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Gravidez na Adolescência e Uma Análise do Documentário "Meninas" de Sandra Werneck

Por:   •  18/9/2018  •  Resenha  •  2.299 Palavras (10 Páginas)  •  238 Visualizações

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* As características apresentadas por este evento em diferentes contextos;

* As variáveis relacionadas “A gravidez na adolescência”;

* Fatores de risco e proteção.

A gravidez na adolescência é vista hoje como um acontecimento anormal. No entanto, e de acordo com Diniz (2014), nem sempre foi assim. Essa percepção começou a penetrar na cultura a partir de 1960. Até então era natural a mulher se tornar mãe entre os 14 aos 19 anos, conforme hoje é classificada a gravidez na adolescência. Diante disso, a autora reforça o quanto, os aspectos culturais são imperiosos, tanto quanto à questão da idade, por hoje a sociedade julgar incapacitada a mulher nessa faixa de idade conceber um filho, mediante a formação da identidade e profissionalização, quanto ao conceito da própria gravidez, que até então era um produto socialmente aceito e que culturalmente hoje não é mais concebido de tal forma.

No documentário “Meninas” essa questão fica muito evidente frente à reação dos pais das adolescentes ao saberem da gravidez. Antonizia, mãe da Luana, ao se questionar o que será dela, com apenas 15 anos e já estar grávida. Toma a si mesma que engravidou quando já tinha 23 anos, e quando se refere sobre a incapacidade de conceber um filho: “o que ela sabe o que é ser mãe?” Outro aspecto é o pai de Evelin, José Gentil: minha filha, ela assim tão nova, ainda brinca de boneca [...] um criança [...]”.

A autora discute as características da gravidez na adolescência mediante os contextos pelos quais ela ocorre. Dessa forma, saliente que as pesquisas apontam forte relações entre a gravidez nessa faixa etária e o baixo índice econômico. No entanto, a preocupação consiste em explanar essa relação. Discute-se nesse sentido que, no meio social econômico médio, há a preocupação com a escolarização, a profissionalização da mãe, enquanto nos níveis de baixo perfil econômico, impera a falta de expectativas futuras, e ocorrendo apenas a preocupação com a subsistência da mãe e do bebê.

Essa ralação fica evidente no documentário. Ao mostrar as quatros adolescentes, grávidas, morando nos bairros menos abastados: Morro dos Macacos e Rocinha. A realidade de pobreza vividas por essas adolescentes e a falta de expectativas, como citada numa das falas de Evelin, de 13 anos, onde relata não ter condições de ir embora e se contentar com a situação socioeconômica.

Nesse contexto, as características apresentadas pela autora, são a partir dos fatores socioeconômicos. Na cultura mais desenvolvida, com poder econômico médio ou média alta, o adolescente possui as condições de estender mais os seus estudos, adiar o casamento e a gravidez, e se dedicar ao profissionalismo e a entrada no mercado de trabalho. Nas culturas de baixo poder socioeconômico, de educação precária, o adolescente não obtém a mesma oportunidade, abandonando mais cedo os seus estudos e se contentando com o seu sistema. Nesses casos, a entrada mais cedo para o casamento e/ou a gravidez.

O aspecto da educação precária também pode ser observado, quando na fala de Alex, namorado de Edilene, relata sobre as suas faltas de cuidado frente a anticoncepção. A educação nesse sentido também exerce um papel fundamental, na prevenção através da informação e elucidações.

Ducan apud Diniz (2014) aponta três classificações de gravidez na adolescência. No primeiro grupo, socioeconomicamente mais desfavorecido, a gravidez surgiria como forma de esperança frente ao vivido até então. No entanto com o passar do tempo, reforçaria a questão da pobreza e baixa escolaridade; no segundo grupo, com recursos e escolarização, a gravidez seria concebida como obstáculo e perturbador para a realização dos sonhos e projetos e no terceiro grupo, a gravidez seria um catalizador dos problemas enfrentado até então. Serias as adolescentes que mediante a gravidez, estabeleceriam um projeto para o futuro, abandonando muitas vezes a delinquência e voltando para a escola.

No documentário em questão, encontra-se presente o primeiro e o terceiro grupo. No entanto, o primeiro grupo, com relação mais forte, ao demonstrar o abando de muitos sonhos e principalmente os estudos. Situações relatadas nas falas de Joice, que teve que abandonar o sonho de entrar na Marinha e de Luana, ao relatar que – ser mãe – estava dando mais trabalho que imaginava, tendo que desistir do curso por não poder ir à escola devido ao bebê. Essa situação – da baixa escolarização – reflete num círculo contínuo, onde a gravidez, perpetuará, nesses casos, a situação socioeconômica.

A discussão dos fatores de risco e proteção acontece em dois momentos históricos. A autora discorre que antes de 1990, os estudos abordavam apenas a questão socioeconômica como risco ou proteção para a mãe-bebê. No entanto, reforça que, os estudos mais recentes abarcam outros fatores, tais como história do desenvolvimento, idade e recursos psicológicos dos pais, nível socioeconômico de origem, rede de suporte social e características do bebê. A Organização Mundial da Saúde aponta como fatores de risco a depressão materna, a morte materna e infantil pré-matura, falta de recursos para a subsistência, problemas de desenvolvimento da criança e uso de substâncias pela mãe, maiores índices de problemas perinatais decorrentes dos precários serviços de saúde e informações. Reforça no entanto, o papel do apoio social e os planos para o futuro.

A relação frente ao apoio social também está refletido no documentário. Na fala de Luana, quando relata as roupas recebidas de uma amiga da mãe, que são membros da igreja. Esse apoio é fundamental, nesses casos, onde a mãe e o bebê recebem os cuidados adicionais frente ao desenvolvimento da criança. Também o documentário retrata a falta de apoio, principalmente advindo do pai da criança, que é o caso do pai da filha de Evelin, que estava envolvido com o tráfico, alegou a procura por nova ocupação, mas acabou morto em confronto com a polícia. Essa falta de apoio, pode acarretar graves prejuízos, tanto financeiros, físicos e psicológicos.

A autora aponta as variáveis relacionadas à gravidez na adolescência. Entre as principais cita o contexto do desenvolvimento da adolescente; a baixa escolaridade, relações sociais insatisfatórias, baixas expectativas de futuro; relacionamento familiar – menos apoiadores; o apoio social, tido como unicamente a mãe, o namorado e os amigos. O pai do bebê é uma variável de apoio como também poderá se apresentar como fator estressante, perante a sua postura frente à gravidez, ou seja, poderá se mostrar presente e apoiador ou ausente ou exigir maiores

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