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EFEITOS DA VIVÊNCIA COMO POLICIAL MILITAR NA EXPRESSÃO DA AGRESSIVIDADE ATRAVÉS DO MÉTODO COMPREENSIVO DE RORSCHACH

Por:   •  4/6/2018  •  Projeto de pesquisa  •  2.284 Palavras (10 Páginas)  •  200 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SP

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA SAÚDE

 

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EFEITOS DA VIVÊNCIA COMO POLICIAL MILITAR NA EXPRESSÃO DA AGRESSIVIDADE ATRAVÉS DO MÉTODO COMPREENSIVO DE RORSCHACH

ELETIVA DE PESQUISA EM TÉCNICAS PROJETIVAS

Juliana Mesquita

Luana Bazzali

Maria Cristina Bodini

Thiago Fabio

 Tomas Rubio

Orientadora: Maria Cecília de Vilhena Moraes

2º Semestre - 2017

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como propósito investigar os efeitos da vivência como policial militar, tendo em vista a realidade violenta e estigmatizada dessa população. Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ao menos nove pessoas são mortas pela violência policial todos os dias, resultando um total de 3345 pessoas por ano. Tal valor está acima do número registrado em Honduras, país considerado o mais violento do mundo (Revista Exame). O estado de São Paulo aparece como o primeiro em maior número de mortes em 2015, somando 848 pessoas. Ao mesmo tempo o número de mortes de policiais também vem crescendo consideravelmente; 15 estados brasileiros registraram aumento entre 2015 e 2016 de acordo com levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (Dados retirados do site G1). Isso é relevante à medida que traz indícios do ambiente hostil e agressivo que esses indivíduos estão inseridos, colocando em questão as possíveis repercussões não apenas na saúde física como também na saúde mental desses profissionais.  

As relações entre os membros da polícia são permeadas por confrontos de poder, assédio moral e negociações (DELLASOOPA, 2002).  Muitas vezes as expectativas acerca da profissão não correspondem às realidades que se deparam: falta de reconhecimento, risco de vida, perda de colegas, entre outros, levando a uma possível intensificação do sofrimento mental (CALANZAS 2010). Ainda, a organização hierárquica e a conduta disciplinar da instituição são outros aspectos que refletem na saúde mental dos policiais (SILVA, VIERA 2008). De acordo com o estudo feito por Minayo, Souza e Constantino (2007) a falta de uma noção geral do processo de trabalho da polícia leva a uma atitude imediatista, reativa e focada nos aspectos operativos. O autoritarismo vivenciado na academia é reproduzido no contato com a população, levando à desconstituição da própria individualidade.

“todas as pessoas apresentam uma “fachada” em sua interação com o meio social. Desse modo, a instituição policial e seus agentes também construíram uma imagem ao longo do tempo que pretendem passar para a sociedade. É preciso assim sustentar essa “fachada” por meio de uma atuação padrão em que não há espaços para a manifestação do “eu”, isto é, sem subjetividades e com um padrão e modelo no modo de pensar, sentir e agir por parte desses policiais.” (GOFFMAN mencionado por PROVESI, 2014).

Outros efeitos do desgaste psicológico infligido pela rotina estressante podem ser abuso de álcool e outras drogas, insônia, violência intrafamiliar, tentativa ou ideação suicida e aumento na agressividade (MINAYO et al, 2011).

Tendo em vista a permissão para o uso da força, de armas e do direito a decidir sobre a vida e a morte, Balesteri (2003) defende que os policias estão submetidos a uma “irresistível atração à perversidade, ao delírio onipotente, à loucura articulada” (p.34). Esse movimento dá sentido à apreensão por parte da população em relação a conduta policial; um levantamento do Datafolha apontou que 62% dos moradores de cidades com mais de 100 mil habitantes têm medo da violência e agressão por parte da Polícia Militar.

O conceito de agressividade abrange múltiplos significados. O sentido denotativo da palavra presente no dicionário Michaelis é “disposição para ser violento ou para agredir” (acessado pela internet), já no âmbito jurídico penal, trata-se de um ato contrário ao direito do outro (MEDINA, 1994). A psicologia defende que a agressividade faz parte da natureza humana, ou seja, nascemos com a potência agressiva cuja função está relacionada a sobrevivência e, consequentemente, ao desenvolvimento do indivíduo. Há uma parte infantil da nossa personalidade que exige gratificação imediata dos desejos, como pode ser observado na primeira infância, fase do desenvolvimento em que somos instintivamente levados a responder agressivamente aos desejos frustrados, como o bebê que não recebe o alimento no exato momento e chora em desamparo, funcionamento este destacado por Melanie Klein (1975).

Para a psicanálise freudiana, a agressividade está relacionada a disjunção entre dois instintos: a pulsão de vida e a pulsão de morte. “As atitudes agressivas observam-se na primeira infância e aumentam de frequência com a idade para em seguida mudarem de expressão: parte é gasta em atividades laborais, desportivas e de passatempos e parte recalcada no inconsciente.” (CUNHA, 2003). A medida que o sujeito cresce, as formas de expressão são elaboradas e abrimos mão da gratificação das nossas próprias pulsões para ingressar na lógica de convivência em sociedade, o pacto social, como visto em “O Mal-estar da Civilização” (FREUD, 1930). Contudo, existe uma parte infantil da personalidade do ser humano que exige gratificação imediata dos desejos, e a não gratificação resulta na frustração, sendo a agressividade sua manifestação e expressão (CUNHA, 2003). O funcionamento do pacto social é, assim, posto em cheque quando o indivíduo se confronta com situações limite;  levando em consideração a experiência de constante ameaça e risco em que os policiais militares são submetidos, podemos inferir que a agressividade sofrerá mudanças significativas na sua expressão.  Apesar de ser consenso entre os autores a inexistência de uma definição correta e única de agressividade, no presente trabalho partiremos da ideia de que a agressividade é consequência de experiências de frustração e está ligada a comportamentos que ultrapassem e agridam os limites de bem estar do outro.

Diversos estudos realizados através do Método de Rorschach justificam a utilização deste para reconhecer características comuns relativas a agressividade.  Uma pesquisa realizada por Tonelli (1968), por exemplo, mostra que uma série de variáveis relativas a agressividade intensa aparecem de forma excessiva nos protocolos de indivíduos que cometeram crimes violentos.   Tais variáveis foram: % F elevada, %F- extendida elevada, tempo elevado, %H elevada, determinantes elevados, pouca diversidade de conteúdos, maior síndrome de angústia, maior imaturidade afetiva e ausência do controle socializado da afetividade (PELLINI, 2006).

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