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Por:   •  5/11/2014  •  Tese  •  1.798 Palavras (8 Páginas)  •  390 Visualizações

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A cultura é, antes de tudo, o elemento principal que separa os seres humanos de outros seres vivos. Ela é transmitida pela memória e por outros equipamentos de registro, por meio do aprendizado que ocorre de geração em geração.

Essa separação homem-animal se deu lentamente por meio do processo evolutivo. Alguns autores acreditam que um elemento fundamental para essa diferenciação tenha sido a postura ereta (bipedismo). O ato de ficar em pé possibilitou que nossa visão frontal fosse aprimorada, auxiliando na busca por alimento. Além disso, libertou as mãos dos nossos antepassados, que puderam utilizá-las para outras atividades, como a criação de ferramentas e a melhoria do ambiente em que habitavam.

Outras mudanças importantes decorreram da formação de bandos de companheiros, em sua maioria constituídos por parentes. Isso fez com que, aos poucos, os grupos fossem se organizando por meio de regras sociais de parentesco, o que os afastava cada vez mais dos animais e possibilitava que houvesse um ganho no aspecto de manutenção e produção do grupo. Quando então nossos antepassados inventaram a atividade da agricultura, puderam se fixar num determinado local, o que iria trazer também novas formas de organização de suas sociedades, que se tornariam cada vez mais complexas e organizadas.

Figura 1.1 Representação do homem primitivo e suas principais atividades.

Fonte: Midnight (2012).

O que é importante frisar é que essas transformações ocorridas com nossos ancestrais foram impulsionadas pelos desafios impostos pelo meio ambiente, que o homem tinha que enfrentar. A cada mudança climática, dificuldade para conseguir comida, necessidade de proteção e luta pela sobrevivência, os hominídeos iam criando tecnologias que os favoreciam, suprindo melhor suas necessidades. Esse processo descreve, portanto, a passagem do chamado “estado de natureza” para o “estado da cultura”.

Isso quer dizer que a cultura não é algo natural, mas é adquirida por meio de processos de aprendizagem. De geração em geração, soluções para os mais diversos tipos de necessidades vão sendo aprimoradas e a cultura, com isso, também se desenvolve. Como nos coloca Cristina Costa (2010, p. 11), a cultura, “além de artificial, é arbitrária, ou seja, flexível e variável, ao mesmo tempo que histórica – determinada por pressões e escolhas particulares de cada tempo e espaço determinado”.

Com a passagem ao estado da cultura, o homem dá outro grande salto no momento em que cria a linguagem. Mas o que é linguagem? Vejamos uma boa definição do termo:

A linguagem humana constitui-se de um conjunto limitado de signos verbais, sonoros, gesturais, musicais ou corporais articulados por um conjunto limitado de regras de combinação desses signos, possibilitando a comunicação entre pessoas, a transmissão de conhecimentos e da cultura. (COSTA, 2010, p. 13)

É por meio da linguagem que os grupos podem se organizar melhor. Isso sem dúvida auxiliou no processo evolutivo e na sobrevivência dos grupos. Além disso, a capacidade de simbolizar e de criar relações de pensamento mais complexas é muito impulsionada pela linguagem. É por meio dela, ainda, que as informações entre os membros de um bando podem ser trocadas de forma mais rápida, favorecendo assim o processo de aprendizagem dos indivíduos e a criação de artefatos e de outras tecnologias.

Saiba Mais

Vídeo sobre a evolução do homem

Acompanhe a evolução do homem através desse vídeo e observe a passagem do estado de natureza para o estado de cultura, por meio da aparição de vários elementos como instrumentos, armas e diversas práticas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2iV2HlnWVr8. Acesso em: 12 maio 2014.

Agora que entendemos a forma como a cultura surgiu, vamos propor uma definição de cultura a partir do que abordamos até aqui.

Podemos entender cultura como o conjunto de regras e princípios que guiam os seres humanos, fazendo com que eles tenham comportamento semelhante e compatível e sejam capazes de entender as intenções e as expectativas uns dos outros, possibilitando uma série de diferentes formas de relacionamento, que vão da vida familiar ao trabalho e à guerra.

A palavra “cultura”, como a conhecemos hoje, surgiu no século XIX por intermédio da definição proposta pelo autor Edward Tylor. O autor definia cultura como sendo o conjunto composto por conhecimentos, crenças, arte, moral, costumes e direitos, adquirido pelo homem na vida em sociedade. A palavra em si trata-se da junção do termo alemão kultur com o termo francês civilization. O termo alemão refere-se à forma como a identidade nacional de um povo pode ser reconhecida por meio de seus hábitos, práticas, costumes e valores. Já o termo francês faz referência à civilização, ou seja, à ideia de que essa identidade foi conquistada há muito tempo. Assim, o conceito de cultura, quando é então primeiramente utilizado, fica entre uma visão nacionalista e uma universalista.

Tylor era um autor racionalista e evolucionista. Por isso, ele entendia que a cultura é fruto de um processo evolutivo. Assim, todas as culturas teriam uma origem comum, passando de um estado selvagem para a civilização. Porém, esse tipo de interpretação gerou pressupostos para se entender que os diferentes povos que habitavam o mundo no século XIX estavam em estágios evolutivos diferentes. Numa época em que a Europa executava suas políticas expansionistas pelo mundo por meio do imperialismo, essa interpretação gerou consequências negativas à história humana, pois povos na África e na Ásia foram julgados como indivíduos que estavam numa escala evolutiva inferior e, por essa razão, precisariam de “auxílio” dos europeus para atingirem um nível superior na escala evolutiva mais rapidamente.

Outro autor, Franz Boas, que também produziu durante esse período, contribuiu positivamente para esse debate afirmando que as culturas se desenvolvem por meio da diversidade e não através de um elemento único. Assim, se as culturas são entendidas como uma pluralidade, perde-se o sentido de julgá-las sob critérios evolutivos. Cada cultura fica sendo única na sua essência

Já no início do século XX, surge uma escola antropológica chamada funcionalista. Sua teoria entendia a sociedade como sendo composta de partes integradas que, em conjunto, contribuíam para o seu funcionamento total. Esta forma de pensar a sociedade teve origem na biologia, pois, da mesma forma que o corpo humano é composto por um conjunto

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