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O Abandono de Tratamento

Por:   •  25/11/2018  •  Artigo  •  5.237 Palavras (21 Páginas)  •  257 Visualizações

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RESUMO

O presente investiga os motivos pelos quais os pacientes com transtorno depressivo abandonam o tratamento em saúde mental de nível psiquiátrico no Centro de Atenção Psicossocial Benjamim Matias Fernandes.Neste sentido, o objetivo deste artigo é apresentar as principais contribuições de pesquisas sobre o abandono psicoterápico, destacando o que determina a interrupção precoce do atendimento desses pacientes depressivos, tais como a falta de apoio do seu grupo familiar, a discriminação e o preconceito e o temor aos efeitos colaterais dos remédios prescritos pelo psiquiatra. Para a elaboração do presente artigo foi realizado a pesquisa em artigos científicos sobre abandono de tratamento e a analise englobou artigos que satisfizessem o critério do abandono de tratamento em psicoterapia,independentemente da modalidade teórica adotada e independentemente da faixa etária dos sujeitos de pesquisa.

Palavras - chave: Abandono do Tratamento. Saúde mental. Transtorno depressivo. Família.

ABSTRACT

This paper investigates the reasons why patients with depressive disorder abandon psychiatric mental health treatment at the BenjamimMatiasFernandes Psychosocial Care Center. In this sense, the objective of this article is to present the main contributions of research on psychotherapeutic abandonment, highlighting what determines the early cessation of care for these depressive patients, such as the lack of support from their family group, discrimination and prejudice and fear of the side effects of the medicines prescribed by the psychiatrist. For the elaboration of the present article the research was carried out in scientific articles on abandonment of treatment and the analysis included articles that met the criterion of abandonment of treatment in psychotherapy, independently of the theoretical modality adopted and independently of the age range of the research subjects

Key - words: Treatment abandonment. Mental health. Depressive disorder. Family.

Uma Pequena Abordagem do Processo de Reforma Psiquiátrica

        O sistema manicomial constituiu-se com base num modelo hospitalocêntrico que visava a

tratar os chamados “doentes mentais”. Esse modelo foi produzido pelo discurso médico que adotava como prática de tratamento dos pacientes o eletrochoque, a convulsoterapia, entre outros.

Segundo Foucault (1999), o discurso médico designava a loucura como anormalidade e desrazão.

Assim, foram criados hospitais psiquiátricos para conter e tratar os sujeitos acometidos pela doença mental, o que era visto como uma forma de proteção à sociedade, uma vez que os “loucos” eram percebidos como ameaça.

A loucura como anormalidade e o aparato manicomial como objeto da razão permaneceram por quase dois séculos. No século XX manifestações de críticos passaram a questionar o tratamento destinado aos doentes mentais e o sistema manicomial. As maiores críticas aconteceram diante do poder médico e de suas práticas de exclusão do sujeito. Vasconcelos (2002, p. 49-50) diz que era necessário “uma revisão dos paradigmas, que reduziram

e aprisionaram a loucura como objeto de um saber exclusivamente médico e a superação das formas assistenciais segregadoras, dentro do sistema público de saúde, que desrespeitam a cidadania do louco”. Dessa forma, surgiram movimentos a favor da reforma psiquiátrica, que queriam novas formas de tratamento à doença mental, inserindo os doentes na sociedade. A partir

desses movimentos, novos discursos e novas práticas passaram a sustentar a relação da loucura

com a sociedade.

        Segundo Vasconcelos (2002), a reforma psiquiátrica busca transformar o paradigma de

saber da saúde mental e a assistência prestada nessa área. Como os hospitais psiquiátricos produziram efeitos antiterapêuticos, foram adotadas novas estratégias, como serviços comunitários que atendem às demandas psicológicas e sociais do usuário em crise. Para esse autor o objetivo da reforma é renovar os cuidados prestados em saúde mental.

A sociedade está sendo convidada a refletir e a reconstruir os (pré) conceitos diante da

doença mental. Nesse contexto, existem grandes modificações como a participação dos familiares

no tratamento, quando discutem, trocam informações com a equipe e com outros familiares e participam/organizam encontros para discutir temas de saúde mental.

A nova lógica de atenção à saúde mental requer compreender o sujeito como um todo, como um ser que sofre, que enfrenta momentos desestabilizadores, como separação, luto, perda

de emprego, carência afetiva, entre outros problemas cotidianos que podem levá-lo a procurar

ajuda. Dessa forma, este modelo deve prestar uma atenção à saúde voltada à integração social do

sujeito, procurando mantê-lo em seu contexto familiar e comunitário. Assim, família e comunidade servem como suporte fundamental para que o sujeito crie vínculos, produzindo novos modos de viver em sociedade revertendo o modelo manicomial.

Tendo em vista a organização e o funcionamento dos serviços de saúde propostos pelo

SUS, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) constituem uma política de reorientação da atenção à saúde mental em nível nacional, estando diretamente interligada com os governos municipais e estaduais.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), o CAPS é um serviço de saúde aberto e comunitário que faz parte da rede que compõe o Sistema Único de Saúde (SUS), tendo

como usuários pessoas que sofrem de psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e persistência da doença justificam sua permanência num centro que possibilite cuidado intensivo, interação com os demais pacientes e promoção da vida integrativa na sociedade.

O processo de Reforma Psiquiátrica tem avanços e limitações, enfrentando obstáculos

diante da desconstrução do modelo manicomial. As principais mudanças geradas pela implantação dos novos serviços de atenção à saúde mental estão relacionadas com a cidadania dos usuários, a valorização da inserção dos familiares no tratamento e o processo de desmistificação da loucura junto à comunidade.

CAPS: Um Recorte, uma aproximação

        Como estrutura básica da nova rede de atenção à saúde mental, os CAPS são responsáveis pela organização da demanda e da rede de cuidados em seu território, ocupando o papel de regulador da porta de entrada e controlador do sistema local de atenção à saúde mental. As portarias ministeriais 189/91, 224/92 e, mais recentemente, 336/02 e 189/02, os define como sendo serviços comunitários ambulatoriais, com a responsabilidade de cuidar de pessoas que sofrem com transtornos mentais, em especial os transtornos severos e persistentes, no seu território de abrangência. Para tanto, devendo garantir relações entre trabalhadores e usuários pautados no acolhimento, vínculo e responsabilidade de cada membro da equipe. A atenção deve incluir ações voltadas aos familiares, objetivando a reinserção social do usuário. As ações distribuem-se a partir de três modalidades de assistência: o cuidado intensivo, o semi-intensivo e o não-intensivo.

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