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O Desenvolvimento Humano

Por:   •  14/7/2017  •  Resenha  •  2.969 Palavras (12 Páginas)  •  367 Visualizações

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DESENVOLVIMENTO HUMANO NA PRIMEIRA INFÂNCIA

José Doniseti Pinto Dias

 Preceptor

                              Curso de Desenvolvimento Humano na Residência Multiprofissional em Saúde MENTAL - 2015

  1. O PRIMEIRO ANO DE VIDA

René Spitz (Viena 1887-1974 EUA) com formação medicina fez analise didática com Freud. Pioneiro na investigação em Psicologia infantil aliando a Psicologia Experimental e Psicanálise.

Sua investigação teve como objeto de pesquisa as fases iniciais da construção do Ego, através do método comparativo de observação entre crianças de orfanato com as de berçário de uma prisão feminina. Desta forma traçou como ponto importante a qualidade da relação mãe e filho para o desenvolvimento deste durante o primeiro ano de vida.

Apoia-se, sobretudo nos conceitos de Freud, sem, entretanto, se desfazer dos outros conhecimentos científicos na construção de sua teoria. Assim como este, o recém-nascido é visto como um organismo psicologicamente indiferenciado (ou não diferenciado para Spitz), nascido com um equipamento congênito e certas tendências (Anlagen), portanto, neste início de vida, falta-lhe consciência, percepção, sensação, e todas as outras funções psicológicas, sejam elas conscientes ou inconscientes.

O psiquismo humano é constituído de três sistemas id, ego e superego. Compreender este sistema e os princípios de funcionamento psíquico auxiliará a entender esta fase do desenvolvimento infantil.

No bebê, diferentemente de vários psicanalistas que atribuem uma complexidade mental nesta fase, Spitz aponta que a atividade mental ira se desenvolvendo de forma lenta, gradual e continua em processos de aquisição frente a frágil constituição neurobiológica, portanto, também psicológica do ser nascente. Neste sistema o id tem uma predominância psíquica. Em relação ao ego e superego, o id tem uma característica totalmente distinta, pois ele não considera as condições da lógica do pensamento, que envolve tempo, espaço e causalidade, ingredientes da intencionalidade e da consciência. O id é o lugar das forças ou impulsos internos que desconhecem a realidade. Como lugar psíquico é inconsciente e se caracteriza pelo processo primário e, consequentemente, não reconhece o processo secundário que acompanha a constituição de um eu (ou ego) e, deste modo, a energia flui do organismo, do interior, sem reconhecimento dos objetos da realidade.  

Na psicanálise se discute dois princípios do funcionamento psíquico: o princípio de prazer/desprazer, regido pelo processo primário, e o princípio de realidade, pelo processo secundário. O infante será regido pelo primeiro. Neste caso não se estabeleceu um superego responsável por instaurar a dimensão moral, como um ganho no desenvolvimento pessoal, que responde pela capacidade de julgar específica do humano. Pois é o processo secundário que abre o reconhecimento da realidade e impõe ao psiquismo modos de ação, condição do uso do pensamento e, por sua vez, a consciência, necessita de um ego que faça a intermediação entre interno e externo e nesta fase não houve a separação ente id e ego.

A formação da psique infantil se processará por meio de um conjunto de processos que se superpõem e se complementam como fatores congênitos, equipamento hereditário, influências intrauterinas, influências operativas decorrentes do processo do parto, fatores ambientais, por fim, pela relação mãe-filho foco da investigação deste autor.

A teoria de Spitz sobre a relação mãe-filho

Sptiz busca explicar a gênese da relação de objeto e da comunicação humana que são responsáveis pela formação do psiquismo humano e as formas de relações sociais posteriores. Para tanto, define objeto libidinal apoiado na teoria freudiana como: Relação reciproca entre mãe e filho (Freud, 1931), partindo do ponto de vista do recém-nascido (sujeito), portanto, a relação com a mãe (objeto), visa à satisfação de prazer e a eliminação do desprazer que são recebidas pelo sujeito de forma caótica e sem organização, a diferenciação entre eu/outro, interno/externo, por exemplo, será progressivamente adquirida, para no decorrer do primeiro ano ser estabelecido o objeto libidinal (Spitz, 1993). Desta forma, o objeto libidinal ao ser estabelecido direcionará a psique infantil ao primado das relações sociais.  

  1. Estágio pré-objetal ou sem objeto

Relação inicial do bebê é de díade (mãe/filho) num sistema fechado. Ou seja, ao mesmo tempo em que ocorre uma relação a dois, esta é desigual. A mãe ou cuidador, por razão obvia, estabelece vários outros intercâmbios relacionais no seu meio, a criança por outro lado, está restrita na relação a esta outra pessoa, mas não a sente como separada de si. Nesta fase inicial o mundo é sem objeto, sem relação objetal. O que significa que o recém-nascido apresenta-se em um estado de “não diferenciação” comparada ao “Narcisismo Primário” de Freud, qual seja, onde ainda não há diferenciação entre id e ego, ou do consciente e inconsciente na psique do bebê. Portanto, como dito antes, mas sendo mais específico, ainda falta-lhe maturidade biológica para as diferenciações perceptivas e de consciência entre dentro/fora, eu/não eu, e para reconhecer as diferentes partes do próprio corpo. Assim o meio ambiente não é sentido como separado dele, não há separação entre pulsões e objeto, ignora o mundo que o rodeia, não pode reconhecer o objeto libidinal (que satisfaz suas necessidades). Frente tudo isto, não pode haver atividade psíquica e mental.

Spitz explica que ao nascer e durante os primeiros dias o bebê é protegido dos numerosos estímulos que o atinge por uma “barreira de estímulos”, que tem a função de não sobrecarregar este organismo/mente, evitando desgaste, preservando a energia para a progressiva integração/compreensão de todo o meio circundante que se dará no processo.

Os estímulos de origem interna (fome, sede, desconforto...) ou externa (barulho, frio, luz...) ao ultrapassam determinado limiar de proteção, causa “desprazer” na criança, que para reencontrar o estado de quietude, reage a esta excitação negativa, através de um processo de descarga: choro, grito ou agitação. No outro lado, sua ação levará uma reação materna, que segundo Bion ocorre “quando a mãe suficientemente contentora” é capaz de interpretar a “mensagem” do filho e lhe proporciona um ambiente calmo, protegendo a criança do excesso de estímulos externos e lhe satisfaz as necessidades básicas, a criança pode crescer em quietude, compreensão e confiança. É o que Sptiz chama de “dialogo” ao se referir a comunicação, sem verbalização, que socorre nesta díade frente à manifestação pelo filho de excitação negativa, e a busca de reestabelecer a quietude deste, promovendo o percussor de afeto.

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