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CRÍTICA AO DISCURSO MIDIÁTICO DE CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA

Por:   •  1/10/2020  •  Artigo  •  3.888 Palavras (16 Páginas)  •  166 Visualizações

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CRÍTICA AO DISCURSO MIDIÁTICO DE CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA

CRITICISM OF THE MIDIATIC DISCOURSE OF CRIMINALISATION OF POVERTY

Luamar Maria Da Silva Mendes*

RESUMO

        O presente artigo é resultado de três meses de pesquisa bibliográfica onde foram explorados autores que retratam a criminalização da pobreza de forma geral. A análise feita a partir de toda a apreensão, parte do ponto de vista de entender como e porque a mídia apresenta crimes diários como um padrão para pobres moradores de favela, que são uma classe excluída pelo capital, tornando-os inúteis para esse. Da mesma maneira, aspira-se por explanar um pouco mais sobre a estigmatização dessa classe e expor a opinião que é reproduzida pela sociedade.  

PALAVRAS-CHAVE: Estado. Capital. Criminalização da Pobreza. Mídia.

ABSTRACT

This article is a result of three months of bibliographic research where were explored authors that portray the criminalization of poverty in general. The analysis made from all the apprehension, part of the point of view of understanding how and why the media presents daily crimes as a standard for poor favela dwellers, who are a class excluded by the capital, making it useless for these. Similarly, it is aspires to explain a little more about this class stigmatization and expose the opinion that is reproduced by society.  

KEYWORDS: State. Capital. Criminalisation of Poverty. Media.

* Graduanda no Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

INTRODUÇÃO

Desde a divisão das sociedades em classes, em decorrência do surgimento da propriedade privada no mundo, todas as sociedades humanas têm vivido em meio a diferentes níveis de exclusão de pessoas devido às diferenças socialmente construídas. Com o surgimento do capitalismo, tornou-se necessário perceber quais as suas bases, isto é: o maior acesso a oportunidades e direitos a uns do que outros. O mundo capitalista é construído em cima das diferenças sociais, onde a classe dominante impera sobre a oprimida, ditando as regras e controlando a subsistência.

A partir desse fato, podemos falar do papel da mídia hegemônica e em qual lado ela se encaixa. A mídia hegemônica vai ser apoiadora do capital, se tornando um meio alienável para a sociedade em diversos âmbitos, sejam eles pessoais ou políticos na vida do cidadão. A mídia hegemônica sempre favorece a minoria rica do país e do mundo, estando sempre contra a classe trabalhadora e seus movimentos, apresentando um discurso corrompido sobre a pobreza, criminalizando-a.

Quando emissoras de televisão precisam cobrir algum fato ocorrido dentro da favela, nunca enveredam pelo caminho real, para mostrar a realidade vivida nas periferias, ao contrário, mostram apenas uma face da violência enfrentada lá dentro, legitimando as invasões policiais ou prisões em massa, que vão favorecer o Estado e a sua visão por meio da sociedade a qual a mídia está direcionada.

De forma geral, essa abordagem do discurso midiático da criminalização da pobreza, parece se mostrar importante para o Serviço Social, tendo em vista que esta profissão procura abordar a perspectiva da classe trabalhadora, buscando entender cada vez mais a questão social, que é o objeto da profissão, e a maneira em que a mídia hegemônica desenvolve a seu favor a realidade da classe trabalhadora sem privilégios. Dessa maneira, é de fundamental importância à crítica a esse discurso que está envolto na mídia hegemônica.

Com isso, cabe a esse artigo analisar o discurso de criminalização da pobreza dentro da mídia sensacionalista por meio de sondagem de programas televisivos que retratam o crime, visando estabelecer uma ponte entre a realidade e o mostrado. Da mesma forma, para que se compreenda como se forma essa concepção midiática, é preciso analisar o Estado e o estigma na sociedade.

ESTADO, CRIMINALIZAÇÃO E ESTIGMA

A crise do capital tem sua gênese nos anos 70, tendo sido motivada pelas baixas taxas de lucros, diminuição do consumo, produtividade baixa do trabalho e outros determinantes que vão compor a lógica do capital. Hodiernamente, enfrentamos uma crise no capital que vem deixado marcas na sociedade e em países com desigualdade social, que é o caso do Brasil. A crise afeta diretamente a vida da classe trabalhadora brasileira, uma vez que torna crescente a taxa de desemprego, o aumento de condições precárias do trabalho, sendo esta por violência ou criminalização do individuo. De acordo com Antunes (1999), a crise do capital se expressa destruindo a força humana que trabalha, acabando com os direitos sociais e transformando em predatória a relação existente entre Produção x Natureza.

Por muito tempo, aqui no Brasil, a pobreza foi vista como um sinônimo claro de "vadiagem", tendo uma associação com a delinquência e criminalidade, e isso reflete até hoje na realidade diária da vida em sociedade. Devido a isso, a pobreza se torna uma constante no Brasil e seu índice tem alarmado. As práticas de atos criminosos, como roubos ou tráfico de drogas, são associadas à pobreza, principalmente aos moradores de favelas. Essa população, majoritariamente excluída, é vista como "inútil" ao capital, o que passa a se tornar um constante perigo para a sociedade, e é nesse cenário que o Estado entra com instrumentos para conseguir conter essa classe que é considerada como "risco".

Sabemos que a desigualdade é uma realidade e o preconceito ainda está presente em nossa sociedade capitalista, porém o que às vezes não levamos em conta é que o próprio Estado incita isso. O Estado criminaliza jovens pobres e negros, além de reproduzirem o discurso para a sociedade, por meio da mídia, perpassando a sensação de medo e insegurança. Isso produz desconfiança e reafirma ainda mais as desigualdades. Os alvos mais comuns dessa criminalização apontada são jovens negros, pobres, população de rua e os movimentos sociais. Com base nisso, podemos perceber o estigma sendo destacado. O estigma social se define quando seu portador é designado como não qualificado. GOFFMAN, 2004, esclarece como a “situação do individuo que está inabilitado para aceitação social plena”. Assim, o estigma vai cumprir a função de designar os pertencentes a um grupo e os que não são. Dessa maneira, torna-se acessível compreender a "ameaça" a qual essa classe significa para a parte privilegiada da sociedade.

 Os negros, pobres, criminalizados os quais falamos, são um exemplo claro de estigma. Estes sofrem consequências, uma vez que são desvalorizados, tidos como inferiores pela classe opressora, além de serem negados os direitos e oportunidades. É comum e corriqueiro que a classe estigmatizada apareça nas mídias como os autores de atos criminosos, sendo apanhados de maneira imediata e preconceituosa, associados à prática do crime. Assim, a definição de criminalização faz conexão sobre o quão suscetíveis os negros e pobres estão, sendo acusados por crimes, ainda que inocentes.

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