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Os sentidos da saúde e da doença

Por:   •  3/12/2015  •  Resenha  •  1.539 Palavras (7 Páginas)  •  973 Visualizações

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Os sentidos da saúde e da doença. Czeresnia, D; Maciel, EMGS; Oviedo, RAM. (2013). Rio de Janeiro: Fiocruz, 2013.

Dina Czeresnia, médica, doutora em saúde pública e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz); Elvira Maciel, médica, doutora em filosofia e pesquisadora da ENSP/Fiocruz; Rafael Oviedo, odontologista, mestre em educação, doutorando em saúde pública também pela ENSP/Fiocruz, são os autores da obra Os Sentidos da Saúde e da Doença.

Neste livro os autores apresentam pontos pertinentes de discussão e reflexão importantes para a área da Saúde, através de uma linguagem clara e precisa, pretendem questionar de forma ampla as definições tão propagadas sobre a saúde e a doença, relacionando e aprofundando a discussão acerca da complexidade de tais construções.

No primeiro capítulo que tem como título os Sentidos da Saúde, o texto discute a cerca das dificuldades de se estabelecer cientificamente uma definição universal sobre o que é saúde, na medida em que tal noção está ligada a determinado contexto sócio-histórico e percebida em condições de existência particulares. Os autores mostram que mesmo havendo um esforço em compreender a saúde por diversas expressões do humano, o modelo biomédico que a trata como ausência de doenças, ainda predomina no campo da intervenção.

A saúde e a doença são tratadas sob a ótica da diferença entre a experiência subjetiva, marcada por uma história singular de cada indivíduo, e o conceito, que obriga tratar tais noções por meio da linguagem como uma forma de definição generalizada. O capítulo discute a problemática de Canguilhe acerca da fronteira entre o normal e o patológico. Os autores exploram o debate da inevitável ideia de saúde diante da morte no sentido da tensão decorrente do avanço do conhecimento especializado e da tecnologia médica e suas competências éticas de prolongar a vida. Por último, face à pessoa doente, é destacado o cuidado à saúde e as novas possibilidades técnico-científicas relevantes no processo terapêutico.

O profissional além de ter um olhar técnico, precisa desenvolver a escuta e atenção para saber identificar outros elementos que embora não façam parte do quadro clinico padrão de determinada patologia, integram de forma significativa a doença.

No segundo capítulo, Transformações dos Conceitos de Saúde e de Doença, os autores discutem que os "Conceitos de saúde e de doença mudam no decorrer da história, bem como as maneiras de compreender os processos de adoecimento e recuperação pela ação terapêutica". Pelo fato das noções de corpo, de saúde e de doença e suas relações com o mundo se modificarem ao longo de um caminho percorrido social e historicamente, de maneira não tão direta e crescente, a construção dos conceitos se tornam complexos pelas diversificações sociais que os compõem.

Para se pensar no atual campo da Saúde, os autores resgatam algumas noções, representações e práticas de saúde na antiguidade. A doença era vista como castigo divino, depois passa a ser compreendida como perturbação do equilíbrio da harmonia do corpo e a natureza (água, terra, fogo e ar). Na alta idade média e período pós-Renascimento a experiência de doença é uma mistura de representações e percepções religiosas com praticas médicas e de controle sobre a população. Com a decadência do sistema feudal e as ideias religiosas, a medicina passa a estudar as doenças isoladas e individualmente, desenvolvendo curas a partir de pesquisas realizadas com plantas. No momento seguinte, apontando a tensão entre os aspectos técnico-científicos e os elementos culturais, sociais, políticos e econômicos ao longo do tempo, o texto traz a configuração moderna do discurso e das práticas de saúde a partir do Renascimento. O capítulo trata também sobre o desenvolvimento da lógica da especificidade da doença no que diz respeito ao nascimento da clínica e à representatividade da medicina experimental, ainda preponderante no campo da Saúde da contemporaneidade. Com o avanço da industria a  doença tomou uma nova configuração que vista  como fenômeno coletivo, mostrou que as condições de  subsistência da população interferia significativamente no processo saúde/doença.

Baseados no trabalho sobre a cólera de John Snow, os autores avançam na discussão em torno do surgimento da epidemiologia como uma feição moderna de tratar as doenças a partir da ideia de transmissão. Por fim, o capítulo cita o caso da teoria microbiana que ratifica a relevância científica da epidemiologia ao observar o sujeito pela tríade doença-ambiente-sociedade, colaborando, assim, com outras articulações consagradas da medicina moderna, como a anatomoclínica, a fisiologia e a bacteriologia.

Por fim os autores concluem o capitulo dizendo que o campo da saúde se constitui como uma pluralidade de saberes e modos de agir sempre em mudança, permanentemente aberto ao novo.

O terceiro capítulo, Prevenção de Doenças e Promoção da Saúde no Século XX, acrescenta que, para além de inúmeros saberes científicos voltados à saúde e à doença, os autores traçam historicamente como esses dois conceitos vieram sendo delineados e rediscutidos pelo campo da Saúde, tendo como pano de fundo as tensões entre uma explicação biológica e uma compreensão sociocultural do processo saúde-doença.

Abordam-se os primórdios da medicina preventiva, caracterizada pelas iniciativas pioneiras de Hugh Leavell e Edwin Clark de reorganizar e de sistematizar os níveis de atenção à saúde.

Para eles em qualquer etapa anterior a morte é possível intervir com uma atitude preventiva e evitar a progressão da doença e a permanência de sequelas.

A partir dessa visão definem prevenção como uma ação antecipada, baseada na história natural da doença, afim de intervir no seu processo.

Sendo a prevenção dividida em três etapas: prevenção primária, prevenção secundária e prevenção terciária, onde o sistemas de saúde passaram a se organizar com base nessa lógica, que impulsionou também as áreas de planejamento e financiamento em saúde.

Os autores descrevem também as mudanças epidemiológicas e demográficas no que diz respeito às variabilidades locais referentes à transição de doenças transmissíveis para doenças crônicas não transmissíveis. Além disso, é exposto o desenvolvimento da promoção da saúde e a sua perspectiva mais ampla de tratar o tema: os determinantes sociais da saúde. A promoção da saúde segundo o conceito da (OMS:1986) “ é o processo de capacitação da comunidade para atuar na sua melhoria de qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo”, a Conferência de Ottawa foi um grande marco dessas novas reflexões.

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