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Dinâmica, Perls

Por:   •  21/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.056 Palavras (9 Páginas)  •  533 Visualizações

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DINÂMICA

Crescimento Psicológico

Perls definia a saúde e a maturidade psicológicas como sendo a capacidade de emergir do apoio e da regulação ambientais para  um  auto apoio  e uma auto regulação. O processo terapêutico representa um esforço na direção desta emergência. O elemento crucial no auto apoio e na auto regulação é o equilíbrio.  Uma das proposições básicas da teoria da Gestalt é que todo organismo  possui  a  capacidade  de  realizar  um equilíbrio ótimo consigo e com seu meio. As condições para realizar  este equilíbrio  envolvem uma  conscientização desobstruída  da  hierarquia  de  necessidades, que descrevemos anteriormente.

Uma apreciação plena desta hierarquia  de  necessidades só pode  ser realizada através  da conscientização  que envolve  todo o organismo, uma vez que necessidades são  experienciadas  por  cada parte  do organismo e sua hierarquia é estabelecida por meio de sua coordenação.

Perls  considera o ritmo  de  contato/fuga  com  o meio  ambiente  (que mencionamos  anteriormente)  como  o componente principal do equilíbrio organísmico. A imaturidade  e  a  neurose implicam  uma percepção  inapropriada do que constitui  este ritmo  ou  uma incapacidade de  regular seu  equilíbrio.

Indivíduos auto apoiados e autorregulados caracterizam-se pelo livre fluir e pelo delineamento claro  da formação figura-fundo (definição  de sentido)  nas expressões  de  suas necessidades de contato  e  retraimento.  Tais indivíduos reconhecem sua própria  capacidade de  escolher os  meios de satisfazer necessidades à  medida que estas  emergem. Têm consciência  das fronteiras  entre  eles  mesmos  e  os outros  e  estão  particularmente  conscientes da distinção  entre  suas fantasias sobre os  outros (ou  o  ambiente) e o que experienciam através do contato direto.

Ao acentuar a natureza do auto apoio e da auto regulação do  bem-estar psicológico,  Perls  não quer  dizer que o  indivíduo  pode  existir,  de  algum modo,  separado  de  seu  meio ambiente.  Na verdade, o equilíbrio organísmico supõe  uma constante  interação  com  o  meio.  O ponto crucial para Perls é que podemos escolher a maneira como  nos relacionamos  com  o meio;  somos auto apoiados  e  autorregulados  quanto  ao fato  de  que reconhecemos  nossa própria  capacidade de determinar  como  nos apoiamos  e  regulamos dentro de um campo que inclui muito mais do que nós mesmos. Perls descreve vários modos  pelos quais se  realiza  o  crescimento  psicológico. O primeiro envolve o completamento de situações ou gestaltes inacabadas, que já descrevemos pouco atrás. Ele também sugere que a neurose pode ser  vagamente considerada  como  um  tipo  de  estrutura  em cinco  camadas, e que o crescimento  psicológico (e  eventualmente  a  libertação  da  neurose) ocorre na passagem através destas cinco camadas.

Perls denomina a  primeira  camada de  camada dos clichês  ou  da  existência dos  sinais. Ela  inclui  todos  os  sinais  de  contato:  “bom  dia”,  “oi” ,  “o tempo está bom, não é?’* A segunda camada é a dos papéis  ou jogos.  É a camada  do “como  se”  em que as  pessoas fingem que são aquelas que gostariam  de ser:  o homem  de  negócios  sempre competente,  a  menininha  sempre bonitinha, a pessoa muito importante.

Depois de  termos  reorganizado essas  duas camadas, Perls sugere  que alcançamos  a  camada  do  impasse,  também  denominada  camada  da  anti-iexistência  ou  do evitar fóbico.  Aqui experienciamos o vazio, o nada: é o ponto em que, para evitarmos o nada, geralmente interrompemos nossa tomada de consciência e retrocedemos à camada dos papéis. Se, no entanto, formos capazes de  manter  nossa  autoconsciência  neste  vazio, alcançaremos  a  morte ou camada  implosiva.  Esta camada aparece como morte ou medo da morte, pois consiste numa paralisia de forças opostas; experienciando esta camada contraímo-nos e comprimimo-nos-implodimos. No entanto, se pudermos ficar em contato com esta morte, alcançaremos a última camada, a explosiva.  Perls sugere que a tomada de consciência deste nível constitui a emergência da pessoa autêntica, do verdadeiro self, da pessoa capaz de experienciar e expressar suas emoções. E  Perls adverte:

Agora, não se apavorem   com a  palavra  explosão.  A maior parte de vocês sabe dirigir um   carro .  Existem milhares de explosões por minuto dentro do cilindro.

Isto é diferente da violenta explosão do catatônico: esta seria  como a explosão num tanque de gasolina .  Outra coisa, uma única explosão não quer dizer nada.

As assim chamadas quebra de couraça da teoria reichiana tem tão pouca utilidade quanto o insight da psicanálise. As coisas ainda precisam  ser trabalhadas

(P erls,  1 9 6 9 ,  p.  85   n a  e d .  bras.,  com os grifos acrescentados).

Existem quatro tipos de explosões  que o  indivíduo  pode  experienciar ao  emergir da  camada da morte.  Existe a explosão em pesar, que envolve o trabalho com uma perda ou morte que não tinha sido previamente assimilada.  Existe a explosão em orgasmo em pessoas sexualmente bloqueadas. Existe a explosão em  raiva  quando  sua expressão foi reprimida. E, por fim, existe a explosão no que Perls chama de joie de  vivre-alegria  e  riso, alegria de viver.

A estrutura  de  nossos papéis é  coesiva  pois  destina-se a absorver e controlar a  energia destas explosões. A concepção  errónea  básica de que essa energia precisa  ser  controlada  deriva  de  nosso medo  do  vazio e  do nada (terceira  camada). Interpretamos a experiência de um vazio como sendo um vazioestéril e não um  vazio fecundo;  Perls sugere que as filosofias orientais, a filosofia Zen em particular,  têm  muito a nos ensinar a respeito da experiência do nada,  positiva e  geradora de  vida, e  a respeito da  importância de permitirmos a experiência do nada sem interrompê-la.

Em todas suas  descrições de  como  um  indivíduo  se  desenvolve, Perls mantém  a  idéia de  que a  mudança  não  pode  ser  forçada e  que o crescimento psicológico é um processo natural e espontâneo.

Obstáculos ao Crescimento

Perls considera a fuga da conscientização e a  consequente  rigidez da percepção  e  do  comportamento  como  os  maiores obstáculos  ao  crescimento psicológico. Os neuróticos (aqueles que interrompem seu próprio crescimento) não podem ver claramente suas necessidades e tampouco podem distinguir de forma apropriada entre eles e o resto do mundo.  Em consequência, são incapazes de encontrar e manter um equilíbrio adequado entre eles próprios e o resto do mundo.  A forma que este desequilíbrio geralmente toma é a pessoa sentir que os limites sociais e ambientais penetram muito fundo dentro dela mesma; a  neurose consiste  em manobras defensivas destinadas ao equilíbrio e proteção contra este mundo invasor.

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