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O Significados, sentido e função psicológica do trabalho

Por:   •  9/4/2018  •  Resenha  •  1.335 Palavras (6 Páginas)  •  597 Visualizações

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Brendassolli, P., & Guedes, S. (2014). Significados, sentidos e função psicológica do trabalho: Discutindo essa tríade conceitual e seus desafios metodológicos. Avances em Psicologia Latinoamericana, 32(1), pp. 131-147.

O texto se propõe a rediscutir a relação entre significados e sentidos do trabalho por intermédio de uma possível articulação destes no conceito de função psicológica do trabalho. Para isso, inicia-se revisitando estudos que se dedicaram a esta temática. O projeto Meaning of Work Research (MOW) (1987) é indicado como um marco nos anos 80 na investigação do significado do trabalho para trabalhadores ao redor do mundo. Este estudo promoveu uma compreensão do significado do trabalho a partir de uma perspectiva de cognição social, isto é, que se trata de uma interpretação do mundo do trabalho socialmente situada a qual envolve aspectos históricos, econômicos, políticos e culturais.

Somada a esta perspectiva do significado do trabalho cuja a ênfase estava nas cognições e interpretações socialmente compartilhadas sobre o trabalho, os autores indicam que Rosso, Dekas e Wrzesniewski (2010) propuseram uma outra perspectiva de análise, a do sentido do trabalho. Esta, por sua vez, estaria mais voltada para os mecanismos psicológicos que envolvem a produção de sentidos no trabalho com uma ênfase nos aspectos afetivos e singulares presentes no ato de dar sentido ao trabalho.

Tal perspectiva buscou defender a tese de que os conceitos de significado e sentido são interdependentes, não havendo uma sobrevalorização de um sobre o outro. Retoma-se então o contexto filosófico para se compreender a possível origem da distinção entre sentido como algo individual derivado dos órgãos do sentido e, portanto, de base empirista, e significado como produções compartilhadas, coletivamente construídas, localizado, assim, em uma tradição racionalista. A partir desse contraponto é possível perceber o tipo de lógica envolvida na dicotomização sentido/significado para assim compreender as propostas de superação dessa dualidade objetivismo/subjetivismo. Essa ideia da necessidade de uma superação pode ser vista no pensamento de Kant e de outras correntes que vieram após ele como a fenomenologia de Husserl, a hermenêutica de Dilthey e a fenomenologia de Heidegger. Para Husserl a consciência possui intencionalidade, isto é, está voltada para fora, vinculando-se ao mundo e dando sentido a ele ao mesmo tempo em que se constitui nessa relação sendo sempre consciência de algo, isto quer dizer que tanto objeto quanto sujeito não preexistem enquanto instancias doadoras de sentido, mas se constituem nessa relação e é somente nessa relação que é possível se encontrar o sentido de um e de outro. No caso do trabalho, o texto irá nos dizer que o sentido do trabalho, sob esta perspectiva, seria desvelado mediante a reflexividade do sujeito (redução fenomenológica) pela qual ele questiona sua própria experiência vivida em relação ao trabalho. Posteriormente, Schutz (1974) defende a ideia de uma construção de significado a partir da intersubjetividade, e não de sentido como produção de uma mente individual. Daí derivaria a possibilidade de interpretação da ação humana já que esta ocorre dentro de um contexto que também se incorpora à (e regula) sua intencionalidade.

O texto passa por uma conceituação de significado e sentido sob diferentes perspectivas da psicologia. Na perspectiva sócio-histórica o significado seria entendido como a faceta manifesta de processos dinâmicos mais profundos de produção de sentido. Outras abordagens se contrapõem como reflexo da tensão empirismo-racionalismo apontando para o fato de que a metodologia utilizada em alguns estudos psicológicos acaba por ser um entrave à compreensão dos conceitos como articulados. Seria no trabalho de Vigotski que essa articulação entre significado e sentido toma novos rumos, passando por Leontiev, Bendassolli e chegando a Clot na clínica da atividade. Nesse caminho o sentido passa a ser entendido como resultante de uma construção nos processos de mediação semiótica entre homem e natureza (atividade), em um contexto sócio-cultural particular. Nessa perspectiva o trabalho é entendido como uma atividade que é, ao mesmo tempo, orientada para o sujeito, para os outros e para o objeto da atividade, o que resulta em uma transformação de si, dos outros e do mundo. Os autores pontuam que, mesmo que exista na atualidade uma compreensão de que o significado e sentido do trabalho se comunicam em uma relação dinâmica sujeito-contexto, não há uma coerência dessa compreensão com os métodos empregados nas pesquisas que visam investigar os mesmos.

Como instrumento mediador entre significado e sentido, os autores propõem a utilização do conceito de função psicológica do trabalho. Assim, como síntese de superação da desarticulação significado-sentido, defende-se a tríade significado, sentido e função psicológica do trabalho (entendido como atividade). O conceito de função psicológica do trabalho parte de uma compreensão histórica acerca de como o trabalho assume um papel central na constituição da pessoa com uma função psicológica de mediação específica. Para se pensar o trabalho enquanto detentor de uma função psicológica foi necessário

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