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"Jardim Campo Belo: Onde é Possível Nascer Flores." A Clínica Ampliada Possível Num Módulo De Saúde Da Família.

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Por:   •  15/11/2014  •  6.198 Palavras (25 Páginas)  •  1.061 Visualizações

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Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Ciências Médicas

Departamento de Medicina Preventiva e Social

Aprimoramento em Planejamento e Administração em Serviços de Saúde

“Jardim Campo Belo: onde é possível nascer flores.”

A Clínica Ampliada possível num Módulo de Saúde da Família.

Aprimoranda: Fernanda Pastori.

Supervisores: Rosana Onocko Campos.

Lílian Miranda.

Campinas, fevereiro de 2008.

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“Sempre somos capazes de dar algo mais; mesmo nas pedras germinam as flores”. (Bergson)

Quando cheguei ao jardim, logo me disseram que de belo não havia nada, só o nome. À primeira vista não era nada agradável e realmente parecia não haver beleza alguma. Mas se tinha tal nome, não seria por acaso. Algo de belo aquele lugar deveria ter – pensava eu com meus botões. Resolvi então procurar...

E foi nessa tentativa de busca, que fui me deparando com pequenos canteiros, alguns com flores murchas, espinhos e ervas daninhas, mas também outros, com botões frágeis, que se cultivados e cuidados desabrochariam lindas flores.

Decidi investir nestes, jogando mais adubo e sementinhas, regando e cuidando a cada dia para que não morressem. E eles sobreviveram!

Depois de onze meses nesse jardim, percebi que ali era possível nascer flores. Flores de diversos tipos, cheiros e cores, e que eu, havia ajudado a plantar algumas delas.

Objetivos

Neste trabalho pretendo apresentar a Clínica Ampliada (no caso as flores) possível num Módulo de Saúde da Família, de modo a valorizar e dar visibilidade de que é possível utilizar esta proposta de trabalho na Atenção Básica.

Espera-se que, apontando os modos de fazer Clínica Ampliada desse serviço, eles se potencializem de tal forma, que a equipe se aproprie cada vez mais desse jeito de fazer clínica. O trabalho, portanto, almeja ser um disparador.

Citarei algumas tentativas da ampliação de práticas clínicas, que no cotidiano deram certo e que estão acontecendo no serviço (as propostas de grupo, o acolhimento no sentido estrito da palavra, a discussão de caso na equipe interdisciplinar, a intersetorialidade).

Mas como nem tudo são flores, apontarei também as dificuldades e os entraves de integrar essa prática clínica no cotidiano do serviço e dos profissionais da saúde.

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Conhecendo o terreno...

O serviço mencionando trata-se de um Módulo de Saúde da Família, inserido na Atenção Básica, localizado no distrito sul de saúde do município de Campinas. Um Módulo de Saúde é uma unidade de saúde de menor porte que comporta uma única equipe e é ligado gerencialmente a uma unidade de maior porte, que no caso é o Centro de Saúde São Domingos.

Ele abrange uma população que possui por volta de 12 mil habitantes, divididos em quatro micro-áreas, e conta apenas com uma equipe, composta de: um médico de família, um generalista, uma enfermeira, um ginecologista, dois pediatras, um dentista, um agente de consultório dentário, sete auxiliares de enfermagem, oito agentes comunitárias de saúde, um auxiliar administrativo, duas ajudantes de serviço geral, e no presente ano uma aprimoranda de psicologia que é quem escreve ao leitor.

O espaço físico em que este serviço está instalado encontra-se em condições bastante precárias. Além de localizar num território sem pavimentação, suas instalações internas são feitas de alvenaria, onde estão distribuídas as minúsculas salas, nas quais são realizados os atendimentos. A escassez de espaço físico é um dos principais motivos que dificulta o trabalho na unidade.

A maioria da população local é SUS dependente, ou seja, utilizam-se do sistema público como único recurso acessível. O fato de o serviço funcionar através do sistema de senhas, acaba por limitar o acesso do usuário, ferindo um dos princípios do SUS que é a garantia do acesso universal. Os pacientes muitas vezes são sujeitados a chegar de madrugada, enfrentarem chuva, frio e vento para conseguir uma senha e muitas vezes nem ser atendido.

É importante salientar que a grande maioria da população deste território, (sobre)vive em condições de miséria extrema. Muitos deles são migrantes de outros estados e, por tal motivo, ocuparam o espaço por invasão, o que lhes dá a sensação de não pertencimento ao lugar. Mais adiante, pretendo abordar esse aspecto novamente.

Além da saúde, funcionam no mesmo local a educação (Fumec) e um Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). O que chama atenção é

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que embora compartilhem do mesmo espaço físico, isso não lhes garante a interlocução necessária.

Integrante do programa de aprimoramento profissional: “Planejamento e Administração de Serviços de Saúde”, da Faculdade de Ciências Médicas – Unicamp; inseri-me neste serviço por escolha própria, a fim de desenvolver no período de um ano algumas atividades. Este trabalho é, portanto, registro da minha passagem e das intensas experiências que vivi neste campo ao longo do período em que estive lá.

A Clínica.

Em sua obra “O Nascimento da Clínica”, Foucault (1977) localiza o surgimento desta, na passagem do século XVIII para o século XIX. É claro que a clínica médica existia antes mesmo disso, o que Foucault (1977) nos aponta é que a ciência moderna (século XIX) pautou-se na anátomo-clínica. A doença deixa de ser essência nosológica para ser, segundo o modelo da anatomia, localizada numa entidade concreta, o organismo doente.

A pergunta típica do século XVIII: O que você tem? Transforma-se em: Onde lhe dói? O que ocorreu de fato foi uma mudança na estrutura do discurso. A partir de então, a linguagem e o olhar da clínica determinariam a construção de todo um corpo de conhecimentos.

Assim, a clínica passa a ser então o tema principal da reorganização da medicina do século XIX.

Entenderemos aqui, por clínica, as práticas não somente médicas, mas de todas as profissões que lidam no dia-a-dia com diagnóstico, tratamento, reabilitação e prevenção secundária. (ONOCKO CAMPOS, 2001).

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