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Fichamento "O que é Etnocentrismo"

Por:   •  22/6/2015  •  Resenha  •  4.846 Palavras (20 Páginas)  •  2.618 Visualizações

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Referência bibliográfica do texto: Rocha, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. 11ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 96 p. (Coleção Primeiros Passos, 124)

Informações sobre o autor do texto: Nascido em 1º de outubro de 1951, na cidade do Rio de Janeiro, Everardo Rocha é casado e pai de três filhos. Realizou seus estudos básicos nos colégios Bennett e São Vicente de Paulo. É doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestre em Comunicação da UFRJ e graduado em Comunicação Social pela PUC – Rio. É professor do Departamento de Comunicação Social da PUC – Rio há mais de 25 anos e colaborador do Coppead/UFRJ. Pesquisador do CNPq, consultor, tem vários livros publicados entre os quais se destacam Magia e capitalismo, A sociedade do sonho, o que é mito, Jogo dos espelhos e o O que é etnocentrismo. Em artigos, pesquisas e livros, procura aplicar a antropogia aos estudos da comunicação, do consumo, do marketing, das culturas organizacionais e às questões da cultura brasileira.

Resumo e citações do texto:

PENSANDO EM PARTIR

A primeira parte da obra se inicia com definições do autor sobre é o etnocentrismo e suas colocações. Segundo ele, etnocentrismo é a visão do

mundo tomada a partir de nós e nosso próprio grupo, dos nossos valores e nossas definições de existência sobre os outros sendo a dificuldade de lidar com as diferenças. Como cita o autor, como uma espécie de plano de fundo da questão temos a experiência de um choque cultural, é o encontro de um grupo, onde todos comem igual, vestem igual, tem as mesmas crenças, moram de um mesmo modo, e vivem a vida de um modo semelhante com um outro grupo que as vezes nem sequer faz as mesmas coisas, ou quando as faz é de forma tão diferente que nem se reconhecem, porém sobrevivem à sua maneira e estão no mundo, ainda que diferente, existem. Este choque, segundo o autor, é o que gera o etnocentrismo, que é a constatação das diferenças. Uma sociedade se julga melhor que a outra, a partir do seu ponto de vista de mundo, e começa a questionar a forma do outro viver, considerando a sua forma como a correta, a superior e a do outro, “absurda, anormal ou inteligível”, selvagem e atrasada.

O autor cita a estória de um pastor que recebeu a missão de ir pregar juntos aos selvagens no Xingu, Brasil, e se preparou durante dias para esse trabalho. Comprou para os selvagens muitas coisas como espelhos, contas, e para ele somente um relógio digital, porém moderno e cheio de funções. Chegando na tribo o pastor distribuiu os presentes e suas doutrinas. Depois de alguns meses lá, convivendo com eles, um dos índios, que sempre o acompanhava, se interessou por seu relógio e após insistentes pedidos, o pastor acabou cedendo e deu seu relógio. Dias depois, o índio chama o pastor para ver o trabalho que realizara a partir de seu presente. Em um galho de uma árvore bem alta, estava lá, o relógio do pastor ornamentado, como um enfeite. Passado algum tempo, o pastor voltou para sua casa. Em um certo momento olha para as paredes de seu escritório e nela há arcos, flechas, cocares formando a decoração, nesse mesmo momento ele se lembra do índio e dá um grande sorriso pelo que o índio tinha feito com o seu relógio. É perceptível, neste caso, que ambos os personagens fizeram a mesma coisa a partir dos objetos do outro, mudando o significado do objeto a partir de suas culturas.

Pode-se compreender essa estória, como um exemplo “cordial” de etnocentrismo, já que ambos tiveram atitudes sem maiores consequências a partir das diferenças, porém na maioria dos casos, o etnocentrismo implica em situações bastante violentas. E quando falamos na nossa sociedade do “outro” e sua cultura, são apenas representações manipuladas como bem entendemos, negando uma mínima autonomia para que falem de si mesmo.

O autor conta que já realizou estudo sobre a imagem do índio brasileiro que está nos livros didáticos de História do Brasil e que segundo ele, alguns autores colocam que os índios eram incapazes de trabalhar nos engenhos porque eram preguiçosos, mas questiona tal colocação pois, como avaliar alguém como preguiçoso e indolente porque se recusou a trabalhar como

escravo, antes, no mínimo deveríamos considerar tal recusa como sinal de saúde mental. Para os livros, os índios brasileiros são apenas uma forma sem sentido de dar sentido ao mundo dos brancos.

Nossas atitudes, segundo o autor, diante dos relacionamentos sociais, são cheias de etnocentrismo, baseando a verdade sobre o mundo a partir de nós e nossa forma de viver e ver o mundo. Por isso, mostra que uma das principais ideias que se contrapõem ao etnocentrismo, é o relativismo. “Quando vemos que as verdades da vida são menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição: estamos relativizando. Quando o significado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta mas no contexto em que acontece: estamos relativizando. Quando compreendemos o “outro” nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando (p.20)” Segundo ele, a Antropologia Social nasceu marcada pelo etnocentrismo.

PRIMEIROS MOVIMENTOS

No segundo capítulo, o autor conta que em Portugal, no final do século XV e início do século XVI, para as navegações e os financiamentos avançarem, o mundo se via obrigado a pensar diferente entre o “eu” e o “outro”. Aqui se inicia a busca dos modelos explicativos da diferença. As relações humanas seriam cheias de violência e espantos a ponto de negar à outra, a própria natureza humana. Dos encontros entre a sociedade do “eu” e a sociedade do “outro”, o século XVI se constituiu em uma das principais arenas. Ninguém entendia nada, mas ali dava-se início a algo que seria uma constante: as formas pelas quais as diferenças foram pensadas. A Antropologia Social ou Cultural é um esforço na compreensão da diferença, sem ter que uma das sociedades comparadas ser a “dona da verdade”. O primeiro pensamento ocorrido na Antropologia para explicar as diferenças e que é um marco fundamental para o pensamento antropológico é conhecido como Evolucionismo. Apareceu com uma ideia básica para uma grande fase da teoria antropológica e tem destaque para os trabalhos que procuravam tornar a Antropologia uma ciência. A diferença que gerava espanto nos séculos XV e XVI, nos séculos XVIII e XIX encontra uma nova explicação que diz que a diferença do outro é causada pelos diferentes graus

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