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Resultados da pesquisa para cuidados infantis em uma clínica psicológica

Seminário: Resultados da pesquisa para cuidados infantis em uma clínica psicológica. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  24/11/2013  •  Seminário  •  2.157 Palavras (9 Páginas)  •  383 Visualizações

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Aula-tema 07: Os Resultados da Pesquisa

Após o diagnóstico e as intervenções realizadas pelos estagiários na Clínica Psicológica e, em prosseguimento, à exposição da pesquisa realizada, chegou o momento de pontuar os resultados obtidos. O objetivo desse relato foi o de refletir sobre a prática psicodiagnóstica, sem generalizar as ações realizadas, uma vez que cada estudo de caso é particular e único.

Retomando as indicações para o atendimento das crianças na Clínica Psicológica, os estagiários notaram que as queixas apresentadas no início dos atendimentos poderiam estar relacionadas ao comportamento considerado diferente do padrão idealizado do "bom aluno", centrando, assim, todas as causas das dificuldades relatadas na própria criança, sem mencionar seus aspectos positivos e também sem considerar fatores referentes ao ambiente escolar.

No caso 1 foi a agressividade que apareceu como causa provável da dificuldade em aprender; já no caso 2 foi a desatenção da criança o foco do problema e, no caso 3, foi o desejo de ter um pai presente. Embora as dificuldades sejam da criança não podem ser desconsideradas as influências das variáveis ambientais, uma vez que, para Bronfenbrenner (1996, apud. Azevedo 2010) a criança em desenvolvimento deve ser compreendida por meio da interação dos vários ambientes em que ela vive e também pela assimilação dessas interações.

Nas famílias com as quais a pesquisa foi realizada, observou-se como fatores negativos a instabilidade econômica e afetiva, a ausência de definição e de valorização dos papéis de cada membro, além da dificuldade nas interações. A falta de clareza nas regras de convivência e a ausência de apoio emocional da família podem ter dado origem à agressividade ou ao desinteresse que se refletiram na situação escolar. Os desajustes familiares podem determinar o que as crianças percebem e, assim, influenciar a sua forma de agir sobre o ambiente.

Os resultados colhidos durante as sessões de intervenção na brinquedoteca mostraram a preferência de brinquedos de ação e de desafios para os meninos, casos 1 e 2, e de jogos simbólicos para a menina do caso 3. Em todas as situações de psicodiagnóstico interventivo foram observadas, tanto nas brincadeiras do mundo real como nas do mundo da fantasia, situações que permitiam à criança passar de um papel passivo para um papel ativo na brincadeira, o que possibilitava a elas lidar com complexas situações psicológicas enquanto brincavam.

Os tipos de brinquedos e jogos escolhidos pelas crianças dos casos 1 e 3 permitiram identificar um bom nível de desenvolvimento intelectual e cognitivo, principalmente no caso 3, que apresentou um padrão de respostas acima do esperado para a faixa etária dessa criança. No caso 2, embora a desatenção tenha determinado um tipo de comportamento que apresentou dificuldades em seguir regras e a negação da própria dificuldade, foi observada a presença do raciocínio lógico. Com relação ao vínculo entre os estagiários e a criança, pôde ser constatado uma melhor interação para as crianças dos casos 1 e 3. A criança do caso 2, comunicou-se pouco e uma melhor aproximação ocorreu apenas ao final do processo de intervenção.

As professoras dessas crianças foram orientadas a não desistirem delas, a se aproximarem e a incentivá-las, uma vez que a superação das dificuldades necessita tanto da responsabilidade e da participação de quem aprende como da de quem ensina.

As dificuldades de aprendizagem são identificadas pela não aquisição ou pelo atraso dos marcos de desenvolvimento que costumam ser detectados com a entrada da criança na escola. O trabalho realizado na brinquedoteca é o de identificar, pelo brinquedo e pelo brincar, quais são as habilidades cognitivas, motoras, afetivas e sociais da criança, e resgatar, por meio de sua história de vida, construída antes e depois de sua entrada na escola, quais mudanças ocorreram nesses marcos de desenvolvimento em função de sua experiência escolar. Nesse sentido, seguem os resultados com o perfil diagnóstico para cada caso estudado na pesquisa:

Caso 1: O motivo para o encaminhamento foi a queixa de agressividade da criança. Em seu histórico de vida aparecem: a mudança não bem aceita de uma escola particular para uma escola pública, a separação dos pais, o ciúme do padrasto e a dificuldade no relacionamento afetivo com a mãe. Nas intervenções, a criança mostrou preferir jogos violentos, nos quais o ato de bater era fundamental. Confirmou-se, então, a queixa de agressividade explicada pela exclusão por parte dos colegas; porém, a criança mostrou boa integração e afetividade com o estagiário.

Comprovou-se, também, durante as sessões, a facilidade da criança em aprender, pelo bom desempenho que demonstrou em jogos de memória, números, formas e cores. Ela mostrou, portanto, bom desenvolvimento cognitivo e ainda um bom desenvolvimento motor. Foi diagnosticado também, embora não estivesse presente nas queixas apresentadas, uma rejeição à sua família, especialmente à mãe, confirmando, assim, um relacionamento familiar precário.

Como encaminhamento, foi recomendado à mãe fazer psicoterapia para resgatar seu papel junto ao filho; à professora, aproximar-se mais da criança, compreendendo que sua interação escolar relaciona-se à família, escola e amigos.

Caso 2: A criança foi encaminhada pela professora por seu comportamento de desatenção e pela dificuldade de aprendizagem, além da timidez. A suspeita de problemas auditivos não foi confirmada pelo médico. A criança vivia em um ambiente hostil, uma vez que o relacionamento dos pais não era bom. O pai era agressivo e gritava com o filho, que, por sua vez, tinha medo dele.

A queixa de desatenção foi confirmada pela estagiária que o atendeu, pois a criança mostrou dificuldade em se concentrar durante as atividades realizadas na brinquedoteca. Apresentava-se também inseguro e com medo de errar, talvez pudesse estar utilizando a desatenção como mecanismo de defesa. Não foi notada a dificuldade em aprender, uma vez que a criança se saiu bem nos jogos de desafio, manifestou boa motricidade, organização e capricho ao manusear os brinquedos, além de boa capacidade em seguir regras, gosto pela competitividade, pensamento lógico e facilidade em montar, desmontar e projetar.

Pela diferença entre o que foi apresentado pela escola e o que foi observado nas sessões de intervenção, concluiu-se que as dificuldades de aprendizagem dependiam mais de fatores externos, estes referindo-se às interações entre a criança e o meio, inclusive

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