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Contos De Fada

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Por:   •  28/10/2013  •  873 Palavras (4 Páginas)  •  494 Visualizações

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Os contos de fadas fazem parte da tradição européia. Durante muito tempo, constituíram o repertório da leitura de nossas crianças, juntamente com a tradução de alguns clássicos. Com isso, nossa memória cultural está impregnada fortemente dessas raízes, mas também de outras fontes, como as indígenas e africanas, tantas vezes escamoteadas.

Gênero incompreensível sem a presença de seu destinatário, que é a criança, a literatura infantil não pôde surgir antes do nascimento da infância como instituição, no início da Idade Moderna, por volta do século XVIII.

Nessa época, a literatura infantil se originava na Europa, com a transformação dos contos populares para uma visão educativa burguesa. Desse acervo da tradição oral foram aproveitados os contos de fadas, que passaram a veicular modelos de comportamento desejados pela classe burguesa, que tomava da nobreza o poder. Até então, nem os contos de fadas se dirigiam para as crianças, nem faziam parte da educação burguesa. O conto de fadas folclórico ligava-se à camada popular extremamente explorada e podia-se perceber nele a resistência dos camponeses à situação social do feudalismo. Assim, em sua origem, manifestava a rejeição dos servos às condições de trabalho a que o senhor feudal os submetia, embora expressasse igualmente a impossibilidade de transformá-las, já que qualquer melhoria só acontecia por meio de passes de mágica.

No século XVIII grandes transformações econômicas, sociais e políticas contribuíram para a instalação da modernidade. Nesse período, as cidades passaram a ter uma importância maior que o campo, em função do desenvolvimento do comércio e da indústria. Nesse contexto, a burguesia emerge como uma nova classe social, em consequência dos novos tipos de trabalho urbano. Era preciso legitimar os valores dessa classe social emergente, cujo trabalho diligente pretendia desbancar os privilégios dos nobres. Assim, a infância, a literatura infantil e a escola surgiram como instituições para respaldar a revolução em curso.

A literatura oral, sobretudo o conto de fadas de origem folclórica, juntamente com alguns clássicos, constituiu a fonte da literatura infantil européia de então. Esse material se ligava primitivamente às camadas sociais mais pobres e, neste período, foi reutilizado, sobretudo uma mudança de função: Passou a transmitir valores burgueses de tipo ético ou religioso e a conformar o jovem a um certo papel social.

Operou-se uma profunda operação ideológica. O acervo cultural, oral anônimo e coletivo, antes transmitido espontaneamente por pessoas do povo, como os contadores de história faziam em feiras, tabernas e situações familiares, passou a ser compilado por escritores profissionais pertencentes a outra classe social – a burguesia – com o objetivo pedagógico e moral de formar as futuras elites culturais. A passagem da oralidade para a escrita e a instalação da autoria individual modificaram os valores e a linguagem do material extraído da tradição popular.

O processo de construção da autoria começa a se instalar e vai notabilizar certos compiladores das fontes populares, que se tornaram clássicos, como por exemplo, Charles Perrault, os irmãos Grimm e Andersen.

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