidir a anormalidade e a patologia (e todos os preconceitos que acompanham) é uma arbitrariedade, já que esta relação supõe o envolvimento de critérios subjetivos.
  • Independente da base, a deficiência ao ser revestida de um juízo social terá, inevitavelmente consequências na vida cotidiana.
  • A Hidra de Lerna – Deficiência: Uma fragmentação de conceitos: a relação estabelecida é entre o enfrentamento de uma fera desconhecida a Hidra com o desconhecimento sobre a deficiência. Além de que as várias cabeças da criatura estabelecem uma relação com a grande fragmentação de conceitos no tema da deficiência, que muitas vezes encobrem a cabeça real da Hidra, ou do fenômeno real.
  • Neste capítulo, a autora se debruça sobre a tarefa de esboçar uma história da deficiência, a qual ela separa em dois eixos o discurso filosófico/religioso e o discurso médico:
  • O discurso filosófico/religioso:
  • A visão bíblica da deficiência trazia a ideia de que as pessoas que possuíssem alguma “deformidade corporal” eram proibidas de fazer oferendas à Deus e também eram proibidas de entrar no santuário, pois elas o “contaminariam”
  • Para os gregos a deficiência é representada pelo conto de Labda, a manca, que era marginalizada, e não foi tomada como esposa por nenhum representante de sua linhagem, e era tido que havia adquirido sua deficiência por casar com alguém fora de seu grupo, estabelecendo uma relação entre comportamentos moralmente reprováveis (incluindo a bissexualidade/homossexualidade/hermafroditismo) e a deficiência.
  • No universo greco-romano, as pessoas desviantes (com deficiência) carregavam um destino intrínseco, elas eram ou mortas ou abandonadas a própria sorte assim que a deficiência era percebida. (o Estado obrigava que o pai da criança matasse o filho que nascesse nestas condições.)
  • Platão e Aristóteles trazem em seus escritos a concepção de que os pais deveriam selecionar os filhos que deveriam ser educados daqueles que nascessem com alguma deficiência e deveriam ser abandonadas para morrer.
  • O Código de Manu (livro de leis de cunho fortemente religioso), trazia um artigo que proibia que as pessoas com deficiência eram proibidas de herdar.
  • No início da Era Cristã o infanticídio das crianças que nascessem desviantes ainda era encorajado, e ainda havia uma relação entre a condição física e o caráter da pessoa.
  • Ainda no universo judaico-cristão havia uma carga de ambuiguidade em relação as pessoas desviantes: a ideia de fragilização, alguém de quem é preciso cuidar e a ideia de punição, a mutilação ainda era uma forma recorrente de punição de crimes, o que reforçava a ideia de relação entre a falta de moralidade e a deficiência. E muitas vezes a deficiência era vista como sinal de presença de demônios.
  • O discurso cientifico/médico:
  • Paracelso e Cardano são os primeiros a trazer a questão da deficiência para o âmbito da medicina, e afirmavam a legitimidade de tratamento para estas pessoas. E também trouxeram um modelo da deficiência que colocavam o cérebro como a fonte do desvio (em especial nas deficiências cognitiva e mental).
  • No século XVIII se consagra a ideia de um fatalismo hereditário no modelo de deficiência.
  • No século XIX aumenta a quantidade de pesquisadores se debruçando sobre o tema, havendo assim a coexistência de diversas representações do fenômeno. E é neste período em que se começa a superar a visão da deficiência como doença e se começa a caminha para encará-la como condição/estado.
  • No início do século XX ainda eram mais fortes as teorias que ressaltavam os aspectos orgânicos da deficiência, e este momento foi marcado por um retrocesso com o surgimento de “abordagens alarmistas”, que tentavam apontar riscos sociais advindos das pessoas com deficiência e propunham sua esterilização e segregação.
  • Porém ao observar a linha do tempo como um todo, não resta um olhar pessimista, pois é possível perceber um movimento não linear de avanço.
  • Proibição da existência → Marginalização → Assistencialismo → Educação, Reabilitação, Integração Social.  
  • O Javali De Erimanto – Ainda A Deficiência: Uma Discussão Conceitual: a relação estabelecida aqui é o movimento de Hércules de substituir a força pela sabedoria para subjugar o javali, fera que causava terror com a substituição da ignorância pelo conhecimento sobre a deficiência, retirando do fenômeno seu caráter de marginalização. O capítulo apresenta três eixos de discussão.
  • A escolha das palavras: A partir de 1979 a classificação adicional da deficiência não faz mais parte do CID como parte integrante, é um suplemento.
  • Três conceitos chave: (1) impairment, impedimento; (2) disability, deficiência; (3) handicap, incapacidade.
  • Se adota o termo pessoa com deficiência como o mais adequado. E a autora aponta algumas vantagens para a adoção deste termo:
  • Ressalta o aspecto dinâmico da situação.
  • Recupera a pessoa como sujeito da frase, tira o foco do atributo deficiência.
  • Não coloca a deficiência como sinônimo da pessoa.
  • Relação doença-deficiência: as novas perspectivas afirmam que as deficiências não são necessariamente doenças, separando mais claramente estes dois conceitos.
  • Deficiência: perturbações à nível de órgão, alterações no corpo, aparência física, órgão ou função, independente da causa.
  • Incapacidade: Se relaciona com desempenho, atividade e com as consequências da deficiência. Perturbações à nível da própria pessoa.
  • Desvantagem: prejuízos que o indivíduo experimenta devido à sua deficiência. Surge da interação indivíduo com o meio.

Acidente/Perturbação→

(Situação Intrínseca)

Deficiência→

(Exteriorizada)

Incapacidade→

(Objetivada)

Desvantagem

(Socializada)

  • Deficiência primária e secundária: existem duas esferas distintas de abordagem:
  • Deficiência primária: engloba a deficiência e a incapacidade. Trata apenas dos fatores intrínsecos, as limitações em si.
  • Deficiência secundária: Incide sobre os fatores extrínsecos, a desvantagem.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Iris Aparecida Matumoto Coelho

FICHAMENTO DOS CAPÍTULO 1,2 E 3 DO LIVRO CONHECENDO A DEFICÊNCIA (EM COMPANHIA DE HÉRCULES) DE LÍGIA ASSUMPÇÃO AMARAL

2016

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