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Oficinas de criatividade

Por:   •  21/6/2015  •  Projeto de pesquisa  •  1.020 Palavras (5 Páginas)  •  326 Visualizações

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OFICINAS DE CRIATIVIDADE EM INSTITUIÇÕES

Profa. Dra. Christina M. B. Cupertino

Profa. Dra. Renata Capeli

INTRODUÇÃO

Oficinas de criatividade estão baseadas, em princípio, na possibilidade de transformação de seus participantes, que por sua vez a estendem aos contextos nos quais estão inseridos. Podem ser oferecidas como auxiliares nos processos educativos e/ou como suporte psicológico para o desenvolvimento pessoal.

Qualquer processo de formação pressupõe, em maior ou menor grau, que o indivíduo deixe-se afetar em dois níveis diferentes. Um é o aprendizado de ensinamentos explícitos, predominantemente articulados como conhecimento acumulado. O outro é o aspecto humano, axiológico, mutante e variável.

Em diferentes áreas o peso atribuído a essas duas vertentes varia, mas elas estão sempre presentes. Se, por um lado, a educação tradicional ancora-se maciçamente na primeira delas, cuidando da transmissão do conhecimento acumulado tal como foi produzido e exigindo a reprodução adequada do que foi aprendido, a inserção social e profissional baseia-se, em grande parte, nas relações interpessoais, na capacidade em lidar com o imprevisível e o variável, e na confiança no que nos diz a experiência vivida. Nas áreas das Ciências Sociais, Humanas e da Educação, a abordagem dessas habilidades é muito importante e vem sendo sistematicamente negligenciada nos programas de formação.

Nelas, o sucesso na condução de processos, procedimentos e atividades cotidianas depende da consideração por outros diferentes de nós mesmos, para os quais temos que estar disponíveis, para que trocas favoreçam a mútua compreensão. Esta situação coloca-nos diante do desafio de ter que desenvolver nossas atividades práticas sobre bases sólidas de conhecimento acumulado, mas lançando mão de outros recursos, dos quais o principal é a própria pessoa que nós somos.

Nessas áreas, o desenvolvimento humano, pessoal e social, assume um caráter tão importante quanto o aprendizado teórico e técnico. A compreensão do outro, ponto de partida para qualquer relação interpessoal, pressupõe a capacidade de descentramento frente a nossos próprios valores, para que se abra o espaço para aquilo que, no outro, é diferente de nós. A partir desta relação de desigualdade podemos aprender uns com os outros, acrescentando essa experiência aos conhecimentos que vamos adquirindo.

Formação, exercício profissional, inserção social, são aspectos da vida que requisitam o aperfeiçoamento dessa capacidade, pois não se trata de mera aplicação linear do conhecimento adquirido, mas de abrir-se para a complexidade, mobilizar uma variedade de recursos pessoais a serem postos em ação diante da diversidade (de pessoas, de situações, de informações), num processo que desencadeia questionamentos pessoais por vezes angustiantes e desestabilizadores, para os quais é fundamental oferecer suporte.

A utilização de oficinas de criatividade de forma sistemática ao longo de programas de formação, ou como atividades de sensibilização e/ou suporte psicológico, pode oferecer benefícios aos participantes, na medida em que a experiência com a diversidade é acolhida e trabalhada, de forma a que o aprendizado que dela deriva não se perca.

Nessas experiências, obrigatoriamente grupais, são sugeridas atividades de sensibilização baseadas no uso de recursos expressivos variados: colagem, desenho, pintura, argila, massa, expressão corporal, musical. São usados também textos literários, poesias, filmes, música, exposições de arte, dança, ou outras coisas que se mostrem relevantes. Os temas trabalhados derivam diretamente de questões ligadas ao cotidiano de cada contexto específico no qual a oficina é implantada, e o objetivo das atividades não é o aprimoramento de talentos artísticos, mas sim que os recursos expressivos sirvam como forma de expressão de sentimentos, valores, estilos e preconceitos. A discussão das experiências vividas facilita a abertura pessoal para a pluralidade, para a consideração de que “tudo que é pode ser diferente”, base de qualquer ação ética e criativa. Em tais contatos, é possível desenvolver atitudes como a possibilidade de viver os vários ângulos de qualquer experiência, além da flexibilidade e da coragem para experimentar diferentes situações.

Um campo estruturado como desencadeante de experiências variadas permite ao aprendiz consolidar uma atitude experimentadora, como condição básica para o trabalho ou para a vida pessoal. O saber pretendido neste caso circula por outras esferas que aquelas passíveis de apreensão sistemática, constituindo-se como pano de fundo através do qual se metaboliza tudo que é formalmente aprendido, e que pode, aí, ser colocado em ação.

Desenvolve-se, dessa forma, uma condição fundamental para o trabalho e a convivência com outros, que é a capacidade de assumir diferentes posições diante de fenômenos e existências, diante da diferença. A introdução de atividades que despertam os processos de criação resgata a idéia de qualquer conhecimento é questionável, no sentido positivo da expressão, daquilo que desencadeia um questionamento saudável sobre certezas adquiridas.

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