TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A Memória Estudantil E A Imagem Digital

Pesquisas Acadêmicas: A Memória Estudantil E A Imagem Digital. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  20/8/2013  •  3.700 Palavras (15 Páginas)  •  571 Visualizações

Página 1 de 15

Elaine Karla de Almeida

A memória estudantil e a imagem digital

Resumo: O homem, desde seus primórdios, desejou expressar através de imagens o que os olhos percebem, porém, retratar o que podemos chamar de “reprodução perfeita da visão humana”, é um sonho recente e localizado, uma visão ocidental, urbana e burguesa, que começou a ser formada na mente dos homens da Renascença (séc. XIV). Atualmente além da “reprodução perfeita da visão humana”, obtida através das imagens digitais, que muitos insistem em chamar de fotografia, nos deparamos com a urgência desesperada da contemporaneidade em produzir imagens efêmeras e descartáveis. Almejamos resgatar, compreender e valorar aos alunos a importância das imagens na construção de sua história, sua identidade, suas memórias.

Palavras-chaves: fotografia; memória; identidade.

O homem, desde os primórdios de sua existência, desejou expressar em imagens aquilo que os olhos percebem, porém, o desejo de representar a realidade visível de uma maneira específica - a representação perfeita da visão humana - é um sonho localizado e recente, uma visão ocidental urbana e burguesa. O sonho da ciência e da arte capturar a realidade assim como a vemos; esse processo começou a se formar na mente dos homens da Renascença, século XIV (Baxandall,1991. p. 53). O nascimento da fotografia só foi possível devido a conhecimentos esparsos, oriundos de várias áreas do saber e adquiridos em diferentes épocas. Mas foi na parte mais urbana e industrializada da Europa do século XIX que esses conhecimentos se agruparam em torno de um meio mecânico de registrar a imagem.

A fotografia surgiu no século XIX como um meio, como um suporte, como uma forma de arte capaz de abrir oportunidades insuspeitadas para os homens e suas formas de sentir o mundo. De trazer esse mundo e as pessoas que o povoam de volta, pois se ela exprime uma aparência do real, simula o que sabemos ausente (Neiva, 1986. p. 73). As primeiras câmaras e os seus processos eram pesados, complexos, extremamente trabalhosos. No entanto, a revolução industrial impulsionou poderosamente as várias técnicas oriundas do campo da química. A necessidade de atender a um consumo cada vez mais amplo impulsionou os cientistas, os homens práticos e finalmente em 1888 “the kodak camara mades its appearance”, escreveu Scharf (Ascharf,1983. p. 234), demonstrando a importância em termos de consumo a chegada deste recurso tão mais popularizado e fácil de manobrar.

Sendo assim, o domínio crescente das leis da natureza, foi progressivamente se identificando com os desejos dos artistas, apoiados pelos homens das ciências. Inicialmente dizia-se que o papel do homem como intérprete havia se extinto, e que a partir daquele momento seria apenas um intermediário que acionava um botão, e alguns mais pessimistas previam o fim da pintura. Hoje podemos observar que a fotografia serviu, em parte, para libertar as artes, principalmente a pintura, do figurativismo.

Boris Kossoy comenta a atuação do fotógrafo como filtro cultural, cujo registro demonstra a própria atitude do fotógrafo diante da realidade: "Toda fotografia é um testemunho de uma criação. Por outro lado, ela representará sempre a criação de um testemunho" (1989; p.33). Consideramos que o registro fotográfico demonstra a atitude do fotógrafo diante da realidade, seu estado de espírito e sua ideologia transparecem em suas imagens, portanto, qualquer que seja o assunto registrado, este também documentará a visão pessoal, ou seja, o olhar, do autor.

Ainda de acordo com Kossoy, cremos ser possível fazer várias fotografias, de um imenso tema, sem repetições, pois o momento do disparo é único, é um registro do tempo, de novas experiências, que modificam nossa forma de olhar. Assim, podemos concluir que o ato fotográfico é feito de escolhas. Mendes assinala que na década de 1980 há um grande incremento no Brasil da busca da face do brasileiro, da sua identidade em fotografia.

Bezerra Menezes, em ensaio sobre a fotografia como documento, mostrou um dos pontos específicos de atuação e aberta da fotografia autoral onde a conceituação e a localização do “documento histórico”, trazem ao nosso debate uma questão importante (Menezes, Tempo 132). A fotografia, no atual campo do debate artístico deve ser cada vez mais interrogada como o fez Borzello, ou seja, não interessa dizer o que expressa a foto, mas o que ela provoca no espectador. Ao discorrer sobre a iniciação da imagem debatendo o fotógrafo Robert Capa, fala que o “retrato pode ser a soma de várias historicidades que caracterizam as transformações de um indivíduo” e creio que a fotografia contemporânea aponta para esta direção, o de ressoar e reescrever in historicidade (Menezes, 137). O retrato, por este prisma, investiga a trama oculta de sentidos do rosto, da fisionomia do retratado.

Ao pesquisar os trabalhos de Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado, nos detemos na análise dos diversos olhares, na maneira como cada um deles se relaciona com a fotografia. Há muito se ouve falar de fotojornalismo, e seu precursor foi Cartier-Bresson, caminho este que também é seguido por Salgado. Ao analisar as fotos de ambos, podemos ver muito mais que um simples retrato, uma escrita em imagem que vai além da representação da realidade dos retratados; as fotografias são como poesias visuais; é impossível não se emocionar com elas. Podemos ver além dos retratos, e vivenciar a escrita de suas histórias pessoais.

Segundo Bresson: "A fotografia é o reconhecimento simultâneo, numa fração de segundo, da relevância de um acontecimento e ao mesmo tempo da organização precisa das formas que dão a esse acontecimento a sua expressão máxima". Suas fotos são sempre em branco e preto, pois acredita que a cor tira o olhar, confunde, provoca outros interesses que não a essência. Salgado é comparado a Bresson, trabalhou na agência que este ajudou a fundar, a Magnum. Para Salgado, não é o fotógrafo quem faz a fotografia, ela depende diretamente da relação entre fotógrafo e fotografado, obtendo uns resultados elegantes, dramáticos e eficazes. Suas fotografias têm uma força intuitiva muito grande, consegue emocionar o mais desatento expectador.

Roland Barthes, tem como pressuposto conceitual a definição de que a fotografia é uma mensagem sem código “a mensagem fotográfica é uma mensagem contínua.”, mostrando que sem a intervenção do homem, a fotografia se limitaria a registros documentais; sendo acrescido por Boris Kossoy ao comentar

...

Baixar como (para membros premium)  txt (24 Kb)  
Continuar por mais 14 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com