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Factores que Influenciam o Desenvolvimento da Linguagem

Por:   •  26/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.596 Palavras (7 Páginas)  •  372 Visualizações

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Introdução

O presente trabalho enquadra-se na disciplina de Psicolinguística do curso de Ciências da Comunicação com o tema Factores que influenciam o desenvolvimento da linguagem este que é de extrema importância pois diversos factores podem estar envolvidos com as alterações de linguagem, como, por exemplo, as relações sociais pobres ou deficitárias, a falta de oportunidades linguísticas no ambiente, o retardo mental, o autismo, as síndromes genéticas e cromossómicas, os deficits motores ou sensoriais, além do Transtorno de Deficit de Atenção/Hiperactividade. E os atrasos específicos no desenvolvimento da linguagem devem ser identificados precocemente, uma vez que tais alterações podem interferir nos aspectos sociais e escolares da criança. Os transtornos de linguagem nas crianças são associados, na literatura, também a prejuízos psicossociais, tais como baixa auto-estima, isolamento social e ansiedade.

Fazendo o uso de uma pesquisa bibliográfica o trabalho contém duas partes em que a primeira trata sobre o conceito do pensamento e a linguagem e a segunda trata dos factores que influenciam o desenvolvimento da linguagem.

Factores que influenciam o desenvolvimento da linguagem

Pensamento e Linguagem

Segundo Vygotsky citado por Miranda e Senra (2012) o Desenvolvimento da Linguagem implica também no desenvolvimento do pensamento, pois é através das palavras que o pensamento ganha existência, se materializa e promove a relação entre coisas. Isso denota que há uma distinção entre os planos interiores (semântico e significativo) e exterior (fonético) da fala, mesmo que dêem origem a uma unidade e tenham suas próprias leis.

Piaget (1967) parte do pressuposto de que a linguagem tem origem a partir do estágio sensório-motor, quando a função simbólica passa a exercer sua actividade: dar ao sujeito, à criança a capacidade de representação de objectos, acções e palavras. Através de uma concepção de desenvolvimento baseada na génese do conhecimento, esse autor assegurou que a origem do pensamento antecede à linguagem com suas funções, formas e características. Por esta razão, a aquisição da linguagem só é possível quando as condutas sensório-motoras passam às acções conceitualizadas por meio da socialização e dos progressos da inteligência pré-verbal com a interiorização da imitação na forma de representação.

Em oposição a Piaget, Vygotsky (1998) não possui uma concepção em que cada um desses processos (pensamento e linguagem) anteceda um ao outro. Para Vygotsky (1998), há um elo que os conecta e que os faz influenciarem-se mutuamente, que é a palavra. Referente à origem da linguagem esse autor a explicita através dos estudos da formação dos conceitos, dos tipos de fala, inclusive em comparação com a compreensão de Piaget acerca da fala egocêntrica e sua função. Enquanto para Piaget ela é uma expressão directa do pensamento egocêntrico, que não se adequa ao pensamento adulto, isto é, um tipo de pensamento intermediário ao autismo primitivo de pensamento e à socialização; para Vygotsky ela consiste num fenómeno de transição de funções interpsíquicas para as intrapsíquicas, que abarca toda a actividade social da criança e constitui um parâmetro de desenvolvimento comum às demais estruturas e funções psicológicas superiores.

Factores que influenciam o desenvolvimento da linguagem

Segundo Johnston (2011) o desenvolvimento da linguagem é ainda mais impressionante quando consideramos a natureza do que é aprendido. Pode parecer que as crianças precisem apenas lembrar-se do que ouviram e repeti-lo em algum momento posterior. Mas, como mostrou Chomsky há tempos atrás, se essa fosse a essência da aprendizagem da linguagem não seríamos comunicadores bem-sucedidos. A comunicação verbal requer produtividade, isto é, a capacidade de criar um número infinito de enunciados que nunca ouvimos antes. Essa inesgotável capacidade de inovar exige que alguns aspectos do conhecimento linguístico sejam abstractos. Em última instância, as “regras” de combinação de palavras não podem ser regras para determinadas palavras, e sim regras para classes de palavras, tais como substantivos, verbos ou preposições. Desde que disponha desses esquemas abstractos, o falante pode preencher os “espaços” de uma frase com as palavras que melhor traduzam a mensagem do momento. O ponto-chave de Chomsky era que, uma vez que abstracções nunca podem ser vivenciadas directamente, precisam emergir da própria actividade mental da criança ao escutar a fala.

Ou seja, a linguagem se desenvolve com base na genética e em estímulos verbais que são originados no ambiente em que se está inserido. O desenvolvimento da linguagem é um processo evolutivo e complexo que envolve principalmente a cognição. A criança tem, ainda, seu desenvolvimento influenciado pela nutrição, estimulação, educação e o ambiente em que ela e sua família se encontram.

Factores determinantes

Segundo Johnston (2011) há considerável consenso sobre o facto de que o curso do desenvolvimento da linguagem reflecte a interacção de factores de, pelo menos, cinco domínios: social, perceptivo, de processamento cognitivo, conceitual e linguístico. Os teóricos diferem na ênfase que atribuem a cada domínio, mas a maioria deles concorda que todos são importantes.

Factores Sociais

Dois estudos verificaram o efeito do ambiente social imediato da criança, da dinâmica familiar e aspectos da história dos pais como sendo potenciais factores de risco para o desenvolvimento da linguagem da criança. Um deles destacou que cuidados pediátricos precoces representam uma oportunidade significativa para o reforço no desenvolvimento de crianças. Esse estudo ressalta que a pobreza está relacionada a dificuldades no desenvolvimento da criança e na sua preparação para o início da alfabetização. Isso porque as interacções verbais entre os pais e a criança são importantes para o desenvolvimento adequado da linguagem oral e leitura da criança e tendem a ser reduzidas quando as famílias são consideradas de baixo nível socioeconómico.

O outro estudo avaliou a relação entre os riscos ambientais e a intervenção precoce sobre as atitudes parentais. Incluíram, nesse estudo, crianças cujas mães apresentavam histórico actual ou pregresso de abuso de substâncias. Foram avaliadas 161 mães e seus filhos, por 18 meses. O grupo de intervenção recebeu visitas semanais nos seis primeiros meses e quinzenalmente entre os 6 e 18 meses. A linguagem foi avaliada por meio da ReceptiveExpressive Emergent Language Scale (REEL). Dez factores de risco para o desenvolvimento e a linguagem foram avaliados: depressão materna, violência doméstica, tamanho da família, violência não doméstica, encarceramento, ausência de namorado ou marido, eventos de vida negativos, status psicológico e problemas psiquiátricos, falta de moradia e uso materno de drogas. Observou-se que mulheres com mais de cinco factores de risco apresentaram, com maior frequência, comportamentos abusivos e negligentes, colocando seus filhos em maior risco para o desenvolvimento infantil geral e da linguagem.

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