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Fichamento - Drogas e violência: percepção social em uma comunidade

Por:   •  16/11/2017  •  Resenha  •  1.419 Palavras (6 Páginas)  •  331 Visualizações

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FICHAMENTO - Artigo:  Drogas e violência: percepção social em uma comunidade

Lúcia Margarete dos Reis , Magda Lúcia Félix de Oliveira

        

Introdução

O uso de drogas de abuso, consideradas como qualquer substância que ao ser introduzida no organismo provoca alterações no seu funcionamento, modificando uma ou mais funções, tem aumentado desde a década de 1990 e suas consequências na vida do indivíduo e da sociedade são consideradas um problema social e de saúde pública, no Brasil e no mundo. O Relatório Mundial sobre Drogas, publicado em 2011 revela que o número de usuários dessas substâncias passou de 180 milhões em 2009 para 210 milhões em 2010.

O aumento do consumo de drogas e, consequentemente, da comercialização e ou tráfico, levou os moradores das comunidades à exposição das consequências desse contexto, marcado por problemas sociais, econômicos, legais, e de saúde, que envolvem violências e criminalidade, problemas no trabalho e desagregação de famílias. Algumas comunidades estão mais exposta às drogas de abuso, e ao impacto decorrente do seu uso, ampliando a percepção e a discussão sobre os problemas sociais existentes e o impacto das drogas na qualidade de vida e saúde da população.

A percepção da violência é resultado da exposição frequente a imagens violentas nos meios de comunicação, e ao testemunho de atos violentos na própria comunidade, fortalecendo a crença que a violência é o desfecho natural e legítimo para muitos conflitos sociais. A população recebe informações sobre a violência relacionada à comercialização/tráfico e ao perigo do uso das drogas e, em contrapartida, é alvo de propagandas sofisticadas para estimular o consumo de bebida alcoólica e tabaco, que têm se destacado como precursoras do uso de drogas ilícitas. Diante desta ambiguidade de informações, o reconhecimento da percepção social sobre o contexto que envolve o uso de drogas de abuso, e da influência que a violência exerce sobre a vida das pessoas nas comunidades, configura-se como importante ferramenta para a elaboração de estratégias de enfrentamento desse fenômeno. Desse modo, o presente estudo teve como objetivo investigar a percepção social sobre drogas de abuso e violência em uma comunidade.

Procedimentos metodológicos da pesquisa

Estudo quantitativo, descritivo, e transversal, utilizando inquérito domiciliar de base populacional, realizado em um município da região Noroeste do Paraná. O local da presente pesquisa foi um conjunto habitacional, inaugurado na década de 1990, destinado à famílias de baixa renda em que o responsável estivesse desempregado ou tivesse renda inferior ao salário mínimo vigente na época, e a família fosse constituída por cinco membros, com ou sem laços consanguíneos. Para o delineamento do número de sujeitos foi considerada amostragem probabilística aleatória, representativa dos 5.140 moradores, estabelecendo nível de confiança de 95%, erro amostral de 0.05 e valor de p 0.10. A partir desse processo foi constituída amostra populacional de 358 pessoas, sendo entrevistado um morador, com idade igual ou superior a 18 anos, em cada domicílio. Um sistema de referência com visitas in loco à comunidade foi criado, utilizando um sistema com três estágios – sorteio das quadras, sorteio dos domicílios e sorteio do respondente presente no domicílio no momento da chegada da entrevistadora ao domicílio. O questionário estruturado incluiu questões referentes ao perfil socioeconômico dos entrevistados, e à percepção sobre a presença de drogas na comunidade e as consequências na vida do entrevistado e da família.

Percepções identificadas

Dos 358 entrevistados, 98,6% informaram que percebem a presença de drogas de abuso na comunidade em graus distintos de intensidade. Destes, a maioria respondeu que percebe a existência de drogas com intensidade elevada 81,3%, 13,1% referiram intensidade moderada, 2,8% consideraram baixa intensidade e o desconhecimento da intensidade da presença de drogas e a percepção de ausência de drogas de abuso na comunidade foi referido por apenas 10 entrevistados (2,8%). Quando questionados sobre as alterações na vida familiar e social e as influências no cotidiano ocasionadas pela presença de drogas de abuso na comunidade, 56,1% dos moradores entrevistados referiram que esta presença foi considerada “preocupante” e motivo de sofrimento para 61,5% (Tabela 1). A presença de drogas de abuso na comunidade ocasionou interferência na vida familiar (22,1%) e social (29,5%) e no comportamento familiar (24,9%) dos entrevistados.

Ao serem questionados sobre o principal motivo da forte circulação e consumo de drogas de abuso na comunidade, 92,3% entrevistados elencaram oito motivos da existência das drogas de abuso na comunidade, que foram agrupadas em equipamentos de segurança pública, determinantes sociais, componentes familiares e componentes pessoais.

Quanto à relação uso de drogas e violência, a maioria dos moradores (90,2%) referiu que percebe a presença de violência na comunidade, destes, 93,8% a relacionaram com a presença do uso de drogas de abuso. Dos 358 entrevistados, 8,7% sofreram atos violentos na comunidade, anterior à entrevista, sendo que as mulheres representaram 74,2% destes entrevistados. Dentre os tipos de violências referidos pelos entrevistados, a agressão física (38,7%) e assalto (35,5%) configuraram os tipos de violência frequentemente referidos pelos entrevistados, embora houvesse também agressão verbal (19,4%) e tentativa de assassinato (6,4%). O medo de sofrer violências na comunidade foi referido por 79,6%, dentre estas violências foram citadas assalto (33,8%), bala perdida (17,0%), assassinato (15,9%), agressão física (10,9%) e violência sexual (2,0%). Aos serem questionados sobre atividades cotidianas, 72,6% informaram que não realizam atividades como chegar ou sair de casa no período noturno (58,5%), e sair de casa em qualquer hora do dia (30,0%), frequentar festas e bares na comunidade (2,7%) e dialogar com usuários de drogas (8,8%).

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