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O Transtorno do Espectro Autista e a Terapia Cognitivo Comportamental: Uma revisão de literatura

Por:   •  17/10/2015  •  Artigo  •  3.744 Palavras (15 Páginas)  •  1.329 Visualizações

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Transtorno do Espectro Autista e a Terapia Cognitivo Comportamental: Uma revisão de literatura.

Resumo

O Transtorno do Espectro Autista é um distúrbio do desenvolvimento que se caracteriza por alterações presentes desde uma idade muito precoce, tipicamente antes dos três anos de idade, com impacto múltiplo e variável em áreas do desenvolvimento humano como comunicação, interação social, aprendizado e capacidade de adaptação. Considerando que as abordagens cognitivo-comportamentais vêm recebendo considerável atenção clínica e empírica nos últimos anos, no que tange o tratamento em curto prazo de Transtornos Psicológicos, o presente estudo traz por objetivo analisar criticamente a literatura a respeito das intervenções cognitivo-comportamentais no tratamento de pessoas com Transtornos do espectro autista (TEA). Por meio desta revisão foi possível verificar que as técnicas comumente utilizadas para o tratamento do Transtorno do Espectro Autista, considerando todos os subtipos, tem por base a Análise do Comportamento, tendo a Terapia Cognitivo-Comportamental, propriamente dita, poucos estudos relacionados ao tratamento da pessoa com TEA, sendo que, nos estudos encontrados a intervenção tende a ser a comportamental.

PALAVRAS CHAVE: Transtorno do Espectro Autista, Terapia Cognitivo-Comportamental, Análise do Comportamento.

  1. INTRODUÇÃO

O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo Dr. Leo Kanner, médico austríaco, residente em Baltimore, nos EUA em seu histórico artigo escrito originalmente em inglês: Distúrbios Autisticos do Contato Afetivo. Kanner utilizou o temo para caracterizar condições clínicas de 11 crianças que apresentavam limitações no relacionamento com outras pessoas e objetos, além de atrasos no desenvolvimento da linguagem. Essas crianças apresentavam atos repetitivos e estereotipados, e a maioria, quando falava, apresentava ecolalia e inversão pronominal. Tinham dificuldade em aceitar mudanças de ambiente, além de demonstrar preferência por objetos inanimados.

Kanner observou que os pais de crianças autistas eram, em sua maioria, de classe média alta e apresentavam uma atitude indiferente nos cuidados com suas crianças, o que fez com que acreditasse que era o comportamento dos pais que causava a condição autista, era o que chamavam de “mãe geladeira”, se referindo a mães que mantinham atitudes indiferentes em relação a criança. Além isso, havia relativa imprecisão quanto a quais fatores, biológicos e/ou psicológicos, seriam responsáveis pelo quadro autista, dúvida que permanece até os dias atuais.

Em 1944, Hans Asperger, um médico também austríaco e formado na Universidade de Viena - a mesma em que estudou Leo Kanner -, escreve outro artigo com o título Psicopatologia Autística da Infância, descrevendo crianças bastante semelhantes às descritas por Kanner.

Em 1961, Ferster realizou estudos no sentido de compreender o autismo e as crianças que apresentavam tal síndrome, numa época em que a maioria dos profissionais considerava que esta era causada por um transtorno emocional subjacente. Ferster sugeriu, então, que o autismo seria resultante de uma interação pais/filhos inadequada e precária, que levaria a uma falha na aprendizagem destas crianças (LOOVAS & SMITH, 2005).

Desde então, têm sido realizadas tentativas de se reunirem os sintomas e os comportamentos da criança diagnosticada de autismo, com objetivo de padronizá-los, a partir da universalização da linguagem utilizada. Nesse tocante, com a atualização do DSM para a sua quinta versão, os Transtornos Globais do Desenvolvimento antes denominados de Transtorno Autista, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem outras Especificações passam a compor um único grande guarda chuva denominado Transtorno do Espectro do Autismo, considerando os subtipos Leve, Moderado e Severo. O DSM V trouxe uma nova estrutura de sintomas, e a tríade de sintomas que modela déficits de comunicação separadamente de prejuízos sociais do DSM-IV, que foi substituído por um modelo de dois domínios composto por um domínio relativo a déficit de comunicação social e um segundo relativo a comportamentos/interesses restritos e repetitivos. Além disso, o critério de atraso ou ausência total de desenvolvimento de linguagem expressiva foi eliminado do DSM-5, uma vez que pesquisas mostraram que esta característica não é universal e nem específica de indivíduos com TEA. Podem ser definidos, mais apropriadamente, como fatores que influenciam nos sintomas clínicos de TEA, e não como critérios do diagnóstico do autismo para esses transtornos.

Como o autismo é definido por um conjunto comum de sintomas, nada mais louvável que ele seja mais bem representado por uma única categoria diagnóstica, adaptável conforme apresentação clínica individual, que permite incluir especificidades clínicas como, por exemplo, transtornos genéticos conhecidos, epilepsia, deficiência intelectual e outros. Um transtorno na forma de espectro único reflete melhor o estágio de conhecimento sobre a patologia e sua apresentação clínica.

Segundo o DSM-V para o diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo alguns critérios precisam ser seguidos, são eles:

  1. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia
  1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de
    interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais.
  2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade
    no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência
    total de expressões faciais e comunicação não verbal.
  3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos adificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência deinteresse por pares.
  1. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras abaixo atualmente ou por história prévia:
  1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases idiossincráticas).
  2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente).
  3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte
    apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou
    perseverativos).
  4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou
    texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento).
  1. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida).
  2. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente.
  3. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou
    transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar
    abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento.

Associadas aos critérios citados, outras características podem ser identificadas, tais como: dificuldade em sentir empatia em relação aos demais e apresentar crises de agitação, podendo haver auto ou heteroagressividade, quando contrariados ou decepcionados (FUENTES et al., 2012).

Pode ocorrer, ainda, hipersensibilidade sensorial, chegando à irritação extrema, ou obtenção de prazer com estímulos ou sensações tidas como desagradáveis ou indiferentes para a maioria das pessoas. Isso pode levar a comportamentos, tais como: visão lateral (olhar com o canto dos olhos), no intuito de diminuir excesso de estímulo; ficar passando a mão em objetos, repetitivamente; ter fixação por água, seja na estimulação tátil, ao se banhar, seja na visual, na apreciação do movimento dela; ter crises de agitação em transporte público ou ambientes barulhentos; ter restrição alimentar baseado em texturas, sabores ou cores (CAMINHA & LAMPREIA 2012).

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