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Morte E Vida Severina, De João Cabral De Melo Neto

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Por:   •  12/5/2014  •  6.433 Palavras (26 Páginas)  •  772 Visualizações

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Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto

Data de publicação06/06/2013

Anlise da obra

Morte e Vida Severina, o texto mais popular de Joo Cabral de Melo Neto, um auto de natal do folclore pernambucano e, tambm, da tradio ibrica. Foi escrito entre 1954-55.

Naquela ocasio, Maria Clara Machado, que dirigia o teatro Tablado, no Rio, pedira que Joo Cabral escrevesse algo sobre retirantes. O poeta escreveu, ento, um grupo de poemas dramticos, para "serem lidos em voz alta" e os dedicou a Rubem Braga e Fernando Sabino, "que tiveram a idia deste repertrio".

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Morte Vida Severina tem como subttulo Auto de Natal pernambucano e tem inspirao nos autos pastoris medievais ibricos, alm de espelhar-se na cultura popular nordestina.

por esse motivo que, no poema, Joo Cabral usa preferencialmente o verso heptassilbico, a chamada "medida velha", ou redondilho maior, verso sonoroso e facilmente obtido.

Morte e Vida Severina estruralmente est dividida em 18 partes; no entanto, outra diviso muito ntida pode ser feita quanto temtica: da parte 1 a 9, compreende-se o priplo de Severino at o Recife, seguindo sempre o rio Capibaribe, ou o "fio da vida" que ele se dispe a seguir, mesmo quando o rio lhe falta e dele s encontra a leve marca no cho crestado pelo sol. Da parte 10 a 18, o retirante est no Recife ou em seus arredores e sofridamente sabe que para ele no h nenhuma sada, a no ser aquela que presenciou no percurso: a morte.

Sua linha narrativa segue dois movimentos que aparecem no ttulo: "morte" e "vida". No primeiro, temos o trajeto de Severino, personagem-protagonista, para Recife, em face da opresso econmico-social, Severino tem a fora coletiva de uma personagem tpica: representa o retirante nordestino. No segundo movimento, o da "vida", o autor no coloca a euforia da ressurreio da vida dos autos tradicionais, ao contrrio, o otimismo que a ocorre de confiana no homem, em sua capacidade de resolver os problemas sociais.

O auto de natal Morte e Vida Severina possui estrutura dramtica: uma pea de teatro. Severino, personagem, se transforma em adjetivo, referindo-se vida severina, condio severina, misria.

O retirante vem do serto para o litoral, seguindo a trilha do rio Capibaribe. Quando atinge o Recife, depois de encontrar muitas mortes pelo caminho, desengana-se com o sonho da cidade grande e do mar.

Resolve ento "saltar fora da ponte e da vida", atirando-se no Capibaribe. Enquanto se prepara para morrer e conversa com seu Jos, uma mulher anuncia que o filho deste "saltou para dentro da vida" (nasceu).

Severino assiste ao auto de natal (encenao comemorativa do nascimento). Seu Jos, mestre carpina, tenta demover Severino da resoluo de "saltar fora da ponte e da vida".

Texto na ntegra e comentrios

O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM E A QUE VAI

O meu nome Severino,

como no tenho outro de pia.

Como h muitos Severinos,

que santo de romaria,

deram ento de me chamar

Severino de Maria;

como h muitos Severinos

com mes chamadas Maria,

fiquei sendo o da Maria

do finado Zacarias.

Mas isso ainda diz pouco:

h muitos na freguesia,

por causa de um coronel

que se chamou Zacarias

e que foi o mais antigo

senhor desta sesmaria.

Como ento dizer quem fala

ora a Vossas Senhorias?

Vejamos: o Severino

da Maria do Zacarias,

l da serra da Costela,

limites da Paraba.

Mas isso ainda diz pouco:

se ao menos mais cinco havia

com nome de Severino

filhos de tantas Marias

mulheres de outros tantos,

j finados, Zacarias,

vivendo na mesma serra

magra e ossuda em que eu vivia.

Somos muitos Severinos

iguais em tudo na vida:

na mesma cabea grande

que a custo que se equilibra,

no mesmo ventre crescido

sobre as mesmas pernas finas,

e iguais tambm porque o sangue

que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos

iguais em tudo na vida,

morremos de morte igual,

mesma morte severina:

que a morte de que se morre

de velhice antes dos trinta,

de emboscada antes dos vinte,

de fome um pouco por dia

(de fraqueza e de doena

que a morte severina

ataca em qualquer idade,

e at gente no nascida).

Somos muitos Severinos

iguais em tudo e na sina:

a de abrandar estas pedras

suando-se muito em cima,

a de tentar despertar

terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar

algum roado da cinza.

Neste trecho, Severino retirante se apresenta s pessoas e tenta, quando

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