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Reciclagem Industrial

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Por:   •  20/9/2013  •  2.314 Palavras (10 Páginas)  •  264 Visualizações

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Reciclagem no Pólo Industrial de Camaçari

Isaac Jorge

Um desafio move as empresas que já despertaram para a importância de manter uma agenda de sustentabilidade entre seus procedimentos: produzir com mais eficiência e reduzir o impacto ambiental. A experiência tem mostrado que isso não só é possível, mas necessário. No Pólo Industrial de Camaçari há vários processos em andamento coordenados pelo engenheiro químico Armando Tanimoto, professor e pesquisador do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA) e da Rede Tecnologias Limpas e Minimização de Resíduos do Estado da Bahia (Teclim) da Universidade Federal da Bahia. Atualmente ele desenvolve uma tese de doutorado para a Universidade de Brasília (UnB) que tem como objeto a produção de riquezas com demanda decrescente de recursos naturais. É a “desmaterialização da economia”, explica, que terá aplicações práticas no tratamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos.

Pingue-pongue - Armando Tanimoto

“O que estamos propondo é uma gestão inovadora na área de resíduos aplicando o conceito de Simbiose Industrial, que é o reaproveitamento de subprodutos em outro processo produtivo, de forma sinérgica e organizada”, disse o engenheiro químico Armando Tanimoto em entrevista ao Caderno Econegócios. Em outras palavras, dar um basta ao desperdício e ao descarte puro e simples dos resíduos industriais. O que antes era desprezado, agora passa a gerar empregos e renda.

Como é o trabalho que você desenvolve no Pólo de Camaçari? Quando começou?

O objetivo é traçar planos conjuntos que proporcionem o reaproveitamento dos resíduos. Iniciamos em janeiro deste ano, após um período de discussão no âmbito do Cofic (Comitê de Fomento Industrial de Camaçari).

Você trabalha com várias empresas. Há um padrão único ou cada caso é particular?

A proposta foi conduzida pelo Grupo de Trabalho em Resíduos Sólidos (GTRS) do Cofic e consolidada entre as empresas que têm representantes nesse grupo. Faz parte de um condicionante de licença de operação das empresas do Pólo realizar um diagnóstico e propor ações futuras nessa área. O que estamos propondo é uma gestão inovadora na área de resíduos aplicando o conceito de Simbiose Industrial, que é o reaproveitamento de subprodutos em outro processo produtivo, de forma sinérgica e organizada. Através do compartilhamento de informações, pesquisas conjuntas com a universidade e centros tecnológicos, parcerias com órgãos governamentais e incentivando projetos cooperativos, identificar-se-iam arranjos produtivos locais que se beneficiariam dessa simbiose. O resultado seria tanto no aspecto econômico, ambiental como social, através da geração de empregos e renda.

Quais foram até agora as principais conquistas ambientais e sociais? Quais serão os próximos passos?

Em termos ambientais já identificamos vários tipos de resíduos que são gerados por diversas empresas, e que tem destinação diferenciada, podendo com a troca de informação adotar o modelo mais econômico e ambientalmente desejável. O próximo passo será aglutinar esses tipos de resíduos identificando suas características e chamando os potenciais reaproveitadores para criar uma parceria onde todos, e não somente algumas empresas, teriam os mesmos tipos de reaproveitamento. Isso gera uma confiança de que os resíduos terão uma destinação confiável e ambientalmente segura.

Atualmente, você prepara sua tese de doutorado para a Universidade de Brasília (UnB). Quais as aplicações práticas desse trabalho?

Faço doutorado no Centro de Desenvolvimento Sustentável, da Universidade de Brasília e a minha tese versa sobre a desmaterialização da economia, ou seja, a produção de cada vez mais riqueza com uma menor demanda nos recursos naturais. Com a globalização da economia passa a ser cada vez mais importante termos esse conhecimento, uma vez que as fronteiras físicas simplesmente desaparecem e não se sabe onde o impacto daquele produto está acontecendo. As aplicações práticas são inúmeras, não só para os resíduos sólidos. Pode ser aplicado para os efluentes líquidos.

Recentemente chegou à Câmara dos Deputados, após 16 anos de discussão, o Projeto de Lei que busca estabelecer uma Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos. O que você acha do teor do PL?

É um verdadeiro Franskstein. Originalmente era para dispor sobre o acondicionamento, a coleta, o tratamento, o transporte e a destinação dos resíduos de serviço de saúde. Várias proposições foram apresentadas. Para agradar a gregos e troianos acaba-se fazendo uma coisa tão ampla que as vezes perde o sentido original.

As empresas do Pólo encontrarão dificuldades para se adaptar à nova lei?

Não creio. Muito pouco vai impactar nos procedimentos de hoje. O que teria impacto seria para a sociedade no que se refere a lâmpadas frias, baterias domésticas e embalagens. Alguém vai ter que pagar para se dispor de forma adequada esses resíduos, o que em outros países recaiu sobre o consumidor final.

Você acha que o Brasil está preparado para aliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade?

A questão não é "se o Brasil está preparado". Vai ter que se preparar e quem se preparar antes será um diferencial num mercado globalizado. Em alguns setores, como o da bionergia, poderemos nos sobressair. Já no setor madeireiro ainda estamos engatinhando.

Qual a sua opinião sobre a política do governo federal nessa área?

Entramos numa área nebulosa. Especificamente para os resíduos sólidos industriais, há a resolução 313/2002 do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) que determinava aos órgãos ambientais estaduais realizar um inventário de resíduos sólidos industriais. O prazo expirou em novembro de 2004. Esse levantamento serviria de base para se elaborar o Plano Estadual de Resíduos Sólidos Industriais, priorizando as ações mais urgentes em termos de gestão nesse tipo de resíduo. Com isso, o Ibama elaboraria o Plano Nacional de Resíduos Sólidos Industriais. Esse segundo prazo venceu em novembro de 2005. Infelizmente, somente um terço dos estados realizou seus inventários. A Bahia ficou de fora.

Destaque

“A expressão sustentabilidade ambiental é por definição

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