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Neurofisiologia Da Meditação, Mindfulness E Os Resultados Em Grupos De Meditação De Cegos

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Por:   •  25/1/2015  •  1.865 Palavras (8 Páginas)  •  1.046 Visualizações

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Neurofisiologia da Meditação, Mindfulness e os resultados em grupos de meditação de cegos

Neurofisiology of Meditation, Mindfulness and the results of meditation in groups of blind people.

Analia Fridman, Jaqueline Da Silva Luiz Tiago Fernandes, Vanderlúcia Rosa Cunha Wolff¹

¹ Estudantes de Psicologia no CESUSC

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RESUMO

O presente artigo pretende ser uma revisão da literatura sobre Meditação e o estado de Mindfulness ou Atenção Plena, e seus efeitos sobre o sistema nervoso e o sistema imune assim como os resultados da aplicação das técnicas para o tratamento e prevenção de doenças e transtornos comuns na atualidade. O artigo apresenta também os resultados da experiência da aplicação das técnicas mencionadas em grupos de meditação de cegos.

ABSTRACT

This article is intended to make review of the literature of Meditation and Mindfulness, and its effects on the brain and immune function as well as the results of mindfulness meditation applied techniques to prevent and treat contemporary diseases and common disorders. In addition, this article presents the results of the experience of these techniques application in groups of blind people.

Introdução

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O quê é Meditação

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Efeitos da Meditação no sistema nervoso, no sistema imunológico e na saúde em geral.

A milenar técnica de meditação ganhou nos últimos anos um novo olhar desde uma perspectiva científica. O motivo do interesse da comunidade científica reside em que há evidencias de que a prática da meditação traz benefícios médicos e psicológicos. A prática constante de meditação e seus efeitos neurofisiológicos vem sendo objeto de pesquisa nos últimos anos.

A maior parte das pesquisas é realizada sobre a prática da Meditação Transcendental (MT), por ser uma das técnicas mais simples e mais praticada. As primeiras formas de observar os efeitos da meditação no organismo compreenderam a medição da freqüência cardíaca, da pressão arterial, a observação dos parâmetros respiratórios e as alterações eletroencefalográficas. O desenvolvimento de novas técnicas de imageamento cerebral propiciou grandes avanços nesses estudos. Algumas das técnicas que permitem realizar este tipo de observação são: Ressonância Magnética funcional (RMf), Tomografia por Emissão de Pósitrons funcional (TEPf), e Tomografia por Emissão de Fóton Único (TEFI).

Através das práticas meditativas, fica acelerada a atividade do Lobo Frontal, a parte mais desenvolvida do cérebro, responsável pela concentração, pelas emoções e pela autoconsciência. Observa-se uma redução do fluxo de sinais do Tálamo, parte que funciona como controlador dos nossos sentidos. No Lobo Parietal, região que processa informações sensoriais sobre o mundo ao redor, e nos orienta no tempo e no espaço, a atividade fica reduzida. A Formação Reticular, como sentinela do cérebro, recebe os estímulos que chegam e nos põem em alerta. Com o efeito da meditação esses estímulos diminuem.

Os estudos de neuroimagem mostram que as tarefas que reque¬rem uma atenção focada são iniciadas através da ativação do Córtex Pré-Fron¬tal (CPF), particularmente no hemisfério direito. No estado meditativo pôde-se apreciar um aumento na ativida¬de do CPF e do giro cingulado, tanto no hemisfério direito quanto no hemisfé¬rio esquerdo. Contudo, o hemisfério direito mostra-se mais ativo.

Estudos indicam que a MT está associada com mudanças na secreção e liberação de vários hormônios das pituitárias que mimetizam os efeitos do neurotransmissor inibitório ácido gamma aminobutírico.

Medições feitas após a meditação acharam uma redução significativa nos níveis de de cortisol sérico, um aumento nos níveis de proteínas séricas e uma importante redução nas presões sistólicas e diastólicas e na freqüência do pulso. A pressão sistólica sangüínea - pressão dos vasos sangüíneos no final do batimento cardíaco - é sempre usada para a medida da hipertensão. A pressão sistólica sangüínea foi medida em pessoas praticantes da Meditação Transcendental e comparados com valores conhecidos da população geral. Homens e mulheres, em todos os grupos etários, que praticam a Meditação Transcendental têm significativamente menor pressão sangüínea. Além disso, os praticantes a longo prazo da Meditação Transcendental possuem menores níveis de pressão sangüínea que praticantes recentes.

Praticantes da Meditação Transcendental têm muito menor incidência de doenças cardíacas. Outras pesquisas indicam que pessoas que praticam Meditação Transcendental exibem um estilo fisiológico de funcionamento mais descontraído, se recuperam do stress mais rapidamente e são geralmente felizes e mais bem ajustadas após iniciar a meditação. Estes fatores fisiológicos e psicológicos afetam as emoções, o que por sua vez afeta a pressão sangüínea. A redução da pressão sangüínea é uma das muitas indicações da prática regular da Meditação Transcendental levando a uma vida mais saudável.

Alguns estudos sugerem também que a prática regular de MT contribui á redução dos níveis de colesterol em sujeitos com problemas de hipercolesterolemia, especialmente a traves da redução da atividade adrenérgica.

Mindfulness: importação no Ocidente das práticas milenares

Mindfulness é definida como uma forma específica de “atenção plena”, concentração no momento atual, intencional, e sem julgamento.¹ É um estado. Significa estar plenamente em contato com a vivência do momento, sem estar absorvido por ela. O estado de Mindfulness, atingido através das práticas orientais de meditação cuja origem data de mais de 2500 anos de antiguidade, é foco de pesquisas da ciência moderna das ultimas décadas, e esta revelando os benefícios que aporta á humanidade e atraindo um olhar interessado do Ocidente.

Concentrar-se no momento atual significa estar em contato com o presente e não estar envolvido com lembranças ou com pensamentos sobre o futuro. A prática de Mindfulness propõe a opção de viver o que acontece no momento atual, no aqui e agora, e oposição a viver na irrealidade, a sonhar acordado.

Uma imagem gráfica para entender melhor o significado de mindfulness é pensar em ficar preso num banco de areia movediça no meio do deserto. A reação instintiva e se mexer para tentar sair, sendo que esta reação faz com que afundemos mais. Isso acontece com as emoções negativas, nas quais concentramos nossa atenção mexendo-nos como se fosse na areia movediça, na tentativa de escapar delas. Os programas de Mindfulness tentam reverter este processo.

Então, algumas características chave do mindfulness são:

• é não conceitual: prestar atenção e ter consciência sem ficar centrado nos processos do pensamento implicados

• a atenção é centrada no presente

• é não valorativo: sem julgamento

• é intencional: sempre há intenção de centrar a atenção e trazê-la de volta caso tenha se afastado

• a observação é participativa: a observação não é alheia, deve implicar o mais profundamente a mente e o corpo

• é não verbal: a experiência não tem um referente verbal, mas sensorial e emocional

• é exploratório: aberto á experimentação sensorial e perceptiva

• é liberador: é vivenciado como uma experiência de liberdade.

No ocidente, o conceito de Mindfulness vem se popularizando através da aplicação de um programa de redução de estresse (MBSR-Mindfulness-Based Stress Reduction), baseado nesta prática. Usado pela Medicina Integrativa Mente-Corpo, as publicações cientificas sobre a aplicação de este programa tem demonstrado uma redução de 35% dos sintomas médicos e 40% dos sintomas psicologicos nos grupos que participaram do programa.

A Tabela a seguir mostra o resultado após aplicação de Mindfuness em programas de reabilitação e prevenção de diferentes tipos de doenças e transtornos:

Diagnóstico Efeitos do Mindfulness

Doença coronária Mindfulness nos programas de reabilitação cardíaca tradicionais tem demonstrado diminuir a mortalidade (41% de Redução durante os dois primeiros anos), a morbilidade, o Stress psicológico e alguns fatores de risco biológicos (peso, pressão sanguínea, nível de glicose no sangre) (Linden 1996, Zammara 1996). A prática da meditação tem demonstrado que reduz a isquemia de miocárdio induzida por exercício em pacientes com doença coronária (Zammara 1996, Ornish 1983).

Hipertensão O treinamento em meditação tem demonstrado que reduz a pressão sanguínea em um numero comparável ás mudanças que se produzem com medicação e outras mudanças no estilo de vida como a diminuição do peso, a restrição de sódio e um aumento na atividade física aeróbica (Schneider 1995, Linden & Chambers 1994, Alexander 1994).

Câncer Um estudo aleatório com pacientes com câncer tem demonstrado que após uma intervenção de MBSR (Mindfulness based Stress Reduction) diminuíram significativamente o mal-estar no estado de animo (65%) incluindo depressão, ansiedade, raiva e confusão, e tambem foi registrada uma diminuição dos síntomas de Stress como a sintomatologia cardiopulmonar e gastrointestinal (Speca 2000). Essas mudanças permaneceram em um seguimento de 6 meses (Carlson 2001). A taxa de supervivência em pacientes com melanoma e câncer de mama com metástase tem melhorado notavelmente após um treinamento em meditação e relaxamento (Fawzy 1993, Speigal 1989) e o nível de Stress psicológico diminuiu em mulheres jovens com câncer de mama em etapa inicial (Bridge 1998). As náuseas antecipatórias e os vômitos por causa da quimioterapia também diminuíram significativamente (Green 1991).

Dor Crônica A prática da Meditação Mindfulness tem demonstrado que diminui tanto a experiência da dor como a inibição das atividades diárias por parte dos pacientes. Alem disso diminuem as alterações do humor e os sintomas psicológicos (incluindo ansiedade e depressão). A utilização de drogas associadas á dor é menor, e aumentam os niveles de atividade e auto-estima. Esses resultados marcaram um claro contraste com o grupo control que recebeu um tratamento habitual para a dor, que não mostró nenhuma mudança em estas dimensões (Kabat-Zinn 1982-85). Quase todas estas melhoras se mantiveram no seguimento que se realizou por quatro anos (Kabat-Zinn 1987).

Fibromialgia O treinamento em Mindfulness resultou numa melhora significativa nas condições físicas e psicológicas e na área social (Kaplan 1993, Goldenberg 1994, Weissbecker 2002).

Diabetes tipo I O treinamento em meditação demonstrou diminuição significativa nos níveis de glicose em pacientes com uma diabetes tipo I mal controlada (McGrady 1991)

Ansiedade O treinamento em Mindfulness tem demonstrado que reduz significativamente os sintomas de ansiedade, Stress psicológico e depressão secundaria (Kabat-Zinn 1992). Essas mudanças permaneceram mo seguimento por três anos (Millar 1995).

Asma /

Transtornos Respiratórios O treinamento em relaxamento tem demonstrado que melhora o bem-estar psicológico, o nível de funcionamento e a freqüência dos ataques de asma, assim como melhora a aderência ao tratamento (Devine 1996). Também tem demonstrado ter efeitos benéficos em pacientes com dispnéia e no nível de bem-estar psicológico em adultos com transtorno pulmonar obstrutivo (Devine & Pearcy, in press).

Psoríase Estudos tem demonstrado que a meditação Mindfulness aumentava quatro vezes mais os rangos de limpeza das placas da pele, quando se utilizava junto com a fototerapia e a fotoquimioterapia (Kabat-Zinn 1998).

Cefaléias A meditação tem demonstrado que disminui o nível de actividade das cefaléias (Anastasio, 1987).

Depressão As habilidades derivadas do treinamento em Mindfulness e da terapia cognitiva tem demonstrado ser eficientes em reduzir significativamente a reincidência de episódios depressivos em pacientes que já tinham recebido tratamento para a depressão (Teasdale 2000).

Esclerose Múltiple O treinamento em Mindfulness em movimento melhorou nos pacientes num amplo rango de sintomas, inclusive o equilíbrio (Mills 2000).

Qualidade de vida relacionada com a Saúde MBSR (Mindfulness based Stress Reduction) tem demonstrado que melhora significativamente a qualidade de vida associada á saúde (funcionalidade, bem-estar, Redução de sintomas físicos, menor nível de Stress psicológico) (Reibel 2001).

As experiências com cegos

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Conclusões

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Referências Bibliográficas:

¹ Luc Vandenberghe, Ana Carolina Aquino de Sousa: Mindfulness nas terapias cognitivas e comportamentais.

Bibliografia:

Marcello Árias Dias Danucalov, Roberto Serafim Simões, Geraldo Vidile Júnior: Aspectos neurofisiológicos da meditação.

Ricardo Franco de Lima: Suportes básicos e neurofisiologia das praticas meditativas.

Daniel Goleman: A arte da meditação.

Marcia Fiker: Pesquisa Científica E Meditação.

Richard j. Davidson, Phd, Jon Kabat-Zinn, Phd, and others: Alterations in Brain and Immune Function Produced by Mindfulness Meditation.

Pedro Pablo Arias Capdet: La utilidad de la meditación como modalidad terapéutica.

Miguel Ángel Vallejo Pareja: Mindfulness. Revista Papeles del Psicólogo, Julho , número 2 VOL-27 , 2006.

Meditação Transcendental, Pesquisas Científicas sobre os Benefícios para a Saúde: http://mt-sp.sites.uol.com.br/Saude.htm

María Noel Anchorena: Iniciativa Mindfulness en la Salud en Argentina. http://www.mindfulness-salud.org/

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