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Maquiavel

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Por:   •  24/11/2013  •  Seminário  •  2.948 Palavras (12 Páginas)  •  267 Visualizações

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O destino do pensamento de Maquiavel, cinco séculos depois de sua morte, ainda não foi decidido. Lido por muitos, sua obra tem conhecido tantas interpretações divergentes quanto são os filósofos e ensaístas que dele se aproximam para analisá-lo.

De um modo geral, os críticos de Maquiavel até o século XIX se basearam quase exclusivamente no seu livro mais brilhante, O Príncipe, lendo-o em regra de má fé, citando frases fora do texto, não levando em conta o ambiente histórico em que surgiu e deturpando assim seu pensamento pela simplificação ou insuficiente compreensão de suas idéias. Por outro lado, seus defensores se colocaram num extremo oposto igualmente inaceitável, apresentando-o como um cristão convicto, republicano, patriota exaltado e amante da liberdade que teria pregado o absolutismo como mero expediente político ou refletindo apenas as imposições do momento histórico.

Para entendermos de fato as idéias de Maquiavel, é preciso avaliar criticamente toda a sua obra, situando-a no momento histórico em que a Itália - por suas próprias palavras - "... estivesse mais escravizada do que os hebreus, mais oprimida do que os persas, mais desunida que os atenienses, sem chefe, sem ordem, batida, espoliada, lacerada, invadida ..." (O Príncipe - Cap. XXVI), examinando-a em sua inteireza e valorizando, de modo particular, ao lado d’ O Príncipe, a História Florentina, a Arte da Guerra e os Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio, livros que se completam, sendo que os últimos apresentam, com relação aos primeiros, pontos de aproximação e de contraste, sendo indispensáveis para nos dar uma visão íntegra do pensamento de Maquiavel, no qual a justificação do absolutismo coexiste com um manifesto entusiasmo pela república.

O pensamento político

O conjunto de idéias de Maquiavel constituiu um marco que dividiu a história das teorias políticas. Em Platão (428 - 348 a.C.), Aristóteles (384 - 322 a.C.), Tomás de Aquino (1225 - 1274) ou Dante (1265 - 1321), o estudo da teoria do estado e da sociedade vinculava-se à moral e constituía-se como ideais de organização política e social. O mesmo podemos dizer de Erasmo de Rotterdam (1465 - 1536) no Manual do Príncipe Cristão, ou Thomas More (1478 - 1535) na Utopia, que constróem modelos ideais de bom governante de uma sociedade justa baseados num humanismo abstrato.

Maquiavel não é idealista. É realista. Propõe estudar a sociedade pela análise da verdade efetiva dos fatos humanos, sem perder-se em vãs especulações. O objeto de suas reflexões é a realidade política, pensada em termos de prática humana concreta. Seu maior interesse é o fenômeno do poder formalizado na instituição do Estado, procurando compreender como as organizações políticas se fundam, se desenvolvem, persistem e decaem. Conclui, através do estudo dos antigos e da intimidade com os poderosos da época, que os homens são todos egoísta e ambiciosos, só recuando da prática do mal quando coagidos pela força da lei. Os desejos e as paixões seriam os mesmos em todas as cidades e em todos os povos. Quem observa os fatos do passado pode prever o futuro em qualquer república e usar os métodos aplicados desde a Antigüidade ou, na ausência deles, imaginar novos, de acordo com a semelhança entre as circunstâncias entre o passado e o presente.

Em sua obra de maior expressão, O Príncipe, Maquiavel discorre 26 capítulos de como deve ser e agir o governante ideal, capaz de garantir a soberania e a unidade de um Estado. Em seu segundo capítulo, deixa claro que trata de governos monárquicos - "Não tratarei das repúblicas, pois em outros lugares falei a respeito delas." (O Príncipe, cap. II) - já que suas idéias sobre as repúblicas são expostas em Discorsi sopra la prima deca di Tito Livio.

Para tanto, parte do estudo da Antigüidade, principalmente da história de Roma, buscando qualidades e atitudes comuns aos grandes estadistas de todos os tempos. Busca também o conhecimento dessas qualidades ideais nos grandes potentados de sua época, como Fernando de Aragão e Luís XIII, e até mesmo o impiedoso César Bórgia, modelo vivo para a criação de seu ideal de " príncipe" .

O motivo pelo qual Maquiavel tem sido em geral considerado exclusivamente um defensor do despotismo está em que O Príncipe foi o livro mais largamente difundido - na verdade muitos de seus críticos não leram senão este livro - ao passo que os Discursos nunca chegaram a ser tão conhecidos. Uma vez bem compreendida a exaltação da monarquia absoluta, pode coexistir com as manifestas simpatias pela forma de governo republicana.

Ambos os livros tratam do mesmo tema; as causas da ascensão e declínio dos Estados e os meios que os estadistas podem - e devem- usar para torná-los permanentes. O príncipe trata de monarquias ou governos absolutos, ao passo que os Discursos concentram-se sobre a expansão da República romana.

Ao escrever os Discursos, Maquiavel pretendia, através da história de Roma (anterior ao império), buscava a grandeza da republica romana, convencido das excelências do governo popular sempre que as condições fossem propícias para um regime republicano. Mostram amor à liberdade republicana antiga e ódio à tirania.

Já O Príncipe foi escrito devido ao desejo de Maquiavel de retornar à vida pública, caindo na graça dos Médicis, que haviam retornado ao poder. Para tanto, tenta demonstrar o seu valor como conselheiro político através do livro, utilizando sua cultura e sua experiência para elaborar um "manual", onde buscava saber qual é a essência dos principados; quantas são as suas formas; como adquiri-los; como mantê-los e porque eram perdidos. Além disso, alimentava a convicção de que uma monarquia absoluta constituía como a única solução possível naquele momento de corrupção e anarquia da vida italiana, para unificar a Itália e libertá-la do domínio estrangeiro.

A fortuna seria o acaso, circunstâncias e acontecimentos que independem da vontade das pessoas, constituindo a metade da vida que não pode ser governada pelo indivíduo e chave para o êxito da ação política. Segundo Maquiavel, ela é poderosa, mas não onipotente; deixa uma oportunidade ao livre arbítrio humano, só exerce seu poder onde não há nenhuma resistência contrária que ela o demonstra, é quando os homens são covardes e fracos que ela demonstra sua força "porque a sorte é mulher e, para dominá-la é preciso bater-lhe e contrariá-la .""(O Príncipe, cap. XXV), sorrindo apenas para os audaciosos que a abordam com brusquidão.

Em Roma, Virtus, a origem da palavra virtude, trazia a marca forte da primeira sílaba Vir, que significava homem. Virtus significa as qualidade do lutador

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