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Caso do Sérgio

O Sérgio é representante de vendas de uma empresa de equipamento industrial e tem 53 anos. Desde há 30 anos que trabalha para a mesma empresa (teve outros empregos anteriores, todos de curta duração, pois sempre foram vistos como provisórios), tendo já sido várias vezes promovido. Planeia continuar a trabalhar durante “muitos anos mais”, até porque considera que o futuro é actualmente muito incerto e o trabalho “é o que dá mais saúde”.

O Sérgio casou com a sua mulher, Marta, quando estava na tropa. Chegou a estar matriculado no curso geral de Administração e Comércio de uma Escola Comercial e Industrial, mas foi adiando a sua conclusão devido a diversas responsabilidades familiares e profissionais, tendo desistido definitivamente da sua frequência no ano em que nasceu a sua filha mais velha. Não tendo concluído essa formação, nunca chegou a frequentar nenhum curso superior na área da contabilidade e gestão, e ainda hoje lamenta esse facto. O Sérgio faz parte da direcção do centro recreativo e cultural da sua zona de habitação, ocupando-se de tarefas de gestão e de ligação à comunidade envolvente, sobretudo para obtenção de fundos no âmbito do mecenato e do patrocínio. Nos seus tempos livres gosta muito de ler biografias de sujeitos que tiveram sucesso na vida empresarial, gostando, igualmente, de ver filmes sobre questões políticas e sociais. Fala com muito ânimo e entusiasmo do filme “JFK”. Além disso, gosta de organizar diversos documentos familiares, nomeadamente os álbuns de família, tarefa que já conheceu diversas formas de concretização.

O Sérgio e a Marta têm 2 filhos casados e com carreiras profissionais relativamente estáveis. Têm 3 netos, habitando todos relativamente perto dos avós. Marta sempre foi doméstica, tendo centrado as suas actividades ocupacionais na educação dos filhos e no apoio às tarefas profissionais do seu marido. É muito activa nas suas actividades de voluntariado, na Cruz Vermelha, e os seus dias são muito ocupados. Não encoraja muito o entusiasmo do seu marido na obtenção de um diploma de ensino secundário, e o Sérgio embora esteja muito animado com essa possibilidade e compreenda a sua utilidade, não tem a certeza se terá o tempo e a disponibilidade para tal. Afinal, essa possibilidade foi-lhe apresentada por um colega de trabalho e o Sérgio ainda não se dispôs a averiguar as alternativas que tem ao seu alcance. Tem receio que o tempo que terá que dedicar a esse projecto lhe possa arranjar alguns conflitos com a Marta, sobretudo no que ao cuidar dos netos diz respeito, pois sempre procurou dividir com ela as tarefas neste domínio. Além do mais, já sente alguma pressão da Marta para se dedicar mais à família e, sendo filho de pais divorciados, que sempre expressaram um nível elevado de conflito nas suas relações conjugais, teme que a assunção deste tipo de responsabilidades possa levar à degradação do ambiente familiar. Afinal, um projecto desse tipo é mais pessoal do que familiar e Sérgio teme vir a tomar uma atitude egoísta. Uma outra situação difícil que o casal também tem que enfrentar é a de providenciar um apoio quotidiano em diversos domínios à mãe do Sérgio a qual, com 87 anos, ainda reside sozinha em habitação própria.

Uma semana típica do Sérgio comporta cerca de 50 horas de trabalho, parte das quais passadas

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