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Revista interdisciplinar da mobilidade humana

Por:   •  9/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  956 Palavras (4 Páginas)  •  381 Visualizações

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“Identidade, migração e suas dimensões psicossociais” p.45-60

DANTAS, Sylvia “ Revista interdisciplinar da mobilidade humana” Brasília, n.34, v.18, p.60, jan./jun.2010

Sylvia Dantas, inicia o seu texto com a seguinte indagação: “Por que é importante falar em identidade quando falamos em imigração? Quais as consequências para o mundo emocional e para a forma como a pessoa se vê e se entende? O que muda e o que não muda e como muda? Como isso se relaciona com a família, com o grupo e a sociedade de origem e a sociedade hospedeira? ” As razões para o fenômeno da imigração/migração são diversas; desde os avanços tecnológicos até a busca por uma vida melhor. Entretanto, nesse aspecto a tecnologia favorece e auxilia, pois permite que, hoje, em vinte e quatro horas seja possível estar do outro lado do mundo. Os avanços tecnológicos estão associados ao fenômeno da imigração pois os deslocamentos humanos não escapam da dura realidade sobre nós mesmo – serviços tecnológicos utilizados como forma de subjugar um grupo a outro. Isto posto, será possível, por meio desse artigo, abordar as dimensões subjetivas da questão identitária a partir de uma perspectiva intercultural e psicodinâmica. O enfoque intercultural, segundo Lambert, “promove uma visão ampla, dinâmica e flexível dos fenômenos psicossociais, e entende o desenvolvimento humano e suas manifestações decorrentes da dialética entre o sujeito e os contextos culturais e sociopolíticos. ” (Dantas, 2010, p.46). Dantas afirma que a articulação entre a abordagem intercultural e psicodinâmica, modelo por nós proposto e desenvolvido, tem se mostrado uma maneira de compreender os encontros humanos entre indivíduos de diferentes culturas de maneira contextualizada crítica e profunda. Dentro desse contexto, é preciso destacar a importância da identidade para o ser humano. Identidade a qual somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo se supõe como coerente, fixo e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza. Diante disso, é possível afirmar que a identidade não existe senão contextualizada, como um processo de construção e pressupõe o reconhecimento da alteridade para a sua afirmação. Assim como diz Boaventura de Souza Santos, “identidades são, pois, identificações em curso” (Dantas, 2010, p.48). Somos inseridos à cultura por meio de figuras primárias, com as quais nos identificamos e essas identificações vêm espessas de afeto. Destarte, as identificações, em termos psicanalíticos, são um “processo psicológico pelo qual um indivíduo assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se transforma, total ou parcialmente, segundo o modelo dessa pessoa. A personalidade constitui-se e diferencia-se por uma série de identificações. ” (Dantas, 2010, p.48). É válido retomar que nosso senso de identidade é desenvolvido a partir da conexão com os outros, pois essa conexão aliada ao processo de reflexão e observação simultâneas são a base da formação identitária. Logo, fica claro que o contato contínuo com outra cultura supõe um conflito, crise e uma posterior adaptação ao novo ambiente cultural. Os indivíduos expostos a novos contextos – sociais, culturais, políticos e econômicos – e formas alternativas de ser ao se deslocarem, precisam lidar com questões de mudança de identidade cultural, tanto nacional quanto ética. A primeira problemática consiste no sentimento de um indivíduo pertencer e ser parte de um país ou estado soberano podendo mudar quando sai do país de origem e adquire uma nova cidadania. A segunda, diferente da anterior, origina-se da herança ancestral do indivíduo que não possa ser mudada, embora possa ser negada ou ignorada. Já a identidade étnica, concerne a sentimentos e laços comuns compartilhados de cultura, religião, raça, parentesco e linguagem, que são forças organizadoras importantes das compreensões individuais da realidade. É definida como um aspecto de aculturação, ou seja, processo de mudança este que decorre do contato entre duas culturas diferentes. Para que seja possível acontecer essa integração, é preciso que haja oportunidades reais de os imigrantes fazerem escolhas na forma e na proporção da manutenção da própria identidade étnica e do desenvolvimento de uma nova identidade, como parte do país onde se estabilizam. É fundamental notar que, a identidade em si é dinâmica e flexível, assim nossa compreensão de uma “identidade adquirida” é colocada entre aspas já que estamos cientes que sua construção é contínua e introduzida no processo histórico pessoal e sociopolítico. Há diversas situações complexas de identidade criadas pela imigração/migração no contexto atual. Temos, como exemplo, filhos de imigrantes, indivíduos com pais de culturas diferentes, gerações recentes de imigrantes que voltam ao país de seus ancestrais, entre outros. Posto que as identidades de grupo seguras estão associadas às competências, à autoestima e, no caso de crianças e adolescentes, ao desempenho escolar, sendo bases para a saúde mental, bem-estar psicossocial, salientamos a importância em tempos atuais do espaço de continência e interlocução proporcionado em grupos de orientação, visto que favorecem processos de identificação para que experiências coletivas entre mundos distintos se tornem objeto de reflexão e transformação pessoal.

Informações sobre o(a) autor(a):

DE BIAGGI, Sylvia Dantas

Ph.D. em Psicologia Social pela Universidade de Boston

Psicanalista e psicoterapeuta intercultural

Professora da Faculdade de Psicologia da UNIFESP

Coordenadora do Grupo de Pesquisa Diálogos Interculturais (IEA/USP)

 Idealizadora e coordenadora do Serviço de Orientação Intercultural, Instituto de Psicologia, USP - Universidade de São Paulo / Brasil

UENO, Laura Satoe

Mestre em Psicologia Social pela USP

Psicoterapeuta psicodinâmica intercultural da Equipe do Serviço de Orientação Intercultural, Instituto de Psicologia, USP - Universidade de São Paulo / Brasil.

LEIFERT, Gabriela Mantaut

Mestre em Psicologia Social pela USP

Psicoterapeuta familiar e intercultural da Equipe do Serviço de Orientação Intercultural, Instituto de Psicologia, USP - Universidade de São Paulo / Brasil.

SUGUIURA, Marcos Hiroyuki

Mestre em Psicologia Social pela USP

Psicoterapeuta rogeriano e intercultural da Equipe do Serviço de Orientação Intercultural, Instituto de Psicologia, USP - Universidade de São Paulo / Brasil.

Bibliografia:

DE BIAGGI, Sylvia Dantas. Identidade, migração e suas dimensões psicossociais. Revista interdisciplinar da mobilidade humana. Brasília, n.34, v.18, p.45-60, jan./jun.2010

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