TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Fichamento Sobre a Erosão do Serviço Social Tradicional do Brasil e da America Latina

Por:   •  21/3/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.036 Palavras (5 Páginas)  •  795 Visualizações

Página 1 de 5

 A erosão do Serviço Social “tradicional” na America Latina

  1. A crise do Serviço Social “tradicional”, no entanto, esteve longe de configurar-se como um processo restrito às nossas fronteiras. [...] vindo à tona nos anos sessenta, ela é um fenômeno internacional, verificável, ainda que sob formas diversas, em praticamente todos os países onde a profissão encontrara um nível significativo de inserção na estrutura sócio-ocupacional e articulara algum lastro de legitimação ideal. (pág. 142)
  2. [...] os anos sessenta foram marcados por alguns terremotos econômicos-sociais, políticos e ideoculturais que vincaram indelevelmente. (pág. 142)
  3. Cabe, entretanto, assinalar alguns núcleos problemáticos que, especificamente em relação ao Serviço Social, podem responder pelos traços gerais da erosão da legitimação das suas formas até então consagradas, e em escala mundial; não se trata mais de que um mapeamento, cujo objetivo limita-se a acentuar o que indiscutivelmente incidiu sobre a profissão. (pág. 142)
  4. O pano de fundo de tais núcleos é dado pelo exaurimento de um padrão de desenvolvimento capitalista. (pág. 142)
  5. O tencionamento das estruturas sociais do mundo capitalista, quer nas suas áreas centrais, quer nas periféricas, ganhou uma nova dinâmica; num contexto de desanuviamento das relações internacionais (superados já os tempos da Guerra Fria), gestou-se um quadro favorável para a mobilização das classes sociais subalternas em defesa dos seus interesses imediatos. (pág. 143)
  6. Registram-se então amplos movimentos para direcionar as cargas da desaceleração do crescimento econômico, mediante as lutas de segmentos trabalhadores e as táticas de reordenação dos recursos das políticas sociais dos Estados burgueses. (pág. 143)
  7.  Nas suas expressões menos consequentes, estes movimentos põem em questão a racionalidade do Estado burguês e suas instituições; nas suas expressões mais radicais, negam a ordem burguesa e o seu estilo de vida. Em qualquer dos casos, relocam em pauta as ambivalências da cidadania fundada na propriedade e redimensionam a atividade política, multiplicando os seus sujeitos e as suas arenas. (pág. 143)
  8. [...] este é o cenário mais adequado para promover a contestação de práticas profissionais como as do Serviço Social “tradicional”: seu pressuposto visceral a ordem burguesa como limite da história, é questionado; seus media privilegiados, as instituições e organizações governamentais e o elenco de políticas do Welfare State, vêem-se em xeque; seu universo ideal, centralizado nos valores pacatos e bucólicos da integração na “sociedade aberta”, é infirmado; sua aparente assepsia política, formalizada “tecnicamente”, é recusada. (pág. 143)
  9. Esta contestação [...], do exterior da profissão; indiretamente, parte da movimentação social que caracteriza o período; diretamente, arranca dos segmentos sociais que padecem a intervenção imediata dos assistentes sociais. (pág. 144)
  10. Sua conversão em efervescência profissional interna deve-se à convergência de três vetores que afetam a reprodução da categoria profissional como tal. (pág. 144)
  1. – Em primeiro lugar, a revisão que se processa na fronteira das ciências sociais. : (pág. 144)
  2.  O segundo vetor que intercorria no processo era o deslocamento sociopolítico de outras instituições cujas vinculações com o Serviço Social são notórias: as Igrejas – a católica, em especial, e algumas confissões protestantes. (pág. 144)
  3.  Finalmente, last but not least, o movimento estudantil: condensadamente, ele reproduz, no molde particular  da contestação global característica da sua intervenção, todas as alterações que indicamos e as insere perturbadoramente no próprio locus privilegiado da reprodução da categoria profissional: as agências de formação, as escolas. (pág. 145)
  1. É por esses condutos e sujeitos principais que a problemática própria da contestação social dos anos sessenta se internaliza no Serviço Social, metamorfoseando-se em problemática profissional. (pág. 145)
  2. É indiscutível que, apreciada a profissão em escala mundial, ela experimentou então uma profunda inflexão, cujo conteúdo basilar se constituiu justamente na erosão da legitimidade do Serviço Social “tradicional”. (pág. 145)
  3. A reconceptualização é, sem qualquer dúvida, parte integrante do processo internacional de erosão do Serviço Social “tradicional” e, portanto, nesta medida, partilha de suas causalidades e características. Como tal, ela não pode ser pensada sem a referência ao quadro global (econômico social, político, cultural e estritamente profissional) em que aquele se desenvolve. (pág. 146)
  4. [...] a reconceptualização está intimamente vinculada ao circuito sociopolítico latino-americano da década de sessenta: a questão que originalmente a comanda é a funcionalidade profissional na superação do subdesenvolvimento. (pág. 146)
  5. [...] permite uma espécie de grande união profissional que abre a via uma renovação do Serviço Social, Ela é o pronto de partida para o processo que se esboça em 1965 e que, genericamente, tem como objetivo expresso adequar a profissão às demandas de mudanças sociais registradas ou desejadas no marco continental. (pág. 146-147)
  6. Num prazo muito curto, porém, aquela grande união objetivamente se esfarinha. Concorrem para isso duas ordens de causas: (pág. 147)
  1. - A primeira foi o leito real seguido no equacionamento das mudanças sociais nas áreas mais significativas do continente: a perspectiva da “modernização” por vias ditatoriais ou do seu puro congelamento repressivo acabou por impor-se, derrotando as alternativas democráticas que apostavam nas vias reformistas. : (pág. 147)
  2. – A segunda radicava na própria composição daquela grande união: se colocavam em xeque o Serviço Social “tradicional”, seus constituintes faziam-no a partir de posições distintas e com projeções também diferentes. : (pág. 147)
  1. A evolução do movimento de reconceptualização, que como tal se exaure por volta de 1975, vai explicitar esta heterogeneidade. Importa-nos aqui, tão somente, destacar dois de seus traços pertinentes. : (pág. 149)
  1. O primeiro deles refere-se à relação com a tradição marxista. [...] e o fato é que, depois da reconceptualização, o pensamento de raiz marxiana deixou de ser estranho ao universo profissional dos assistentes sociais. : (pág. 148)
  2. O segundo elemento importante introduziu no curso do processo de que estamos cuidando foi uma nova relação dos profissionais no marco continental.  (pág. 150)
  1. Destacamos apenas esses dois elementos no bojo da reconceptualização porque o seu desenvolvimento marca com nitidez o envolver do movimento. Quanto mais eles se aprofundam, no curso das modificações sócio-políticas que se produzem na transição dos anos sessenta aos setenta, mais se explicitam os cortes e as colisões no seu interior, distinguindo com fronteiras muitos visíveis os segmentos profissionais modernizantes daqueles que apostavam uma ruptura com as práticas e as representações do Serviço Social “tradicional”. (pág. 150-151)

...

Baixar como (para membros premium)  txt (7.2 Kb)   pdf (80.5 Kb)   docx (14 Kb)  
Continuar por mais 4 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com