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A Era Mauá

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Por:   •  1/4/2014  •  2.177 Palavras (9 Páginas)  •  584 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A importância de Irineu Evangelista de Sousa, mais conhecido como Barão de Mauá, para o desenvolvimento econômico do Brasil deixa margem a poucas dúvidas. Banqueiro, industrial, comerciante, fazendeiro e político, seu nome está associado à construção da primeira ferrovia no país. Foi também pioneiro no estabelecimento da primeira fundição, na iluminação do Rio de Janeiro, na navegação de cabotagem no Amazonas e na viabilização do primeiro cabo submarino, ligando o Brasil à Europa e, desse modo, possibilitando a comunicação via telégrafo.

No entanto, tão impressionante como suas realizações e o vasto império que construiu foi o crepúsculo e o final de sua carreira empresarial. Para que se possa aquilatar a realização, no seu apogeu, ocorrido ao redor de 1867, o valor total dos seus ativos contabilizava 115 mil contos de réis, quando o orçamento do Império de D. Pedro II, era de 97 mil contos de réis.

Em 1877, após quase 30 anos de empreendimentos, Mauá teve sua licença de comerciante cassada como resultado da decretação de falência de seus negócios, porque não conseguiu que o governo renegociasse as dívidas, que vinha lutando para saldar desde a declaração da moratória da Mauá e Cia. 3 anos antes.

Na época da falência, o Barão redigiu o texto Exposição do Visconde de Mauá aos Credores de Mauá e Cia. e ao Público (MAUÁ, 1996). Relata a trajetória de seus principais empreendimentos, bem como analisa as causas que o levaram à falência. Dizia esperar que outros não viessem a sofrer os dissabores que ele havia sofrido nas mãos dos dirigentes do seu país. Ficava implícito que as causas para seu fracasso não se deviam necessariamente a alguma imprevidência sua ou falta de capacidade gerencial no manejo e na condução dos seus negócios, mas resultaram de uma postura indiferente e, muitas vezes, hostil do governo em relação às suas iniciativas.

Mauá sublinhava o papel institucional do Estado na condução de políticas públicas e o impacto negativo que a intromissão governamental, em certas esferas, pode causar em iniciativas empreendedoras, visando ao desenvolvimento econômico do país. Desse modo, a história de Mauá se tornou um símbolo a ser lembrado de políticas governamentais incongruentes e de uma postura pouco propícia ao desenvolvimento de negócios, cujos objetivos não deixavam de ser a promoção do bem-estar comum.

De fato, o ambiente institucional existente na época dos empreendimentos do Barão, que abrangeu desde 1840 até meados de 80, quando ele finalmente teve sua licença de negociante cassada, não pode ser considerado exatamente um convite a empreendimentos industriais. Envolvia uma política econômica de restrição ao crédito, um cenário político de manutenção de antigas estruturas mercantilistas e judiciário ineficiente, atrelado ao antigo clientelismo colonial.

O livro escrito por Jorge Caldeira (1995), no qual este artigo foi em boa parte inspirado, tomando-o como referência e ponto de partida, ilustra muito bem esse contexto. No livro, Caldeira nos apresenta Mauá contra o pano de fundo do Império brasileiro, já que as datas do barão coincidem praticamente com a do período imperial de nossa história. Chega ao Rio de Janeiro como menino caixeiro pouco antes da proclamação da independência, falecendo três semanas antes da proclamação da república.

A ERA MAUÁ

A Era Mauá compreende o período em que o Barão de Mauá fez investimentos em diversas áreas, promovendo o começo da industrialização do país.

O Barão de Mauá, Irineu Evangelista de Souza nasceu em uma cidade chamada Arroio Grande, pertencente ao município de Jaguarão, Rio Grande do Sul. Muito cedo perdeu o pai e, ao lado de um tio que era capitão da marinha mercante, mudou-se para o Rio de Janeiro. Com 11 anos de idade já trabalhava na função de balconista em uma loja de tecidos; graças à sua esperteza foi progredindo aceleradamente. No ano de 1830 empregou-se em uma firma de importação de propriedade de Ricardo Carruther, com quem aprendeu inglês, contabilidade e a arte de comercializar. Com 23 anos subiu de posição, tornou-se gerente e pouco tempo depois sócio da companhia.

Após realizar uma viagem à Inglaterra, em 1840, concluiu que o Brasil precisava de capital para investir na industrialização. Irineu decidiu sozinho avançar em direção ao progresso, edificou os estaleiros da Companhia Ponta da Areia, construiu, no ano de 1846 a indústria náutica brasileira, que se estabeleceu no Rio de Janeiro, mais precisamente em Niterói.

Em questão de um ano já possuía a maior indústria do país, contribuindo para colocar no mercado de trabalho mais de mil operários, fabricando caldeiras para máquinas a vapor, investindo em engenhos de açúcar, guindastes, prensas, armas e tubos para encanamento de água. Deste momento em diante, Irineu Evangelista resolveu se dedicar a duas atividades em potencial, dividiu-se entre a profissão de industrial e a de banqueiro.

Através de uma sociedade firmada com capitalistas da Inglaterra e cafeicultores de São Paulo, tomou parte na construção da Recife and São Francisco Railway Company, da estrada de ferro dom Pedro II – hoje a Central do Brasil -, e da São Paulo Railway – atual Santos-Jundiaí.

Deu início à edificação do canal do mangue, no Rio de Janeiro, e respondeu pela implantação dos primeiros cabos telegráficos e submarinos, conectando o Brasil à Europa. No final do ano de 1850, o então visconde inaugurou o Banco Mauá, MaCGregor & Cia, com várias filiais espalhadas pelas capitais brasileiras, e também no exterior, como em Londres, Nova Iorque, Buenos Aires e Montevidéu.

Era considerado um liberal, abolicionista e peremptoriamente antagônico à Guerra do Paraguai, concedeu os recursos financeiros imperiosos para a defesa de Montevidéu quando esta cidade se sentiu acuada pela liderança imperial que decidiu intervir, em 1850, nas questões do Prata. Com suas atitudes contra o governo, acabou por se transformar em uma pessoa não bem vista pelo Império.

Duas fábricas foram sabotadas, ações criminosas aconteceram, sem a menor cautela, e suas transações comerciais foram atingidas pela lei, que passou a cobrar taxas exorbitantes sobre as importações.

Na carreira política foi deputado pelo Rio Grande do Sul em vários mandatos, porém, em 1873, renunciou ao seu encargo para poder se dedicar a seus negócios que se encontravam em risco desde a crise bancária de 1864.

Em 1875, Irineu

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