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Portfólio de Psicologia Social: Criminalização Periférica e Racismo

Por:   •  19/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.753 Palavras (12 Páginas)  •  4.105 Visualizações

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Portfólio de Psicologia Social: Criminalização Periférica e Racismo!

Gabriel Barbieri Silva Santos

UFES 2017

Canção Infantil – César Lemos(César MC)

“A vida é uma canção infantil

Cê já viu aquela?

"Era uma casa..." não muito engraçada

Por falta de afeto, não tinha nada

Até tinha teto, piscina, arquiteto...

Só n dava pra comprar aquilo q faltava

Bem estruturada, as vêzes lotada

Mas mesmo lotada, uma solidão

Dizia o poeta:

"O que é feito de ego, na rua dos tolos, gera frustração"

Havia outra casa no canto da quebrada

Sem rua asfaltada, fora do padrão

Ternite furada, pequena, apertada

Mas se quiser colar traz água pro feijão

Se o mengão jogar, nós pode até parcelar

Mas vai ter carne, cerveja, refri e carvão

As moedas contada, a luz cortada ta osso

E entre trampos e tiros, um sorriso no rosto

A vida é uma canção infantil

Vai dizer que cê n viu?

5 meninos foram passear

Sem droga, flagrante, desgraça nenhuma

A polícia engatilhou "pa, pa, pa, pa, pa, pa"

O pranto da mãe, pois nenhum, NENHUM menino voltou de lá

A vida é uma canção infantil, é um era uma vez

Lá em Costa Barros, dois mil e dezesseis

Me iro. Que tipo de lobo mau mata 5 inocentes com mais de 100 tiros?

Só pode ser uma canção infantil sério, à vera

Mas velho, n se iluda, aqui a Bela não fica com a Fera

Também pudera, é cada um no seu espaço

Sapatos de cristal pisam em pés descalços

A Rapunzel é linda sim, com seus dreads no terraço

Mas se a lebre vir de juliet, até a tartaruga apressa o passo

A vida é uma canção infantil

E o ser humano fala de tudo e não sabe um terço

Eu faço por que sou real, nem sei se mereço

A ideologia que vem de berço

Somos Pinóquios plantando mentiras e colocando a culpa no Gepeto”

A vida é uma canção infantil! E não importa se você é criança ou adulto, quando se é periférico os riscos de morte só aumentam. Violência policial é rotina nos morros da Grande Vitória e do Brasil, o que César, o autor da poesia, deixa explícito em toda ela. Por que cinco jovens em Costa Barros foram mortos por policiais com mais de cem tiros em um carro? Por que os mesmos policiais envolvidos no caso foram absolvidos? Pois há uma normalização destes casos no país. Este não é o único caso em que PMs matam jovens periféricos e forjam algum crime para que isto seja usado como justificativa. Onde está Amarildo? Até hoje ninguém sabe! E o homem que foi morto em uma operação policial por estar usando uma furadeira? Eduarda, que foi morta dentro de sua escola?! Podem até causar comoção, mas não como quando se há um atentado na Europa, sendo que no Brasil, acontecem atentados todos os dias nas favelas a fora.

O que César vem mostrar na poesia é o preconceito que se tem sobre o “favelado”, preconceito que pra Psicologia Social é uma atitude que envolve um pré-julgamento na maior parte das vezes negativos relativamente a pessoas ou a grupos sociais, com certeza a pessoa que mora na favela é passível de ser alvo de preconceito simplesmente por isso.

No verso “mas se a lebre vem de juliet, até a tartaruga aperta o passo”, ele deixa escancarado isso. Mostrando que ao ver alguém com estereótipo de morador de periferia, as pessoas já apressam o passo achando que vão ser assaltadas. Mas em toda a poesia ele vem apresentar que além deste estereótipo de que todo favelado é ladrão, dentro das casas há muito mais que isso: há alegria, há união, onde se tenta passar com um sorriso no rosto apesar de tudo que se sofre por ser “favelado”.

Obs: César é do Morro do Quadro(comunidade de Vitória), foi campeão do Duelo Nacional de Mcs em 2017, e está na final do Slam Nacional(competição de poesia marginal que acontece em todo o mundo e terá sua final na França com os representantes dos países participantes).

Século XXI – WJ

“Eu preciso falar, século XXI, onde tudo é comum

Policial que confundiu nego com um traficante, matou, foda se

Era só mais um, esse é o Brasil, e esse é aqui é meu povo

Eu aposto 100 mil contigo, que amanhã ele confunde de novo

Amanhã, depois e novamente

De dez traficante que morre, nove é inocente

Mas como ser traficante e inocente ao mesmo tempo na vida?

É só dizer que é traficante e pronto, e todo mundo acredita

Até eu acredito no que foi dito pelo supremo veredito

E ai de mim se não acreditar, talvez nem passe mais um dia vivo

Mas eu sou traficante também, hem, representante de Coelho Neto

A minha indola é a leitura e o fuzil e o papo reto

Século XXI, onde tudo é comum, onde o rico só escuta aplauso e eu escuto "Patum"

Onde o rico dorme feliz, ao mar e suas onda sucintas

Enquanto o meu despertador é uma glock com pente de 30

Mirada

...

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