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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO CONTEXTO EDUCACIONAL

Por:   •  13/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.530 Palavras (11 Páginas)  •  176 Visualizações

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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO CONTEXTO EDUCACIONAL

William Justiniano 1

                                   Ingrid D’Avila Francke 2

Marlene Machado de Ávila 3

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo revisar teoricamente o conceito de inteligência emocional aplicado ao contexto educacional. Sabe-se que a inteligência emocional é um conceito recente, e mais recente ainda é sua aplicação no contexto educacional, desta forma, torna-se importante olhar para esta relação (inteligência emocional x escola) e poder identificar os benefícios advindos dela. Trata-se de um estudo com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico e baseado na experiência vivenciada pelos autores por ocasião da realização de estágio no campo da psicologia educacional. Dentre os benefícios encontrados, evidencia-se que, a inteligência emocional surge como uma resposta para trabalhar especialmente com os alunos com algum tipo de dificuldade em acompanhar com êxito as atividades propostas em aula, além de dar suporte para a escola e professores desenvolverem um ambiente mais saudável e humanizado.

Palavras- chave: Gestão emocional. Inteligência emocional. Educação. Professores.

     

INTRODUÇÃO

O termo Inteligência Emocional (IE) surgiu na década de noventa a partir dos estudos de Salovey e Mayer, todavia ganhou popularidade em 1995 com a publicação de livro Inteligência Emocional de Daniel Goleman (Cobêro, 2003). Goleman (2001) afirma que os melhores profissionais, ou seja, aqueles que possuem alto desempenho no labor das suas atividades possuem traços e características específicas que compõem o que se conhece por Inteligência Emocional. Desta forma, para este autor, o sucesso na vida profissional está intrínseco ao conceito e aplicação da IE. Neste sentido, a inteligência emocional ganhou muita força no contexto organizacional, uma vez que apresenta o viés do aumento de desempenho. 

Os traços e características propostos por Goleman (2001) são estruturados em dois modelos: os relacionados à competência pessoal – autoconhecimento e o autocontrole; e os que são relacionados à competência social – a empatia e as aptidões interpessoais. Assim, mesmo sendo recentes, os estudos sobre a Inteligência Emocional e sua aplicabilidade parecem estar intimamente ligados a um processo psicopedagógico, uma vez que a IE é uma habilidade a ser desenvolvida. Somado a essa qualidade pedagógica, os autores convergem que este habilidade deriva dos próprios processos de evolução da sociedade, da família e da escola, uma vez que estas instituições possuem a capacidade de desenvolver os traços supramencionados. “Também há fortes indícios de que esse viés pedagógico está, em boa parte, delegado aos professores, ou seja, a função de assumir o papel de ‘alfabetizadores emocionais’, antes exercida intuitivamente, agora está consciente” (Wedderhoff, 2001, p. 2).

Portanto, este estudo buscou revisar teoricamente o conceito de inteligência emocional aplicado ao contexto educacional. Trata-se de um estudo com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico e baseado na experiência vivenciada pelos autores por ocasião da realização de estágio no campo da psicologia educacional, desta forma, será possível identificar ao longo do texto, as questões da prática psicológica na educação entrelaçadas à teoria revisada.

DIFICULDADE NA ESCOLA: UMA QUESTÃO DE QI OU DE EMOÇÃO?

A concepção mais clássica de inteligência é a de William Stern, ele foi o criador da equação do Quociente Intelectual (QI) que indica o nível de inteligência de um indivíduo a partir da aplicação de testes psicométricos e escalas. Há com isso o entendimento de que a inteligência é uma capacidade mental que pode ser medida e quantificada por meio dos testes de QI. Com a disseminação destes conceitos, uma criança com problema de aprendizagem, a partir deste entendimento, passa a ser considerada uma criança com problemas de QI e, por consequência, abaixo da média (Amaral, 2007).

Todavia é sabido que a maioria das dificuldades de aprendizagem que os alunos apresentam durante o desempenho escolar está atrelada a uma série de problemas emocionais que podem tanto motivá-las quanto dimensioná-las. São incontáveis os problemas emocionais que podem se manifestar através da dificuldade no desempenho escolar, desde questões de relacionamento familiar até as questões sociais (Martinez, Garcia e Montoro, 2004).

Martinez, Garcia e Montoro (2004) afirmam que a emoção compõe a base de toda a aprendizagem, ou seja, é preciso um quantum de emoção saudável para que o aluno aprenda e se desenvolva. Na maior parte dos casos onde se visualiza as dificuldades de aprendizagem não são os problemas de nível cognitivo que estão em evidência, mesmo sendo tendencioso pensar neles, mas sim a ausência de uma base emocional que cria a motivação e o consequente desejo de conhecer o novo e o prazer de aprender. Muitas vezes por se desconsiderar este aspecto emocional, o apelo às classificações de inteligência ganha muito espaço, quando na verdade, o que está em jogo não tem a ver com isso.

Neste mesmo sentido, Boursheid (2010) refere que os professores assumem um papel importante nesse processo de lidar com as dificuldades: além de identificar os baixos rendimentos em português, matemática, etc., devem poder olhar para o aluno na perspectiva do “analfabetismo emocional”. Isso não exime a preocupação com a aprendizagem, mas acrescenta a isso a responsabilidade de poder identificar o que as crianças estão sentindo, como se percebem e se relacionam e como podem ser ajudadas neste aspecto.

Esse entendimento e habilidade dos professores em identificar as dificuldades emocionais de crianças agressivas e difíceis de lidar são fundamentais para que se evite o desperdício de tempo e energia para lidar com algo que efetivamente não é raiz do problema, mas sim uma consequência dele. Obviamente, o que se pretende não é restringir todos os problemas de aprendizagem às questões emocionais, mas evidenciar que nem tudo está relacionado ao QI (Bourscheid, 2010).

Na prática educativa do estágio percebe-se que esta é uma das grandes dificuldades da escola: poder identificar o analfabetismo emocional dos alunos e trabalhar as questões referentes a este processo. O que se identifica é que as escolas, na vivência das diversas dificuldades e limitações que já vivenciam em detrimento do contexto político social que estão inseridas, acabam se limitando ao desenvolvimento das habilidades intelectuais. Desta forma, fica como uma possibilidade de intervenção da psicologia neste contexto.

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