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Seminário de Neuropsicologia

Por:   •  4/6/2018  •  Seminário  •  1.838 Palavras (8 Páginas)  •  184 Visualizações

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        A ciência evolui e hoje podemos mapear o que acontece no cérebro, através de técnicas como a tomografia computadorizada, sabemos que durante muito tempo a Psicologia teria “ignorado” o cérebro como órgão responsável pela realização das funções humanas como a razão e afetividade e, a partir de uma visão neuropsicológica podemos estudar o mecanismo da emoção mais aprofundado. No entanto, definir emoção não é uma tarefa simples, pois existem diversidades de teorias divergentes nos vários domínios da pesquisa psicológica que enfocam o tema das emoções, até porque as emoções – amor, ódio, desgosto, alegria, vergonha, inveja, culpa, medo, ansiedade e assim por diante - são sentimentos experienciados por todo o ser humano em um momento ou em outro.

        A origem dos estudos da emoção no cérebro é algo recorrente na neurociência que nos remete desde a época de Aristóteles que nos falava de uma alma sensível ligada a emoção e uma alma racional ligada a cognição. No ano de 1690, filósofo John Locke argumenta que todo o conhecimento é adquirido pelo contato com o ambiente. Por volta do século XIX temos bastantes avanços da ciência na área da Psicologia Cognitiva com a fisiologia do russo Ivan Pavlov que faz suas demonstrações empíricas da aprendizagem associativa simples, onde ele demonstra um cão associando o som de uma companhia à chegada do alimento. Também, temos o surgimento do Behaviorismo com John B. Watson, onde a teoria enfatiza que o comportamento é determinado por forças externas e podem ser manipulados e observados, possuindo grande valor para a ciência da psicologia.

No século XX, temos os avanços da neurociência onde relatamos esse avanço na área da emoção, onde James Papez, forma um circuito de Papez, onde ele dá hipótese que as expressões emocionais é mediada por vários sistemas neurais. Tendo também, a Teoria dos dois fatores, onde os cientistas Stanley Schachter e Jerome Singer propõem que as emoções são resultados de excitações físicas e da atribuição, ou explicação cognitiva, da fonte de excitação. Na década de 1990, os pesquisadores começam a estudar as funções interpessoais das emoções como a vergonha, a culpa e o embaraço, com a ideia de resolver problemas adaptativos. Já na década de 2000, o cientista da Joseph Le Doux contribui para os avanços da neurociência afetiva nos seus estudos sobre a importância da amigada para a experiência e a percepção da emoção, onde permitem aos pesquisadores estudar o cérebro emocional em ação. As emoções dependem da estrutura cerebral, especialmente o sistema límbico e o córtex pré-frontal (GAZZANIGA, 2006).

        Recentemente cientistas da Universidade de Stanford, Robert Zajonc e da Universidade de Berkeley, Richard Lazarus entraram em debate para discutir sobre os sistemas neurais da emoção. O cientista Zajonc afirma que o julgamento emocional era fruto da preparação dos organismos para lutar e fugir e que vinham da amígdala, também afirma que estes respondiam sem o processo da cognição. Enquanto Lazarus afirmava que a emoção não pode ocorrer sem uma avaliação cognitiva se experimentarmos sinais de alerta no sistema nervoso autônomo, nossa reposta vai depender da situação em que é enfrentada pelo indivíduo. As pesquisas da neurociência têm respondido que os dois cientistas estão certos, por incrível que pareça, pois os sistemas neurais da emoção e cognição são independentes e interdependentes.Atualmente foi publicado no ano de 1994 o livro do pesquisador Antônio Damásio (O Erro de Descar tes), onde foi desmistificado que o credo entre a razão e emoção são domínios cognitivos separados, onde ele sustenta que a razão é guiada pela avaliação emocional da consequência de um ato.

        Um exemplo sobre o avanço dos estudos da Emoção está o caso do contramestre Phineas Gage, que sofreu uma tragédia em seu trabalho na construção da extensão da estrada de ferro Rutland & Burlinton, onde seu trabalho consistia em colocar em periciar as cargas de dinamites, mas em uma distração a consequência foi terrível, pois uma barra de ferro varou o crânio, aonde entrou logo abaixo do olho esquerdo e saiu no topo, lesionado o córtex orbito frontal destruindo grande parte da região medial do córtex pré-frontal, posteriormente após a cirurgia foi observado que “Gage deixou de ser Gage”, seu comportamento mudou ele perdeu suas habilidades sociais, passou apresentar-se em circo como uma aberração, bêbado e chamando palavrões em público. O médico que tratou dele exumou seu corpo e hoje em dia seu crânio e a barra de ferro são objetos de estudos da neurociência que permitiu a reconstituição do cérebro de Phineas Gage e a determinação do local que a barra de ferro atingiu é a proposição de que o córtex orbito frontal é fundamental no processamento das emoções (GAZZANIGA, 2006).

Estruturas do encéfalo envolvidas com as emoções

        James Papez (1937 apud GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006, p. 563) apresenta a teoria do circuito do cérebro e da emoção, onde aponta que respostas emocionais envolvem uma rede de regiões cerebrais, incluindo o hipotálamo, tálamo anterior, giro do cíngulo e hipocampo. Essa teoria é revista, em 1952, por Paul Maclean (apud GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005, p. 328), o qual acrescentou a essa lista a amígdala, o córtex orbito frontal e porções do núcleo da base, denominando esse circuito neural ampliado de Sistema Límbico.         Estudos mais recentes têm mostrado que o conceito de Sistema Límbico, como delineado por Maclean, não tem sido sustentado com o passar dos anos (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006). Le Doux (1996) afirma que emoções diferentes são meadas por redes cerebrais diferentes, módulos diferentes, e as transformações evolutivas em determinada rede podem não influenciar as demais. O autor acredita que a única maneira de entender como as emoções provêm do cérebro é poder estudar uma emoção de cada vez. Bear, Connors e Paradiso (2002, p. 588) questionam se devemos incluir cada estrutura que contribui de alguma forma para a experiência ou a expressão de qualquer tipo de emoção. Mas reforçam que “nossa estratégia é enfocar umas poucas e específicas emoções para as quais há fortes evidências do envolvimento de certos circuitos neurais”.

        A figura a seguir mostra a estrutura que atualmente compreende o Sistema Límbico, em que as duas estruturas mais importantes são a amígdala e o córtex orbito frontal: Segundo Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006, p. 565), “o córtex orbito frontal pode regular nossas habilidades de inibir, avaliar e agir com informação emocional e social”. Autores como Cosenza e Guerra (2011, p. 77) salientam que, “se um estímulo importante, com valor emocional, é captado, ele pode mobilizar a atenção e atingir as regiões corticais específicas, onde é percebido e identificado, tornando-se consciente”. “A amígdala processa o significado emocional dos estímulos e gera reações emocionais e comportamentais imediatas” (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005, p. 330). “A amígdala interage também com o córtex cerebral, permitindo que a identificação da emoção seja feita, e podendo ocasionar, além disso, o aparecimento e a persistência de um determinado estado de humor” (COSENZA; GUERRA, 2011, p. 78).

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