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ERRO DE PAIS

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Por:   •  28/11/2014  •  Tese  •  1.033 Palavras (5 Páginas)  •  196 Visualizações

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ALIENAÇÃO PARENTAL

A justiça está acostumada com pais fujões ou com aqueles que não pagam pensão. Mas não entende homens como o cineasta Pedro Diniz, 54 anos. Ele criou o filho, Lucas, desde que o menino nasceu, em 2005. A mãe nunca quis saber do garoto, mas tinha liberdade total para vê-lo – o que quase nunca fazia, segundo o pai. Pedro, que também cuidou dos quatro filhos do primeiro casamento após a separação, organizou-se para ser o melhor pai que Lucas podia ter. Trocou a vida de microempresário pela de professor universitário para poder se dedicar ao caçula:

“Fiz isso porque precisava ter tempo para meu filho”, lembra. E foi assim até quando o menino completou 7 anos e a mãe decidiu então que queria ficar com Lucas. “Quando ela casou com um empresário, veio me oferecer um apartamento em troca da guarda dele”, conta. Pedro não aceitou a “proposta” e foi ameaçado: “Ela mandou que eu me preparasse, porque ia entrar na justiça”. E assim foi. A mãe de Lucas não estava mais em Goiânia, onde o menino nasceu, e sim em Vitória, no Espirito Santo. Pedro e o filho nunca saíram da capital de Goiás. “Lucas nunca tinha morado com a mãe. Em Goiânia tinha a escola, os irmãos e os amigos que o conheciam desde bebê. Mas a justiça nem me ouviu: deu a guarda para ela”, lembra.

Pedro recorreu, mas antes de ser ouvido pela justiça a mãe de Lucas apareceu de surpresa para visitar o filho. O menino estava na rua brincando com o pai e alguns amigos. Em um momento de distração, ela levou o menino com a ajuda do atual marido: “Foi uma daquelas cenas de cinema. Eu entrei em casa por um instante e ela arrastou meu filho para dentro de um carro que saiu em alta velocidade”, lembra, com a voz embargada. A vizinhança gritou, o pai se desesperou. Fez boletim de ocorrência e, ao procurar a justiça, teve dificuldade que entendessem que ele e o filho tinham sido vítimas de violência e de alienação parental: “Eu ouvia sempre que se o menino estava com a mãe, então estava tudo bem!”. Ficou nove meses sem notícias de Lucas.

Durante sua investigação solitária, embarcou de ônibus para a capital paulista. Assistimos ao pai na estrada e depois pegando trem, metrô e passando seis horas na frente do prédio onde o menino morava com a mãe e o padrasto. Ele interfonou. Telefonou. Não foi atendido e no final do dia embarcou de volta a Goiânia. Pergunto quantas viagens já fez em busca de Lucas, que ele já sabe que não está mais em São Paulo. “Perdi a conta”, diz, pensativo. Está na estaca zero de novo. Nos últimos dezoito meses, Pedro conseguiu ver o filho por apenas 18 minutos, em uma das audiências que a justiça marcou. Neste período, apenas um dos seus milhares de telefonemas foi atendido. “Falei por telefone com o Lucas por oito minutos. E só.” O direito de passar as férias com o filho nunca foi respeitado e a justiça, mesmo sendo avisada disso, nada fez, segundo ele.

Esse pai é apenas mais uma vítima de alienação parental, violência silenciosa praticada na maioria das vezes pelas mães que tentam afastar os filhos dos pais, geralmente depois da separação do casal. Pedro Diniz acredita que a justiça não dá valor para os pais responsáveis. “Os homens de terno não entendem o amor que os pais podem ter pelos seus filhos. Mas eles não são eternos. O tempo os mostrará que os homens de hoje sabem cuidar dos seus filhos. Aprenderam com as mulheres”, filosofa no vídeo. Pelo telefone fala comigo, agora indignado. “O sistema está todo errado. Eu vou bater nessa tecla enquanto eu respirar”.

Estamos em novembro de 2014. A cada nova pista, Pedro embarca em busca do filho. Mas agora, entre uma viagem e outra, vai também a Brasília pressionar pela aprovação do projeto de lei que determina que toda a guarda seja compartilhada entre pai e mãe, com direitos e deveres iguais. O PLC 117/13 tramita há dez anos no Congresso Nacional, mas ainda não tem data para ir à votação.

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