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Formaçao Do Naoh

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Por:   •  25/5/2014  •  507 Palavras (3 Páginas)  •  327 Visualizações

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Minha opinião acerca da religião é a mesma que a de Lucrécio. Considero-a como uma doença nascida do medo e como uma fonte de indizível sofrimento para a raça humana. Não posso, porém, negar que ela trouxe certas contribuições à civilização. Ajudou, nos primeiros tempos, a fixar o calendário, e levou os sacerdotes egípcios a registrar os eclipses com tal cuidado que, com o tempo, foram capazes de predizê-los. Estou pronto a reconhecer esses dois serviços, mas não tenho conhecimento de quaisquer outros.

A palavra “religião” é hoje usada num sentido muito livre. Certas pessoas, sob a influência de um protestantismo extremo, empregam essa palavra para denotar todas as convicções pessoais sérias relativas à moral ou à natureza do universo. Esse emprego da palavra é inteiramente anti- histórico. A religião é, antes de mais nada, um fenômeno social. É possível que as Igrejas devam sua origem a mestres dotados de fortes convicções individuais, mas tais mestres raramente tiveram muita influência sobre as Igrejas que fundaram, enquanto que as Igrejas tiveram enorme influência sobre as comunidades em que floresceram. Para tomarmos um caso de sumo interesse para os membros da civilização ocidental: os ensinamentos de Cristo, tais como aparecem nos Evangelhos, tiveram, extraordinariamente, pouco que ver com a ética dos cristãos. A coisa mais importante sobre o Cristianismo, do ponto de vista social e histórico, não é Cristo, mas a Igreja, e, se quisermos considerar o Cristianismo como uma força social, não é nos Evangelhos que devemos procurar o nosso material; Cristo ensinou que deveríamos dar os nossos bens aos pobres, que não deveríamos lutar, que não deveríamos ir à igreja e que não deveríamos punir o adultério. Nem os católicos, nem os protestantes, demonstraram qualquer desejo forte de seguir os Seus ensinamentos a qualquer desses respeitos. Certos franciscanos, é verdade, tentaram ensinar a doutrina da pobreza franciscana, mas o Papa os condenou, e suas doutrinas foram declaradas heréticas. Ou, então, consideremos um texto como o de “Não julgueis para que não sejais julgados”, e perguntemos a nós próprios que influência tal texto teve sobre a Inquisição e a Ku-Klux-Klan.

O que é verdade com respeito ao Cristianismo, também o é com respeito ao Budismo. Buda era amável e esclarecido: em seu leito de morte, riu de seus discípulos, que o consideravam imortal. Mas o sacerdócio budista – tal como existe, por exemplo, no Tibet – sempre foi obscurantista, tirânico e cruel no mais alto grau.

Nada há de acidental quanto a essa diferença entre uma Igreja e o seu fundador. Logo que se supõe que a palavra de certos homens contém a verdade absoluta, surge um corpo de especialistas para interpretar seus ensinamentos, e tais especialistas adquirem, infalivelmente, poder, já que possuem a chave da verdade. Como qualquer outra casta privilegiada, usam de seu poder em seu próprio benefício. São, porém, em certo sentido, piores do que qualquer outra casta privilegiada, pois que sua função consiste em expor uma verdade imutável, revelada uma vez por todas em sua suprema perfeição, de modo que se tomam, necessariamente, adversários de todo progresso

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