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Neurose Obsessiva

Por:   •  29/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.549 Palavras (7 Páginas)  •  593 Visualizações

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nome : helena de godoy alves.

e-mail: hes.godoy@gmail.com

matricula : 2010046662        

A formação do sintoma na Neurose Obsessiva se dá através do deslocamento. Enquanto na histeria o sintoma aparece de modo condensado, inscrito no corpo, na neurose obsessiva a cena traumática é deslocada num sujeito que passa a se autorecriminar, o que torna a operação do recalque no neurótico obsessivo um procedimento meio capenga quando comparado ao recalque na histeria.

Ainda que o recalque se apresente desse modo, o neurótico obsessivo irá demonstrar uma série de resistências à clínica analítica. Ao tomarmos o analista como objeto que causa o desejo, o objeto da fantasia, no qual o sujeito vai investir a libido retirada do objeto da realidade, pela transferência, é de se esperar que um sujeito que pretende anular o desejo crie uma série de mecanismos de resistência à análise, que nesses casos pode ser um trabalho de histericização do sujeito neurótico obsessivo.

A idéia obsessiva ganha força compulsiva. O sujeito obsessivo é um sujeito da crença, sujeito que crê na recriminação e na representação recalcada, e é porque ele crê que ele pode duvidar. A dúvida na neurose obsessiva opera como uma defesa contra a angústia de um sujeito que não sabe lidar com a perda eminente.

A neurose obsessiva é comumente -e precipitadamente- associada à homens. Se tomarmos o masculino e feminino a partir do posicionamento do sujeito diante do falo (órgão do desejo), uma posição feminina seria aquela que deseja o falo, ou seja, aquilo que supostamente lhe falta, por uma figura de linguagem, ao passo que uma posição masculina seria a de um sujeito regido pela lógica fálica, de um sujeito que precisa ter para esconder a falta e calar o desejo. O próprio colecionar obsessivo seria uma manifestação deste ter e ter cada vez mais.

Para compreender a relação do neurótico obsessivo com o Outro é necessário entender a relação desse sujeito com a pulsão anal. Freud (1913) discorre sobre a fixação da pulsão e como ela é decisiva para a escolha da neurose. O obsessivo regride para a posição anal-sádica da libido. A fase anal ocorre com a maturidade fisiológica da criança, que passa a conseguir controlar os esfíncteres. Com esse controle, a criança passa a vivenciar o erotismo anal e expressar sua agressividade por via do sadismo anal, pela musculatura do esfíncter. A pulsão sádica então possui objetivos contraditórios: ao mesmo tempo que quer destruir o objeto, ao dominá-lo tenta preservá-lo.  A regressão ao estágio anal-sádico compõe essas características; desejos sádicos de incorporação e destruição são predominantes e desejo de posse, controle e manuntenção do objeto conferem satisfação narcísica ao sujeito.

        O desejo de reter é sintomático. É difícil, por exemplo, pensar no amor para o obsessivo. Quando consideramos o amor como "dar aquilo que não se tem" é visível a impossibilidade do sujeito obsessivo de amar. Ele não dá, ele só retém. Em momentos de ambivalência na relação com o objeto; é interessante pensar sobre os conflitos de idéias; a decisão é algo que paralisa o sujeito obsessivo, pois para decidir é preciso suportar uma perda e isso é o insuportável para ele. Desse modo, o sujeito não consegue abrir mão de nenhuma opção. O obsessivo cogita, mas não age devido às incertezas.

        O obsessivo procura mostrar o quanto ele é fálico, não tem falta, é o domador, o controlador. Ele coloca a prova o seu ter fálico, o que explica sua necessidade de ter tanto e reter tanto, pois aí se encontra seu poder, seu falo. Há uma tendência do obsessivo em se constituir como tudo para o Outro e também de uma forma autoritária tudo controlar e dominar para que o Outro não consiga lhe escapar.

Devido sua dificuldade em lidar com o desejo o neurótico obsessivo procura reduzir o desejo do Outro à uma demanda endereçada a ele. O neurótico obsessivo pode também se apresentar como solicito e gentil, numa tentativa de suturar qualquer falta no Outro, se antecipando ou atendendo prontamente para que não haja tempo para o desejo do Outro se manifestar, ou se apresentar como aquele que recusa, que diz não, criando para si mesmo a ilusão de que ao não atender o desejo do Outro, não satisfazê-lo, o anula.

        Lacan (1999) descreve a estrutura obsessiva como um sujeito que pensa para si e anula o desejo do Outro. A fase anal se carcteriza por um sujeito que está sujeitado a demanda do Outro. Se o obsessivo se dedica a destruir o desejo do Outro, tende a desvalorizar e depreciar daquilo que é seu próprio desejo. Podemos relacionar essa característica à mãe super-egóica do obsessivo e como ele lida com a leis e regras. Freud discorre sobre o superego excessivamente severo e rude dos obsessivos, sobre o ego forçado a se submeter ao superego e sobre as formações reativas a essa relação: consciência, piedade e asseio. Freud assinala o afeto que surge em lugar separado do pensamento. Segundo Freud, o superego não percebe que ocorreu uma repressão, não percebe a separação do afeto e da idéia e simplesmente age em sua rigidez.

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Segundo Lacan, o obsessivo em análise apreende sempre que suas fantasias e práticas estão alienadas no desejo do Outro. O obsessivo tem a necessidade, então, de encobrir o desejo do Outro, e daí surge uma manobra muito observada na clínica: evitação do encontro ameaçador com o desejo do Outro, pois é a ameaça sem salvação do sujeito obsessivo. Lacan afirma que o retorno do desejo no Outro volta como angústia. O obsessivo tenta continuamente encobrir e negar o desejo do outro, entendendo esse desejo como uma demanda direcionada a ele - demanda a qual ele responde de forma obstinada e dessa forma não chega a saber do desejo do outro, e consequentemente nem do seu próprio desejo.

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