Psicologia Fenomenológica Fundamentos, Método e Pesquisa

FORGUIERI, Yolanda Cintrão. Psicologia Fenomenológica: fundamentos, método e pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002.

 

Ana Cláudia Gomes de Oliveira[1]

 

Resenha crítica

 

Ao longo do texto trataremos sobre a interpretação a respeito do ser, o ser-aí, ser-consigo, através da sua relação ou não com o que o cerca e a forma de observar esses fenômenos através do enfoque, do ser no mundo, além disso verificaremos através da autora as formas de existir; preocupada, sintonizada e racional, perceberemos que embora separadas e únicas em suas formas, sua apresentação  é sempre em conjunto e interligada, também veremos a capacidade do indivíduo de espacializar e temporalizar sua existência e descobrir sobre o ser-doente e o ser-saudável existencialmente.

A autora nos mostra a chegada à definição do enfoque fenomenológico da personalidade, porém é importante ressaltar que embora tenha chegado a um resultado através de uma trajetória prática, do seu retorno às obras filosóficas, articulação e através do debate de ideias, ela não enxerga esse tema como obra finalizada ou tão pouco como nomenclatura definitiva, e sim um estágio de uma obra em construção e com necessidade de experimentação e pesquisa para avanço em seus resultados.

No decorrer da obra, é fundamental reconhecer que as ideias são antagônicas e por vezes paradoxais, e para realizar a articulação necessária e fazer a ponte entre elas exigiu da autora um rigor e coerência fortes, porém foram fundamentais para elaboração do resultado encontrado pois como narrado os caminhos eram ambíguos.

No texto percebemos que as ideias que fundamentam o enfoque têm como base alguns filósofos, e como ponto de partida ela nos apresenta a fenomenologia do Ser-aí de Heidegger onde fundamentam as dimensões primordiais do existir: A preocupação e a angústia, o compreender, o temporalizar e o espacializar.

Após o contexto do resultado nos é apresentada as características básicas da personalidade e também seus autores que embasam a idéia defendida pela autora. A primeira estrutura desse pensamento é o Ser-no-mundo, onde somos levados a refletir essa estrutura como única e total, sem a possibilidade de divisão e decomposição para análise individual, pois a existência e vivência humana é imediata e pré-reflexiva.

Contudo deve-se entender os aspectos que o mundo apresenta para realização da ponte entre as ideias e o melhor entendimento da proposta do enfoque, para isso Forguieri divide o mundo em circundante, humano e próprio, porém ainda que seja o mesmo mundo, único e indivisível seus aspectos são diferentes, o que nos leva à fenômenos pessoais e grupais únicos e que serão percebidos e vivenciados de forma diferente e singular por cada Ser-humano.

A obra mostra que o mundo circundante é impositivo na sua relação com o homem onde a característica fundamental é a adaptação, nesse contato o corpo é a ferramenta de maior destaque pois é unificado e unificador em cada vivência, já o mundo circundante é o aspecto onde nos deparamos com os condicionamentos e também nossas limitações sejam elas corporais ou animais, e o mundo próprio é a relação do homem com ele mesmo, porém embora leve ao autoconhecimento e seja o mundo próprio, sempre será o homem no mundo em relação a algo ou alguém.