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Processo de trabalho e toyotismo no Brasil.

Por:   •  12/7/2016  •  Resenha  •  4.013 Palavras (17 Páginas)  •  1.009 Visualizações

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Eurenice Oliveira possui graduação em Economia (1981) pela Universidade Federal do Acre - UFAC, mestrado em Sociologia (1996) com o tema de: A construção da obediência: processo de trabalho e toyotismo no Japão orientada por Ricardo Luiz Coltro Antunes e doutorado em Ciências Sociais (2002) pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, com o trabalho publicado como O encantamento da fábrica: toyotismo e os caminhos do envolvimento no Brasil, orientada por Ricardo Luiz Coltro. Atualmente é Professora Associada da Universidade Federal do Acre. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho, precarização e questão social na Amazônia; toyotismo, indústria automobilística e políticas públicas para o trabalho. Lidera o Grupo de Pesquisa Mundos do Trabalho na Amazônia, certificado pelo CNPq/UFAC. Atuou em pesquisas e desenvolvimento no Centro de Filosofia e Ciências Humanas/ CFCH em 2006, nas áreas de trabalho e sociabilidade, trabalho e questão social na Amazônia Ocidental, relações de trabalho na Amazônia Ocidental, Estado, Atores e Políticas de desenvolvimento, ministrou disciplinas como a Sociologia, Ciências Sociais Direção e administração, participou da Coordenação do Curso de Ciências Sociais, no nível de graduação, depois foi a coordenadora do curso de Ciências Sociais, ensino, pós-graduação Latu Sensu em segurança pública no nível de sua especialização, entre outras especialidades. No texto Processo de trabalho e “toyotismo” no Brasil procurou-se demonstrar como o processo de reestruturação produtiva se materializou em 1990 no território brasileiro que através de um movimento de reinserção do país na ordem capitalista internacional, cominou numa resposta única para a crise estrutural que atingia os países periféricos. As  modificações refletiram sobre a reespacialização do processo industrial, a fragilização dos sindicatos, o desemprego em massa e a informalidade que acabaram contribuindo para a prevalência de um trabalhador cooperativo com o projeto concorrencial da empresa, nos marcos da acumulação flexível e dessa forma as modificações foram implementadas no processo de trabalho no interior das unidades produtivas, motivando outras relações industriais, como a terceirização, introduzindo novas tecnologias microeletrônicas e privilegiando a privatização do espaço social das discussões sobre convenções coletivas. Segundo Antunes, esse padrão de acumulação capitalista vinha sendo estruturado sob o binômio taylorista/fordista e ainda modificado constantemente podendo até ser substituído por outras formas de produção flexíveis e desregulamentadas, que são exemplificadas pelo “toyotismo” ou o modelo japonês. Combinando com o pensamento neoliberal e se obteve a fórmula para a reestruturação, visando acrescentar as contribuições históricas, que se desenvolveram em 1980, dos países de capitalismo central como mecanismos para se manter vivo, concorrência e competitividade para aqueles que aceitassem as mudanças. Essa renovação foi viabilizada pelas exigências de modificações na base produtiva que quando incorporou técnicas de produção e práticas de gestão segundo o modelo japonês, combinou o potencial de articulação, controle e comunicação, propiciado pela tecnologia de base microeletrônica. O cenário mundial nestas condições exigia uma nova combinação de fatores capazes de redefinirem o fator da concorrência e o da competitividade, e enquanto no Brasil se percorria o caminho para um enquadramento mundial, procurando a estabilidade e o crescimento econômico através da reestruturação do Estado e da estrutura produtiva, é justamente esse modelo que se efetiva, primeiro sob a forma de gestão, com a introdução de apenas algumas técnicas, esse que teve grande impacto no mundo ocidental quando se mostrou  uma boa opção para se evitar e superar a crise que surgia com o capitalismo. O sistema como um desenho organizacional, com seu avanço tecnológico, sua capacidade de extração intensificada do trabalho, a combinação de um trabalho coletivo, os mecanismos envolvidos, o controle sindical, eram pontos positivos e o Ocidente capitalista o via como uma estratégia possível de superação. Ao estabelecer nexos entre os elementos da reestruturação produtiva como uma guinada do padrão de desenvolvimento industrial brasileiro na direção da incorporação das características desenvolvidas pela experiência japonesa mais conhecida como “toyotismo”. Especificamente no Brasil, esse movimento de reestruturação, antes de ser visto as novas técnicas como o JIT, kanban, kaisen, andon, terceirização, as novas formas de gestão, trabalho em equipe, polivalência, CCQ, a inovação tecnológica nesse mundo problemático do trabalho se conseguia aprofundar-se na exploração excessiva do trabalho, a captura da subjetividade operária e a inserção subordinada do país no concerto das nações enquanto base para a renovação da relação de subordinação capital-trabalho, ideia clara nos textos de Antunes. Com a refiguração da relação capital-trabalho se reformula o padrão de desenvolvimento dos países periféricos, era uma das respostas do capital a toda aquela crise que se desenvolveu nos anos de 1970 com os movimentos de reajustes e reestruturação.  No Brasil a compensação foi a flexibilidade do trabalho que trouxe o desbaratamento daquela rede de garantias e direitos dificilmente conquistados em anos anteriores por movimentos sociais. Com todas essas facilidades voltadas para o capital e não para o trabalhador, esse totalmente alheio aos seus direitos, a empresa passa a representar um espaço fora da lei, da tradição, do costume, da nacionalidade, ela não precisa de nenhum discurso para desenvolver uma aparência civilizatória, nem de regras para ordenar e organizar os operários, se o possui é apenas para que o trabalhador se esmere ainda mais em agradecimentos referente a benevolência empresarial ofertada a ele. O consenso, que é quando o trabalhador abre mão de seus direitos para ter o emprego, não é uma demanda dos indivíduos envolvidos e não está presente nos locais para trabalho naturalmente, mas é construído como opção política, uma estratégia de amenizar os descontentamentos e vencer as resistências, como se fosse uma coerção oculta do trabalho que seria capaz de formular uma aparência de igualdade em torno da qual se constrói uma ideia de democracia que possivelmente não se realizará. Esse processo de reestruturação é bastante nefário, pois quando propõe a polivalência e vem a transformar o trabalhador em um especialista do nada em incompetente do tudo, onde o trabalhador não possui mais o poder de conhecimento em cima daquilo que produz, é algo totalmente desconhecido e distante de sua

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