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De que Necessita Meu Bebê

Por:   •  4/3/2023  •  Resenha  •  2.119 Palavras (9 Páginas)  •  82 Visualizações

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“ MATERNAGEM E VÍNCULO DE APEGO”

EBP230 - Desenvolvimento do Ciclo da Vida II: Infância

Tipos de apego que atravessam o vínculo cuidador-bebê e suas fases

As investigações sobre apego vêm sendo ampliadas, incluindo o período fetal como um período também de vinculação, evidenciando que o apego materno fetal é um preditor do apego pós-natal entre mãe e bebê. Os avanços técnico-científicos têm confirmado a existência de capacidades sensoriais no feto e no bebê recém nascido, e auxiliado a compreensão das interações feto maternas e suas repercussões no plano emocional, tanto da mãe quanto do bebê. Ao longo da gravidez, o bebê intra-útero vive experiências e vai sendo influenciado pelas experiências da mãe. Nos últimos meses, o feto já ouve e responde ao toque, dando respostas a estímulos externos, o que possibilita a construção de uma sintonia entre a mãe e o feto.

O Apego Materno Fetal (AMF) é um termo usado para descrever os comportamentos e atitudes da mulher de adaptação à gravidez, sendo esses comportamentos baseados em representações cognitivas que incluem o imaginário da mãe, bem como suas atribuições sobre as características físicas e emocionais do feto, definiu o AMF como "a intensidade com a qual a gestante manifesta comportamentos que representam a afiliação e a integração com sua criança intra-útero".

Vários estudos sintetizados por Doan e Zimerman investigaram os fatores que poderiam ter correlação com o AMF:  características de personalidade da mãe, incluindo empatia, ansiedade e depressão; atitudes para com a gravidez;  fatores situacionais vivenciados durante a gestação;  apoio social recebido durante o período gestacional; relacionamento marital; características específicas da gravidez, como estágio da gestação, sintomas físicos e planejamento da concepção;  fatores demográficos, tais como idade materna e número de gestações;  perdas perinatais. Entre as variáveis que positivamente influenciam na intensidade do AMF, está o avanço da idade gestacional, a presença dos movimentos fetais, a história da gravidez e a história de apego da própria mãe, o apoio social dos membros da família e pares e o planejamento da gravidez.

Considerando o desenvolvimento da criança, o Apego Materno Fetal tem sido conceituado como a primeira parte de um continuum de apego, que começa durante a gravidez e se estende no relacionamento entre a mãe e o bebê no pós-natal. Esse conceito foi confirmado pelos estudos e observação de fetos por ultra-sonografia realizados por Piontelli , que reforçam a existência de continuidade de aspectos da vida pré e pós-natal, tendo cada feto características de comportamento que, de alguma forma, continuam na vida pós-natal.

Seguindo na perspectiva da existência de relação entre AMF, apego pós-natal e desenvolvimento da criança, Siddiqui e Hägglof examinaram a associação entre AMF durante o terceiro trimestre da gravidez e a interação mãe-bebê nas doze semanas do pós-natal. Os resultados desse estudo indicaram que algumas mães, que experimentaram afeição e fantasiaram mais sobre os seus bebês intra-útero, apresentaram maior envolvimento na interação nas 12 semanas do pós-natal. Outros estudos sobre o apego e desenvolvimento da criança no pós-natal enfatizam que a mãe ocupa papel fundamental na interação e desenvolvimento do bebê. Sob essa mesma ótica, as pesquisas de Müller e Ferketich e de Condon e Corkindale constataram que o apego materno fetal pode ser positivamente correlacionado ao apego mãe-bebê e ao desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. Para avaliar o AMF, Cranley desenvolveu a Escala de Apego Materno Fetal (MFSA), que pode ser aplicada durante todo o período gestacional, porém se mostra mais sensível quando aplicada após o 6º mês de gestação, quando já se evidenciam os movimentos fetais.

Pesquisas sobre as dimensões de apego do adulto e sintomas de ansiedade e depressão mostraram que os modelos de apego podem estar relacionados à manifestação de sintomas depressivos e ansiosos, assim como os sintomas de ansiedade e depressão podem interferir no AMF.

Alguns instrumentos foram estruturados para classificar e avaliar os padrões de apego na idade adulta. A Escala de Vinculação do Adulto (EVA) investiga as relações com os pares, considerando que seu papel é generalizável às relações com outras figuras significativas. Este instrumento indica três padrões de apego: (a) Vinculação Segura: as relações estabelecidas com pares são percebidas como respondendo às necessidades do outro gerando, dessa forma, sensações de segurança e bem-estar; (b) Vinculação Ansiosa: caracteriza-se pelo desejo de manter os parceiros próximos, existindo hipervigilância a aspectos ligados à separação; a presença e a disponibilidade dos parceiros é percebida como incerta; (c) Vinculação Evitante: caracteriza-se pelas estratégias de diminuição da importância da relação; os pares são percebidos como fontes indutoras de estresse e alvos de desconfiança .

Elementos que compõem um ambiente psíquico favorável

Vale lembrar, que esses cuidados dependem da necessidade de cada criança, porque cada indivíduo responderá ao ambiente de forma única e singular, apresentando condições, potencialidades e dificuldades diferentes. Winnicott (1963/1983) faz uso da palavra ambiente em diferentes situações e com significados distintos. Em alguns momentos, dá importância ao ambiente recebido pelo bebê, em outros, ao ambiente preexistente à vida do bebê, e por fim, refere-se ao ambiente interno do bebê, ou seja, o seu meio ambiente pessoal. O autor esclarece que o ambiente favorável é um facilitador dos processos de maturação, mas enfatiza que ele sozinho não faz muita coisa, é preciso esclarecer que o bebê necessita de cuidados maternos suficientemente bons para concretizar o seu potencial. Não basta ter apenas um ou outro, os dois são fundamentais para sua constituição psíquica.

Mas para que o bebê receba as interações do ambiente, ele precisa exclusivamente de uma pessoa (mãe, preferencialmente) envolvida no seu desenvolvimento. E a partir dessas condições favoráveis, ele seguramente conseguirá criar condições próprias para desenvolver-se psiquicamente e de tornar[1]se independente. O mais importante para a constituição psíquica não é ter um indivíduo livre de doenças mentais, mas um indivíduo pronto para sua realidade psíquica interna. Ou seja, uma criança que tenha um amadurecimento interno para estabelecer-se psiquicamente na fase adulta. É fazer com que a criança saia da dependência absoluta para independência psíquica. Segundo Winnicott (1962/1983), prover saúde à criança é proporcionar um ambiente que facilite a saúde mental e o desenvolvimento psíquico. Esse desenvolvimento só pode ocorrer se a criança for amparada por condições suficientemente boas, caso contrário, ele desenvolver-se-á internamente de forma destrutiva.

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